‘Todos têm algo a ensinar’: vídeos na web ajudam a compartilhar conhecimento

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
30/09/2016 às 19:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:03
 (Reprodução / Youtube)

(Reprodução / Youtube)

Do nó de gravata a aulas de matemática, o universo dos vídeos na internet tem sempre uma dica nova ou até mesmo tutoriais completos. “Não há nada que não se possa aprender no YouTube”, afirma o consultor de tecnologia e mídias sociais Danilo Oliveira. 

Há espaço para tudo na plataforma. “Há alguns anos as pessoas se apropriaram da ideia de produzir seu próprio conteúdo. Isso iniciou com os blogs e ganhou força com os vídeos. E há uma audiência. Hoje ao invés de perguntar algo para os pais ou professores, os jovens vão tirar dúvidas na internet. E o YouTube tem o apelo visual. É a ideia do ‘faça você mesmo’”, elucida Danilo.

Quem entendeu bem essa lógica foi o publicitário Wesley Sarto. Amante da culinária, ele começou a fazer vídeos onde ensina receitas por pura diversão. Em apenas um ano teve 500 mil visualizações. Atualmente o canal “Receitas que Amo” se tornou seu principal trabalho. “Recebo retorno de pessoas que não sabiam nada de cozinha e aprenderam a fazer algum prato comigo. Ou mesmo pessoas que estão fazendo as receitas para vender. Isso faz a diferença no meu dia. É muito legal. Todo mundo sempre tem algo para ensinar”, afirma.

A relações públicas Priscila Paes também soube aproveitar os recursos da ferramenta. Ela passou de espectadora de tutoriais de maquiagem para a dona de seu próprio canal, o “Passando Blush”. “Sempre procurei informações sobre o assunto na internet para fugir do salão de beleza e gastar menos. Mas via poucos vídeos sobre o assunto. Então decidi fazer o canal”, comenta a moça, que entrou na plataforma há nove anos e contabiliza cerca de 25 milhões de views em seus vídeos.

X-Tudo
A estudante de moda Bárbara Lima, de 25 anos, recorre ao YouTube para qualquer coisa. “Já abri garrafa de vinho sem saca-rolhas. Aprendi alguns truques de informática e sigo canais para aprender idiomas. É mais fácil do que ficar perguntando para as pessoas”, garante a moça, que é seguidora do canal “Manual do Mundo” onde aprendeu a fazer origami. Criado pelo casal Iberê Thenório e Mariana Fulfaro, há oito anos, o canal tem um tom de humor e traz desde vídeos ensinando a ‘comer de palitinho’ até construir um motor movido à vela. 

Também há profissionais que levam seu trabalho para a plataforma virtual. Caso do guitarrista Marcelo Barbosa, da banda Angra, que criou o projeto “Guitarosofia” dentro de seu canal no YouTube. “A ideia é compartilhar um pouco do meu conhecimento com as pessoas que gostariam de fazer aulas comigo mas não têm condições”, afirma o músico.

Para ele, os vídeos não substituem o papel do professor e as aulas presenciais, mas ajudam muito. “Aprendi muita coisa com tutoriais, como editar vídeos. Mas tem a desvantagem de não ser interativo”.

 Canais nascem no improviso e viram fonte de renda

 Reprodução / Youtube Biologia Total – O professor Paulo Jubilut criou o canal após perder o emprego


Após ser demitido do emprego em uma escola particular, há quatro anos, o professor de Biologia Paulo Jubilut decidiu gravar algumas aulas e colocar na internet. Resultado? Atualmente o seu canal “Biologia Total” é um dos mais vistos no YouTube, dentro do segmento de educação, com quase 800 mil inscritos. “Ia desistir de dar aulas. Foi quando recebi uma mensagem do YouTube dizendo que meus vídeos tinham um bom alcance e poderia ganhar dinheiro. Hoje me dedico totalmente às aulas na internet”, rememora Jubilut. 

No início, as gravações eram caseiras. Feitas com a webcam de um notebook. Com a popularização dos vídeos, o professor profissionalizou a produção. “Não fiquei só no YouTube. Fui para outras redes sociais também. E criei material exclusivo no meu site para os alunos”, conta. 

Ele comenta que a iniciativa não tem nada de muito extraordinário. “Não tem segredo. São aulas comuns, com toque de humor, claro. O fato é que essas aulas ajudam os estudantes que não têm acesso a um cursinho ou outras formas de aprendizado. Além de complementar o que muitos veem na escola”, explica.

Considerado o “professor estrela” da internet, Jubilut divide esse apelido com outros colegas. Um deles é o professor de Química Ivys Urquiza que possui o canal “Física Total”. Na descrição de seu trabalho na internet ele diz que “foi o cuidado de falar a língua do estudante que o levou a aderir às novas mídias”. Seus vídeos possuem mais de 10 mil visualizações cada.

55% do faturamento com publicidade no Youtube vai para o produtor do conteúdo, segundo a plataforma  

Youtube Edu
Canais voltados para o ensino são tão presentes na plataforma que foi criado um ambiente próprio para esses vídeos, o YouTube Edu. Ele reúne mais de 10 mil aulas em vídeo com conteúdos do ensino médio.

O projeto organiza o conteúdo por matérias e playlists. Entre os assuntos estão as disciplinas básicas como Biologia, Ciências, Espanhol, Física, Geografia, além de provas e simulados – tudo gratuito.

Todo o material já estava disponível na plataforma. O YouTube, em parceria com a Fundação Lemann, avalia a qualidade das aulas e as organiza. De acordo com o Google, o primeiro levantamento encontrou 93 mil vídeos educacionais em português. “Foi montada uma comissão de professores de cada disciplina para avaliar a qualidade dos vídeos e integrar ao YouTube Edu. Entraram os que têm bom planejamento e cuidado com o conteúdo”, afirmou a multinacional de serviços on-line. 

O canal já conta com quase 200 milhões de inscritos e uma média de 7 mil visualizações cada vídeo. “Ter o meu canal integrado ao YouTube Edu alavancou as visualizações dos meus vídeos. Assim chego em mais lugares”, afirma o professor Paulo Jubilut. 

A ideia da plataforma é de expansão. De acordo com a Google, serão incluídas aulas de ensino fundamental e conteúdo do ensino superior, como já ocorre nos Estados Unidos, o único país, além do Brasil, a ter uma plataforma desse tipo dentro do YouTube. “Acredito que essa iniciativa é uma forma de democratizar o acesso ao conhecimento. Os vídeos não substituem a aula presencial, mas são um auxílio importante para muitos alunos”, acredita Jubilut.

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