Tudo que está por trás do sucesso de Amyr Klink

Cinthya Oliviera
cioliveira@hojeemdia.com.br
10/12/2016 às 19:58.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:01

Amyr Klink é autor de cinco livros sobre suas especiais expedições náuticas. Mas o livro “Não Há Tempo a Perder”, que a editora Tordesilhas coloca no mercado, tem uma proposta diferente. Trata-se da reprodução dos depoimentos do velejador para a jornalista Isa Pessoa. O enfoque aqui não é propriamente as ações no mar, relatadas nos famosos livros “Cem Dias entre o Céu e o Mar” e “Paratii entre Dois Pólos”. Aqui estão as reflexões sobre temáticas que circundam o seu trabalho como velejador, empresário e construtor de barcos.  Desde o início, ficam claras as críticas de Klink sobre a morosidade do brasileiro frente às demandas de trabalho e a imensa burocracia que freia a economia do país.  “Muitas pessoas olham apenas para o resultado e não veem as dificuldades que estão por trás”, afirma Klink. “No Brasil tudo é meia boca, todos se contentam com o mais ou menos. Para mim, não funciona assim. Se eu fizer algo mais ou menos, a minha família pode morrer, pois muitas vezes a levo comigo no barco”, diz.  Palestrante bastante requisitado no país, Klink tem um trabalho ligado ao universo náutico que tende a inspirar empresários de outros setores. Um de seus maiores trunfos é a construção de barcos diferenciados, adequando a sofisticada engenharia com soluções simples empregadas em todo litoral brasileiro – Paratii, o barco construído para que ele pudesse ir à Antártida sozinho, é um exemplo.  “Usamos o conhecimento acadêmico e conciliamos com uma engenharia de indivíduos que dependem do mar para a sobrevivência. Muitas vezes, a pessoa é muito pobre, tem poucos dentes na boca, mas tem uma bagagem de conhecimento extraordinária sobre o mar”, afirma o velejador, que já buscou inspiração em simples jangadas do Nordeste e em canos da Amazônia.  LutaOutro assunto abordado no livro é a luta de Klink para mudar a burocracia referente ao uso comercial das águas brasileiras – um monopólio da Marinha. Segundo ele, para uma pessoa fazer um uso remunerado com um barco, é obrigatório por lei a realização de um curso longo na Marinha Mercante. Consequentemente, praticamente todos os barcos brasileiros trafegam de maneira ilegal.  “O Brasil deixa de ganhar bilhões de dólares por não regulamentar o compartilhamento de barcos. Em Florianópolis, por exemplo, não existe um atracadouro. No Rio de Janeiro, você pode chegar em um fim de semana e não conseguir um barco para alugar. Os proprietários desconhecem quanto poderiam ganhar com a mudança”, explica Klink, que é dono de cerca de 300 barcos em Paraty. 

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