Turbante vence preconceitos e deixa de ser adorno exclusivamente feminino em BH

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
19/02/2015 às 07:44.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:04
 (FREDERICO HAIKAL/)

(FREDERICO HAIKAL/)

Eles não passam desapercebidos nas ruas. Mas chamar atenção não é um problema para homens que por estilo, religião ou qualquer outro motivo fazem uso do turbante. O acessório – bastante associado ao universo feminino no Brasil – tem feito a cabeça de alguns belo-horizontinos.

O cientista político e músico Wesley Matheus, de 23 anos, cobre os cabelos com o tecido há dois. “Lembro-me de senhoras que frequentavam a casa de minha avó usando panos na cabeça. Sempre tive essa referência muito forte”.

Vindo de uma família de costureiras, ele acompanhava mãe e avó nas compras das tiras de pano.

“Algumas ficavam espalhadas pelo chão. Um dia, peguei um pedaço com estampa de flor e coloquei na cabeça”, conta.

Wesley recorre ao adereço pelo menos duas vezes por semana. “Devo ter uns 20 diferentes. Se viajo, levo comigo”, afirma o jovem, que usa tricoline para dar forma ao adorno.

Clique a aprenda a fazer um turbante/lenço: </center>

NOVA VISÃO

Volta e meia visto passeando com um turbante por aí, o diretor de arte Matheus Alves, de 27 anos, confessa que até pouco tempo atrás tinha certo preconceito com o acessório.

“Achava legal, mas nunca me sentia à vontade para usar, inclusive por achar que não era para homens”, admite.

Foi num dos desfiles do bloco carnavalesco Pena de Pavão de Krishna, em Belo Horizonte, que ele decidiu incrementar o look. Aprovou tanto o visual que transformou o adereço da folia em item do guarda-roupa no resto do ano.

“Depois disso, percebi outros homens usando. As mulheres admiram o estilo e a coragem”, afirma.

ESTRANHAMENTO

O lado ruim é que, além dos inofensivos olhares curiosos, homens que utilizam o adereço costumam ser alvo de piadas de cunho machista e até homofóbicas.

“Já passei por muita coisa: gente me olhando nervosa e até atravessando a rua”, exemplifica o músico Heitor Corrêa. Um dos motivos pode ser a associação, por leigos, do adorno com figuras como o terrorista Osama Bin Laden.

Foi em 2010, quando começou a praticar Yoga, que Heitor optou pelo turbante. “Um dos primeiros ensinamentos é sobre se aceitar sem levar em conta o que as outras pessoas pensam. Acredito nessa filosofia e no bem que o turbante me faz”, comenta.

Mesmo no calor? Claro! “Na verdade, ele nos protege do sol”, garante.


 

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