Viajantes contam quais as vantagens em se aventurar sozinhos pelo mundo

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
11/06/2016 às 19:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:51
 (LEONARDO BELTRÃO/DIVULGAÇÃO)

(LEONARDO BELTRÃO/DIVULGAÇÃO)

Difícil é tomar coragem para comprar as passagens. Passado o frio na barriga inicial, uma viagem solitária pode ser uma das melhores experiências da vida. Tanto que muita gente nem espera ter companhia assim que as férias chegam: pega a mala (ou o mochilão) e encara sozinho a aventura.

O gestor cultural e escritor Leonardo Beltrão, de 32 anos, é um fã confesso de viajar sozinho. Em 2013, ele planejou uma viagem por vários países que seria de seis meses, mas acabou se estendendo por um ano. Passou pelos principais países da Europa, Turquia, Tailândia, Camboja, Índia, Indonésia e outros. Foram 14 países, no total.

Em Roma, Beltrão ficou perto do Papa Francisco por acaso. Ele se juntou a uma aglomeração por curiosidade, sem saber que o papamóvel se aproximava. “O Papa pediu que o carro parasse, em frente a mim. Caminhou até o bebê que estava com a mãe ao meu lado e o pegou no colo. Foi uma emoção muito grande!”

Durante a viagem, foi escrevendo textos que se transformaram no livro ficcional “A Festa do Adeus” (Relicário Edições, 2014) e pretende lançar, em breve, o diário de viagem “De Rishikesh a Marrakesh”.

“A vantagem principal (de viajar sozinho) é a liberdade e também o fato de estar mais aberto ao mundo, aos outros, ao desconhecido. Não ter que ‘negociar’ a vida diariamente no nosso ambiente social é muito bom e rejuvenescedor. Fiquei mais atento aos meus passos, mais responsável por minhas escolhas, mais livre para fazer amizades e provar experiências inimagináveis”, afirma Leonardo. Desvantagens? “A solidão”.

Claro que houve roubadas: ele sofreu um acidente de moto na Tailândia, ficou no meio de um conflito entre policiais e militantes em Istambul e foi roubado em Barcelona, no fim da viagem. Todas experiências válidas, ele garante. 

Guia
Hermés Galvão é outro que gosta tanto de viajar que transformou o prazer em trabalho. Ele é repórter especializado em turismo e trabalha para diferentes publicações (hoje na “Vogue”). 

Munido de dicas para quem gosta de se aventurar sozinho, ele desenvolveu o livro “Como Viajar em Tempos de Crise Financeira e Existencial” (Record, 2016), um guia bem humorado e politicamente incorreto sobre como fugir de furadas e de brasileiros consumistas.

“Sempre que viajava, procurava um lado B. A grande furada é ir na onda de outra pessoa, como um guia, por exemplo. O importante é você tirar suas próprias conclusões”, diz.

Ele destaca outra vantagem em viajar sozinho: “Você pode pagar mico. Não fica preocupado com o que os outros vão pensar, porque ninguém ali te conhece”.Divulgação / N/A

Hermés Galvão em São Francisco, Estados Unidos

O jeito é apelar para a mímica

Nascido em Cristina e morador de Alfenas, no Sul de Minas, o funcionário público Régis Ferrer, de 34 anos, não perde oportunidade de viajar. Férias, feriados e fins de semana são bem aproveitados – nem que seja com uma viagem dentro do Estado. Há 15 anos, faz questão de aproveitar todo tempo livre. 

Já viajou por França, Espanha e Itália, e foi duas vezes à Argentina. Conheceu 14 capitais brasileiras – quase sempre sozinho. “Uma viagem legal precisa ser bem planejada. Costumo escolher um bom lugar para ficar, com conforto, mas sem luxo, preferencialmente hostel, onde tenho a oportunidade de conhecer pessoas, fazer novos amigos e também pelo ambiente descolado, sem muitas regras”, aconselha Régis Ferrer, que é colecionador de vinis e aproveita as viagens para garimpar discos.

Seu principal complica dor é não saber falar inglês – o que lhe rendeu alguns apertos na Europa. “Em uma pizzaria de Milão havia um casal comendo uma pizza linda na mesa ao lado. Tentei localizar no cardápio, mas foi impossível. A vontade de comer uma do mesmo sabor era enorme, daí fiz mímica para o garçom, apontando para a pizza dos vizinhos. Não foi muito elegante, mas foi engraçado e deu certo. E a pizza era realmente deliciosa!”, lembra Régis.

Mas não foi Milão nem Paris o destino favorito de Régis. Ele se apaixonou mesmo pela cidade que se tornou destino frequente para os brasileiros. “Um dos lugares que mais gostei foi Buenos Aires. Na primeira vez em que fui, fiquei cinco dias. Depois voltei e fiquei mais dez dias”.Divulgação / N/A

Regis Ferrer em Paris

Primeira vez

A jornalista Flora Pinheiro, 27 anos, está vivenciando a primeira viagem sozinha da vida neste momento. E a experiência está sendo vivenciada na Europa. Tudo por conta do Radiohead, sua banda favorita. Ela havia prometido a si mesma que veria a banda no primeiro show que fosse anunciado e calhou de ser em Barcelona. 

“Até janeiro deste ano eu nunca tinha feito uma viagem internacional, não tinha passaporte. Eis que o Radiohead anunciou a volta e o primeiro show divulgado foi no ‘Primavera Sound Barcelona’ (posteriormente eles anunciaram outras datas que foram realizadas antes de Barcelona). Em uma semana eu comprei passagens, realizei o processo de fazer o passaporte e comecei a traçar minha rota”, diz a jornalista, que esticou a viagem até Lisboa.

Flora tem percebido que o companheirismo e a solidariedade são coisas encontradas em todos os cantos. “Estudei espanhol e inglês por muitos anos mas, como ainda não tinha viajado pra fora, achei que passaria dificuldades. Mas, uma vez, eu me perdi tentando chegar em uma praia de Barcelona e uma senhora mudou a rota dela e me acompanhou até onde eu queria".Divulgação / N/A

Flora Pinheiro em Lisboa

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