“Um prodígio, um gênio, dessas personalidades difíceis de explicar”. Essas adjetivações são usadas por Rodrigo Faour, autor da recém-lançada biografia de Dolores Duran, “A Noite e as Canções de uma Mulher Fascinante” (Editora Record, 558 páginas, R$49,90), para definir a cantora. Ele acrescenta: “Ela tinha um bom gosto impressionante, detestava cafonices”.   Esse bom gosto pode ser atestado através das parcerias que a cantora e compositora, morta aos 29 anos em virtude de uma parada cardíaca, empreendeu ao longo da carreira. Rodrigo destaca com propriedade (produziu, em 2010, caixa com todos os álbuns de carreira da intérprete) as uniões musicais com Tom Jobim, Carlos Lyra e Billy Blanco.   Vanguarda   Vinicius de Moraes, embora não tenha parcerias com a biografada, aparece como grande amigo e companheiro de “noitadas”. O espírito de vanguarda, aliás, era outra marca da autora de sucessos como “A Noite do Meu Bem”, “Por Causa de Você” e “O Negócio é Amar”.   “Foi uma mulher independente, que namorou com quem quis, trabalhou com o que gostava, e curtiu intensamente a noite, isso na década de 50”, afirma Faour.   Coloquial   As contribuições de Dolores Duran não se restringem à poesia das letras e à sofisticação melódica. Segundo o autor do livro, “ela criou um gênero bastante coloquial e feminino de cantar o amor”. O discurso confessional introduzido por ela pode ser percebido nas obras de Joyce, Fátima Guedes, Marina Lima, Angela Ro Ro e Paula Toller.   Como parâmetro de comparação, Rodrigo recorre a um homem, da década de 30: “Noel Rosa (morto aos 26 anos) é um dos compositores mais regravados até hoje, e Dolores é a mulher mais regravada da nossa história”. 

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