ZAP 18 comemora 15 anos amanhã

Thiago Pereira (talberto@hojeemdia.com.br)
Hoje em Dia - Belo Horizonte
13/07/2017 às 19:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:33
 (Divulgação)

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A palavra “resistência”, tão comum à gramática política, possui uma aderência natural ao se pensar a ZAP 18, desde o seu batismo. Acrônimo para Zona de Arte da Periferia, o grupo teatral que montou palco (e oficinas, debates, festas, aulas) no bairro Serrano, há 15 anos, celebra neste final de semana uma trajetória marcada pela luta por visibilidade: espacial, humana, artística. 

“Pensando pelo viés da geografia humana, acho que a ZAP pode ser vista com um lugar de poéticas políticas e afetivas próprias, capaz de forjar uma territorialidade ou uma experiência territorial para muitas pessoas que não frequentam as periferias de uma grande cidade”, pontua Gustavo Falabella, ator e diretor da companhia, fundada por sua mãe Cida em 2002, como um desdobramento da Sonho & Drama (grupo que tinha história na cidade).
Essa mobilidade está na gênese dos fundadores da Zap, que, cansados de mudar sempre de lugar, resolveram construir na rua João Donada, número 18, sua sede, e continuar ali um trabalho que vinha fazendo de forma mais nômade. 

Nesse sentido, um espaço foi moldando o outro. “Creio que a ZAP foi adensando sua presença no bairro. Isso não quer dizer que temos uma importância difundida para aquela região, mas que, para nós, estar ali naquele bairro periférico foi influindo diretamente em algumas escolhas estéticas que o grupo fez”, diz Falabella. 

A escolha pela periferia implica também desafios maiores. “Conseguir grana para financiar nossos projetos, seja com o poder público, seja diretamente com os patrocinadores, considerando que a periferia não é exatamente um ‘produto tão atraente’ quanto um espetáculo na Praça do Papa, por exemplo”, enumera o artista.

Artisticamente, esse viés à margem também se tornou notório a partir de peças como “Esta Noite Mãe Coragem”, montagem de 2006, que é uma espécie de marco da companhia, por reunir alguns de seus traços mais característicos: aliar o cânone dramático (na adaptação de um texto de Brecht) com paisagens atuais (como a cultura hip hop), através de uma representação forte, centrada em jovens atores. 

Essas marcas garantem uma assinatura para o trabalho do grupo, um alinhamento estético que atravessa diversos de seus trabalhos, desde o imperdível “O Gol Não Valeu” (fábula infantil de 2014 que faz muito adulto chorar) até o poético “O Ano Em Que Virei Adulto” (2013) , passando pelo engajado “+ Valia” (2015) e o ainda em produção “Homem Vazio na Selva das Cidades”, previsto para 2017. 

Um inventário breve do longo currículo da ZAP nestes 15 anos, mas que dá a medida de sua importância no contexto da produção teatral de BH, e “nos insere como um dos principais expoentes, desde nosso início, de um teatro engajado e implicado em seu tempo”, define Falabella. 

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