Zezé Motta volta a BH com o show 'Divina Saudade', homenagem a Elizeth Cardoso

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/07/2016 às 19:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:02
 (Divulgação)

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Zezé Motta solta uma deliciosa gargalhada após ser perguntada sobre o tempo de estrada do show “Divina Saudade”, homenagem à cantora Elizeth Cardoso – uma das maiores intérpretes do país – que será levada amanhã ao palco do Maria das Tranças. 

Ele estreou em 2000. “Nesses 15, 16 anos, eu já me despedi várias vezes. Cheguei a fazer uma despedida em grande estilo no Canecão (casa de shows no Rio de Janeiro, fechada em 2010) lotado”, assinala Zezé, emendando outra onda de risos no telefone. “Realmente, esse é um show abençoado, de muita alegria”, destaca.

Aos que perguntam se ela não cansa de realizar a mesma apresentação em quase duas décadas, a artista responde que nenhum show é igual ao outro. “Cada dia estou de um jeito. Tem dia que estou mais emotiva, devido a alguma situação pessoal, e choro até durante o bloco romântico”, exemplifica.

Mas se o dia é de alto astral, o que não faltam é humor e muitos causos. “Quando estou mais inspirada, conto mil histórias da minha vida e o público morre de rir com as minhas maluquices”, observa a artista de 72 anos, com grandes passagens também no teatro, na TV e no cinema.

Agora, tudo bem. Mas resisti muito à ideia de ser precursora”, afirma Zezé Motta, ao falar de ser a primeira atriz negra a ganhar papel de protagonista, em “Xica da Silva”, filme que está completando 40 anos

 Esquecimento
O entusiasmo é tanto que já ocorreu de ela se esquecer do nome do maestro Ricardo Mac Cord, único parceiro no palco (“já tive banda, mas com o piano ele preenche todos os instrumentos que não estão presentes”, elogia), logo após dirigir um tanto de mesuras a ele. “Não sei o que estava na minha cabeça e, após um solo incrível dele, fiquei emocionada e comecei o meu blá blá blá. Falei tanto que, ao apontar para ele, não me lembrava do nome. Fiquei com cara de tonta até ele se levantar e dizer. São coisas que acontecem no ‘ao vivo’”, registra Zezé, às gargalhadas.

O nome de Zezé despontou primeiramente no teatro e depois no cinema, interpretando Xica da Silva, mas ela revela que a arte entrou em casa pela música, devido ao pai violonista. “Era muito dedicado. Acordava cedo e ficava duas horas tocando aquele dom dom dom. Achava chato para caramba”.

A mãe, modista (“hoje falam estilista”), contribuía com o barulho da máquina de costura. “Ela queria que eu fosse modista também. E papai torcia para eu ser cantora. Foi ele quem me descobriu. Um dia cantei uma música inteira para ele, que perguntou quantas vezes eu tinha ouvido no rádio para guardar a letra e a melodia”.

Depois que surgiu uma bolsa para estudar teatro no Tablado, ela teve que continuar estudando, uma imposição do pai. “Escolhi fazer contabilidade. Aí procurei o curso mais rápido e descobri esse, de três anos. Nunca exerci, só fiz um estágio que odiei. Passei a contar histórias”.

E uma forma nova de contar essas histórias é como diretora. Zezé se prepara para assinar um documentário internacional sobre Xica da Silva e uma peça, também sobre a personagem de Diamantina.

Serviço: Show “Divina Saudade”. Abertura: Antonio Bahense. Amanhã, às 21h, no Maria das Tranças (rua Estoril, 938, São Francisco). Mesas: 99854-7912

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