Ato de funcionários e mães chama atenção para problemas na Maternidade Odete Valadares

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
03/04/2018 às 19:51.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:09
 (AsthemgReprodução)

(AsthemgReprodução)

Na tarde desta terça-feira (3), trabalhadores e mães que têm os bebês internados na maternidade Odete Valadares, localizada na região Oeste de BH, deram um “abraço” na unidade. O ato aconteceu cerca de uma semana após denúncias de infestação de formigas no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) neonatal, como forma de agradecimento aos funcionários que divulgaram o problema.

A Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (Asthemg) também faz outras denúncias, que serão levadas para uma reunião na manhã desta quarta-feira (4), entre a associação, representantes do Governo de Minas e da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). “São mais de 30 problemas estruturais e administrativos, que reunimos em um dossiê”, explica Mônica Abreu, uma das representantes do grupo.

Também foram relatados problemas de infiltração no bloco cirúrgico. Por este motivo, cirurgias eletivas estariam suspensas na maternidade há cerca de um mês, deixando de realizar cerca de oito procedimentos diariamente.

Formigas

De acordo com a Asthemg, o vídeo gravado por funcionários, que mostram uma incubadora com um recém-nascido infestada pelos insetos, acontece desde setembro do ano passado. Relatórios feitos por equipes diurnas e noturnas da maternidade mostram que 14 incubadoras tinham a presença de formigas. 

A auxiliar de enfermagem Marcelle Chieza, de 40 anos, e que trabalha na Odete Valadares há 19, diz que nunca viu nada igual. Segundo ela, a equipe faz o que pode para atender os pacientes. “Temos que higienizar cada incubadora. Enquanto uma segura o bebê, a outra limpa. Usamos álcool, mas não resolve”.

Na porta da maternidade, mães que têm os filhos internados no CTI neonatal da maternidade comentam sobre a situação que, segundo elas, não foi resolvida. De acordo com o grupo, ainda nesta terça-feira (3), uma mãe teria encontrado formigas no braço do bebê.

Mãe de primeira-viagem, a jovem Fernanda Aparecida, de 21 anos, está há 43 dias na unidade, que procurou por ser referência na assistência de prematuros. “Imagina acompanhar seu filho todo dia, quase 24 horas, e ter que conviver com isso? Ninguém fala nada de forma definitiva para a gente, só os funcionários comentam”, desabafa. Para ela, o maior medo é que o filho pegue alguma infecção. 

Para Gisele Cardoso, de 32 anos, e que há 38 dias acompanha o filho internado na CTI neonatal, é preciso melhorar a estrutura como um todo. “Os profissionais também precisam de melhores condições para trabalhar e continuar fazendo o ótimo trabalho que fazem”.   

Outras questões

Entre os problemas relatados, está também a falta de assistência a mulheres que vão até a unidade para realizar abortos legais. Segundo a Asthemg, mulheres estão ficando expostas e sem apoio. “Não tem sequer assistente social, e elas ainda ficam sujeitas a comentários preconceituosos, que as criminalizam”,  afirma Mônica Abreu.

Além disso, mulheres que vivem o luto precisam dividir a enfermaria com mães amamentando, o que a associação definiu como “crueldade e insensibilidade”, e não como falta de recursos. 

Em nota a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Phemig) informou que nos últimos dias foram realizadas novas dedetizações no CTI e que novas ocorrências não foram registradas. E que local está sendo monitorado diariamente pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).

Em relação às reclamações sobre as mães em luto e a assistência às mulheres que sofrem abortos legais, a Fhemig explicou que as informações não procedem porque existe um protocolo específico de assistência para as pacientes em cada uma dessas situações. Segundo a nota, a maternidade toma o cuidado para preservar a identidade da paciente e que há um espaço reservado para cada um dos casos. 

A Fundação informou ainda que nenhuma cirurgia foi suspensa. Segundo a nota, um dos blocos cirúrgicos da unidade está em obras e o outro está funcionando normalmente.

Assista ao vídeo:

Leia mais:

  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por