'Nenhum país sério trata sua cultura desse jeito', lamenta diretor em Cannes

Estadão Conteúdo
18/05/2016 às 15:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:29
 (AFP PHOTO / LOIC VENANCE)

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 O jornal inglês The Guardian, que colocou em sua capa o protesto da equipe de Aquarius, no tapete vermelho do maior festival do mundo, contra o golpe no Brasil, enviou seu repórter à coletiva do filme de Kleber Mendonça Filho para tentar entender o que está se passando no Brasil. Sonia Braga se utilizou de uma frase de suas personagem, Clara - "Os ricos vivem dizendo que a educação é o grande problema do povo brasileiro. É uma forma de se queixar dos pobres. Mas não são os pobres que não têm educação no Brasil, são os ricos."

Talvez seja difícil para um estrangeiro entender como uma mulher culta e burguesa, mas libertária, como Clara, esteja combatendo
a elite, como se não fizesse parte dela. "É preciso esclarecer que há uma diferença muito grande entre a elite política e econômica e a cultural no Brasil", explicou o diretor Kleber Mendonça Filho. "A primeira está atrelada a interesses de classes, a segunda tende a se colocar do lado do povo."

A ideia de protestar no tapete vermelho de Cannes, portando cartazes contra "o golpe que está acontecendo no Brasil", veio de diversos segmentos do audiovisual presentes no festival. Produtores, diretores, atores. "Encampei imediatamente, só não queria que fosse um protesto inadequado", disse Kleber. A dissolução do Ministério da Cultura tem estado em pauta entre os brasileiros em Cannes. "Estamos aqui com um filme chancelado pelo MinC. Aquarius, em Cannes, projeta o Brasil para o mundo. Nenhum país sério trata sua cultura desse jeito", lamenta o diretor.

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