BH tem saldo positivo de quase 1.500 vagas de emprego, apesar do recuo no país e em Minas

Evaldo Magalhães
Iefonseca@hojeemdia.com.br
27/12/2017 às 22:03.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:28
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Na contramão do cenário de retração do mercado formal de trabalho em novembro, tanto em Minas quanto no país, Belo Horizonte registrou no mês passado saldo de 1.461 vagas de emprego, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Um dado ainda mais animador é que, no acumulado no ano, foram 2.379 vagas abertas a mais que as encerradas no período – o primeiro resultado positivo da capital desde 2013.

Para o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte, Bruno Miranda, os números devem ser comemorados. Demonstram que, assim como no restante do país, a economia da cidade dá sinais nítidos de recuperação, após um longo período de estagnação provocada pela crise nacional. Há também uma outra explicação simples, em se tratando da capital mineira. 

“Os setores de comércio e de serviços vêm se destacando em relação aos demais segmentos produtivos do país, em outros locais. Como Belo Horizonte tem muita força nas duas áreas, e a prefeitura, ao longo do ano, fez grandes esforços para alavancar as atividades, é natural que tenhamos um saldo positivo nos empregos”, disse.

De fato, a diferença entre contratações e desligamentos no comércio e nos serviços chama a atenção, se observada a movimentação de novembro. Embora o Caged não tenha divulgado a medição de resultados por setor econômico nos municípios, a observação dos dados de Minas Gerais comprova: os dois segmentos tiveram resultados bem superiores às demais atividades. Em novembro, antes do período mais forte de contratações temporárias para o Natal, o comércio empregou 7.204 pessoas a mais do que dispensou. No setor de serviços, as contratações superaram em 1.430 as vagas fechadas. Já em outros importantes setores da economia mineira o saldo foi negativo, caso da indústria de transformação (-1.851), da construção civil (-4.105) e da agropecuária (-4.563).

O secretário Bruno Miranda afirma que, embora não seja correto atribuir apenas à Prefeitura de Belo Horizonte a responsabilidade pelo bom desempenho dos setores de comércio e serviços, algumas ações pontuais do poder público municipal certamente contribuíram para a recuperação. 

“Desde o início do ano, estamos atuando para tentar potencializar nossas vocações econômicas, em Belo Horizonte. Temos trabalhado fortemente com um planejamento para criar ferramentas para desburocratizar processos e facilitar a vida dos empreendedores. Novos projetos serão colocados em prática em 2018”, afirmou Miranda.

No país
O saldo de empregos formais no Brasil, ou a diferença entre o número total de contratações e o de demissões em determinado período, caiu em novembro depois de sete meses seguidos de altas no ano, conforme o Caged. O país fechou 12.292 vagas a mais do que abriu, registrando recuo de 0,03% em relação a outubro. Também em Minas Gerais houve queda: o número de desligamentos nos diversos setores da economia em novembro superou em 2.037 o de contratações. 

Para alguns especialistas, o resultado negativo, no país e no Estado, tem relação com a reforma trabalhista, instituída em 11 de novembro e que criou novas modalidades de contratação, como a jornada intermitente e a jornada parcial. Outros, no entanto, entendem a retração como natural, já que novembro é tradicionalmente um mês de demissões, sobretudo no setor industrial, após as contratações de agosto, setembro e outubro para produzir e formar estoques para as vendas de Natal do comércio – o que teria favorecido o resultado negativo.

 Estudante comemora oportunidade após três anos de procura

A caixa de supermercado Lívia Louize, de 18 anos, ocupa uma das mais de 1.400 vagas do saldo em relação aos desligamentos registrados em Belo Horizonte, em novembro. Estudante do ensino médio e focada em cursar Direito, o mais breve possível, Lívia conta que conseguiu o emprego depois de procurar ocupação formal por mais de três anos. 

“Desde os 15 anos eu vinha buscando uma vaga com carteira. Fiz um curso profissionalizante de manicure, mas não rendeu frutos. Até que, no mês passado, fiquei sabendo da vaga no supermercado e deu certo”, diz, feliz por estar contribuindo com o orçamento da família, de cinco pessoas, e por, finalmente, não precisar depender apenas dos pais para comprar o que deseja. 

Já o vendedor Jonathans Santos Candeia, de 30 anos, funcionário de uma rede de lojas de roupas de Belo Horizonte, entra nas estatísticas das pessoas empregadas ainda no primeiro semestre de 2017, ano que parece ser marco inicial de uma ainda tímida recuperação econômica.

Jonathans ficou três anos desempregado até conseguir vaga, em 2016, em uma empresa de móveis, que encerrou as atividades e o dispensou.

Pouco tempo depois, em abril, ficou sabendo, por um conhecido, da oportunidade na loja de roupas. Embora sem experiência no setor de vendas, não pensou duas vezes, já que o cenário era de desemprego crescente no país.

“Fiz a seleção e passei. Foi um desafio entrar em algo novo, mas acabou sendo positivo: descobri uma vocação, a de lidar com o público, e isso tem me deixado satisfeito”, afirma o vendedor, que pretende buscar qualificação na área, assim que tiver oportunidade.
 

ocupação formal no Brasil

Ainda como ministro do Trabalho na tarde de ontem, Ronaldo Nogueira afirmou que o saldo negativo na geração de empregos formais em novembro é “pequeno” e não significa a interrupção na recuperação da economia. “O mês de novembro tem tendência de apresentar saldo negativo no emprego”, afirmou.

O ministro buscou ainda destacar os impactos positivos da reforma trabalhista sobre o mercado de trabalho. “É sinal importante para o mercado e também de segurança jurídica”, afirmou. “Teremos grande número de trabalhadores que serão empregados em 2018”, acrescentou.

Em relação às mudanças nas regras trabalhistas, o ministro acredita que serão sentidas no ano que vem. “Os resultados da reforma trabalhista serão colhidos em 2018”, afirmou.

O Ministério do Trabalho prevê a criação de 1.781.930 postos formais de trabalho em 2018, considerando crescimento da economia de 3% no ano que vem, o que levaria o estoque de emprego ao patamar do primeiro trimestre de 2016.

Se o avanço do PIB chegar a 3,5%, o desempenho do mercado de trabalho pode ser ainda melhor, com geração de 2.002.945 novas vagas em 2018, levando ao patamar de dezembro de 2015.

As estimativas não incluem possíveis impactos positivos da reforma trabalhista em abertura de contratos sob novas modalidades, como trabalho intermitente ou jornada parcial, informou o coordenador-geral de Estatísticas da Pasta, Mário Magalhães. Segundo ele, as estimativas de PIB são impactadas pela melhora de ambiente proporcionada pela aprovação da reforma, mas a previsão não contempla os novos contratos.

“O saldo em 2018 poderá ser maior, e provavelmente será, devido a novos contratos da reforma. A estimativa de geração de emprego em 2018 será incrementada pelos novos contratos”, disse Magalhães. “No fim de 2018 quero estar com vocês celebrando mais de 2 milhões de empregos criados”, afirmou o ministro. 
O economista Marcio Salvato, coordenador do curso de economia do Ibmec, na capital, também discorda de que o saldo negativo de empregos no Brasil e em Minas, em novembro, tenha influência da reforma trabalhista. Para ele, o que ocorre é que novembro é um mês de sazonalidade, em que há demissões sobretudo na indústria após grande volume de contratações temporárias para garantir a produção para o Natal. “Vínhamos com oito meses positivos e esse era um mês em se esperava, de fato, um indicador menor”, afirmou. (Com agências)

 

 

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