Será que o BRT roda no sábado?

Raquel Ramos e Bruno Moreno - Hoje em Dia
12/02/2014 às 08:09.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:58
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

Com o prazo apertado e muitas pendências, a Prefeitura de Belo Horizonte precisará correr contra o tempo para cumprir a promessa de entregar, nas próximas 72 horas, o Move/BRT da avenida Cristiano Machado. Na última terça-feira (11), o Hoje em Dia percorreu todas as estações de transferência instaladas no corredor e constatou o que os órgãos públicos evitam admitir: as obras estão inacabadas e ainda há tanta coisa para ser feita que parece improvável que os trabalhos terminem em apenas três dias.   Das nove estações (cada uma com três ou quatro módulos) que vão do bairro São Gabriel, na região Nordeste, ao Sagrada Família, na região Leste, apenas uma parece estar pronta para a inauguração.   É a plataforma União. A única que, até a última terça-feira (11), já tinha a identificação do nome colado nas portas de vidro, painéis com informações sobre os ônibus que passarão por lá, extintor de incêndio instalado e câmera externa para monitoramento de pessoas que tentarem acessar a plataforma sem pagar o bilhete.   Mesmo adiantada em relação às demais, a passarela que permitirá aos usuários entrarem na plataforma ainda não foi concluída.   Preocupante   Nos outros locais, a situação é mais preocupante. Há estações onde a instalação elétrica não foi finalizada, outras que estão sem portas, rampas de acesso entre os módulos incompletas ou passarelas que só começaram a ser construídas recentemente. Como a que está sendo levantada próxima à rua Oswaldo Ferraz, no Sagrada Família.   Lá, os operários estão terminando a fundação para a estrutura da passagem elevada. “Nem com reforço ou R$ 1 milhão isso fica pronto nos próximos dias. Temos trabalho para mais de um mês. E se mandarem correr, fica mal feito e terão o mesmo problema que aconteceu na Pedro I”, disse um operário, referindo-se ao viaduto que cedeu cerca de 30 centímetros, na Pampulha.   Nessa mesma estação, os trabalhadores disseram que só será possível concluir a rampa que liga as plataformas se os trabalhos se estenderem até a madrugada.   Empresas não confirmam a entrega dos ônibus    Apesar de a BHTrans e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra BH) afirmarem que haverá ônibus para que o Move comece a funcionar neste sábado, duas das cinco empresas que fabricam as carrocerias dos veículos não confirmam a informação.   A Comil e a Marcopolo (que também comercializa carrocerias com a marca Ciferal) foram responsáveis por metade do mercado brasileiro de ônibus urbanos no ano passado.   As assessorias de imprensa das empresas informaram que nenhum coletivo foi entregue para o Move de Belo Horizonte e não serão enviados nesta semana.   Juntas, a Marcopolo e a Comil fornecerão 220 modelos de BRT, sendo 136 articulados e 84 padrons. As outras três empresas responsáveis por montar as carrocerias nos chassis dos ônibus a serem utilizados no Move, Caio, Neobus e Mascarello, foram procuradas pela reportagem, mas não responderam até o fechamento desta edição.   A Comil informou que as primeiras unidades serão entregues na próxima semana. “Todo o lote de veículos será entregue até a primeira quinzena de abril, respeitando o cronograma acordado com a Prefeitura de BH”.   Já a assessoria da Marcopolo informou que a maioria dos ônibus não está pronta e que não há uma escala de entrega definida.   Essas empresas fazem parcerias com montadoras que produzem os chassis, como a Mercedes-Benz, Scania e Volvo. Depois de prontos, os chassis seguem para a instalação das carrocerias.   No total, o Move deve ter uma frota de 430 veículos, sendo 200 articulados e 230 padrons, que são semelhantes aos convencionais que hoje rodam na cidade. Porém, eles também têm portas no lado esquerdo.   Coletiva   A BHTrans convocou para as 14h30 de hoje uma entrevista coletiva para explicar os detalhes do Move. Faltam três dias para a entrada em funcionamento da primeira etapa do Move na Área Central e na avenida Cristiano Machado, e os futuros usuários ainda têm muitas dúvidas.   Passarela tem desnível de mais de 30 centímetros   Sucessivos erros de projeto marcaram os quase dois anos de obras do BRT na avenida Cristiano Machado. Na última terça-feira (11), a reportagem do Hoje em Dia flagrou mais um aparente problema.   Na altura do número 2.500, próximo ao cruzamento com a rua Dom Leite, uma passarela foi construída com alturas diferentes. A construção foi iniciada em duas extremidades e, no ponto onde se encontram, percebe-se que há uma diferença superior a 30 centímetros de altura. O trecho está inacabado.   Em maio do ano passado, pelo menos duas vezes foram necessárias intervenções para corrigir erros de projeto. O primeiro problema foi com uma plataforma que já tinha sido erguida e precisou ser derrubada. A justificativa da prefeitura foi que se tratava de um protótipo.   Pouco tempo depois, mais de 20 metros quadrados de um piso de concreto foram refeitos em um trecho que já estava pronto. A empreiteira argumentou que o piso estava rachado e seria necessário trocá-lo.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por