Preço da cerveja cai na fábrica, mas sobe no comércio

Agência Estado
Publicado em 04/04/2014 às 18:30.Atualizado em 18/11/2021 às 01:57.
 (Divulgação)
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O preço da cerveja vem recuando desde novembro na porta de fábrica. No entanto, a bebida tem ficando mais cara para o consumidor mês a mês. Os aumentos sucessivos ocorrem nos supermercados desde julho do ano passado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A fabricante de bebidas Ambev informou nesta sexta-feira, 4, que não reajustará os preços de suas cervejas até o final da Copa do Mundo de Futebol, que ocorrerá entre os dias 12 de junho e 13 de julho. A ação, chamada de "Copa sem Aumento", tem como meta obter a adesão de meio milhão de pontos de venda no Brasil, explicou a empresa em nota. A companhia já tinha realizado campanha semelhante no início de dezembro, chamada "Verão sem Aumento", que congelou os preços das cervejas da companhia no período de maior venda para o setor.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a variação de preços de produtos da indústria de transformação antes da incidência de impostos e frete, de fato mostrou que o setor fabricante de bebidas registra deflação desde novembro. Naquele mês, a queda de preços foi de 0,20%, seguida por recuos em dezembro (-0,04%), janeiro (-0,60%) e fevereiro (-0,41%). A cerveja é o item de maior peso na atividade, responsável por 54% do indicador."O preço da cerveja vem caindo desde novembro", confirmou Alexandre Brandão, gerente do IPP no IBGE, que não pode revelar a variação de preços registrada em cada item da indústria por questão de sigilo da fonte.

Na direção oposta, o indicador do IBGE que mede a variação de preços ao consumidor apontou que o valor da cerveja no supermercado vem aumentando ininterruptamente desde julho, quando a alta foi de 2,86%. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os meses seguintes também foram de elevação: agosto (2,63%), setembro (1,17%), outubro (1,17%), novembro (1,09%), dezembro (0,34%), janeiro (0,80%), fevereiro (0,77%). Nos 12 meses encerrados em fevereiro, a cerveja chegou ao consumidor 11,47% mais cara.

O calor forte dos últimos meses estimulou a demanda, deixando os distribuidores da bebida mais confortáveis para aumentar os preços, apesar do desconto na fonte, avaliou o economista André Braz, responsável Índice de Preço ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O IPC apontou uma alta de 11,69% no valor da cerveja vendida no supermercado nos 12 meses terminados em fevereiro.

"Como fez muito calor, a demanda pela bebida deve ter acompanhado o próprio clima. Com a maior demanda, os supermercados se sentiram à vontade para aumentar o preço. Mas, nos meses de frio, esse consumo tende a diminuir, então o espaço para aumentos deve ser menor", ponderou Braz, lembrando que a Copa do Mundo ainda pode manter a demanda aquecida, logo, preços idem.

Segundo Brandão, houve uma mudança no padrão de reajuste de preços praticado pelos fabricantes de bebidas. Os aumentos, que tradicionalmente ocorriam no fim do ano, época de maior demanda, passaram a ser feitos na metade do ano. "Nos últimos dois anos, o setor adiantou esse aumentos mais para o meio do ano, e o fim do ano aparece com queda nos preços. Acho que é um posicionamento de mercado mesmo, porque a atividade não tem muito impacto de insumos nem de valorização do dólar", explicou o gerente da pesquisa.

Apesar da melhora recente, o IPP ainda registra em fevereiro uma alta de 8,73% nos preços das bebidas em relação ao mesmo mês do ano passado.


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