Com valorização da Bitcoin, outras criptomoedas conquistam o mercado

Lucas Borges
lborges@hojeemdia.com.br
15/01/2018 às 22:01.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:47
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

A expressiva valorização da Bitcoin, moeda virtual que cresceu mais de 1.500% em 2017, vem despertando o interesse cada vez maior das pessoas para o mercado das criptomoedas, as chamadas alticoins. Com o salgado valor da unidade da Bitcoin – mais de R$ 47 mil na cotação de ontem, a opção por outras moedas virtuais, com baixo valor de mercado atual, mas com boa perspectiva de crescimento em 2018, vem se consolidando.

A unidade dessas criptomoedas pode variar de R$ 2,71, como é o caso da Cardano, até R$ 4.274, valor pago pela Ethereum.

A valorização no último ano também é fator preponderante para atrair o investidor. Criptomoedas como a Litecoin e a Monero tiveram expressivos crescimentos de 6.100% e 2.840%, respectivamente. 

Os interessados em investir nessas criptomoedas devem seguir o mesmo procedimento da Bitcoin. O primeiro passo é procurar uma exchange, agência que realiza operações com moedas virtuais. Em seguida, o investidor abre uma conta, criando o que é chamado de carteira, onde vão constar todos os ativos da criptomoeda desejada. Por fim, o cliente deposita um valor na conta, que será convertido em criptomoedas.

Resultado

Paralelamente ao investimento nas Bitcoins, em que conseguiu lucro de 110% em 2017, o designer Vinícius Passos mantém aplicações em outras três criptomoedas. “Tenho capital investido na IOTA, EOS e na RaiBlocks. Estou tendo bons retornos em todas, principalmente na RaiBlocks (XRB), que já superou o retorno da Bitcoin”. 

Questionado sobre a prosperidade das demais moedas virtuais, Passos acredita que apesar de dificilmente alcançarem o valor de mercado da Bitcoin, outras criptomoedas podem gerar um retorno interessante ao investidor. 

“Se esse sucesso estiver atrelado estritamente ao valor da unidade de Bitcoin, hoje em dia acredito que não. Porém, se for em relação ao valor de mercado e de usabilidade, acredito que possa sim, já que muitas delas são aperfeiçoamentos da Bitcoin”, afirma. 

Tributação

O investidor também deve estar atento à tributação das criptomoedas, especialmente no momento da conversão. 

O site da Receita Federal publicou uma determinação sobre esse tipo de operação: “os ganhos obtidos com a alienação de moedas virtuais (Bitcoins, por exemplo) cujo total alienado no mês seja superior a R$ 35.000 são tributados, a título de ganho de capital, à alíquota de 15%, e o recolhimento do imposto sobre a renda deve ser feito até o último dia útil do mês seguinte ao da transação”. O site indica ainda que “as operações deverão estar comprovadas com documentação hábil e idônea”.
 

CVM já barrou negociações por gestores de fundos no país

Em meio à euforia com a valorização das criptomoedas, determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil, levantou dúvidas sobre o futuro desses investimentos.

Na última sexta-feira, o órgão proibiu a compra direta de moedas virtuais por fundos de investimento regulados e registrados no Brasil. No ofício enviado aos gestores desses fundos, a CVM afirma que as criptomoedas “não podem ser qualificadas como ativos financeiros” e que, por isso, sua aquisição direta pelos fundos de investimento “não é permitida”. 

Entretanto, para Diego Bonfim, CEO da Fittipaldi, startup que em breve começará a operar transações com criptomoedas, a queda recente no preço da unidade da Bitcoin, que já valeu R$ 60 mil em dezembro e hoje gira em torno de R$ 47 mil, além da determinação da CVM, não deve desaquecer o mercado. 

“Ainda vale a pena (investir em criptomoedas), porque a queda representa oportunidade para quem quiser operar comprando. Ou seja, adquirir esperando que valorize mais ainda. Com tanta divulgação e novas adesões, pode-se esperar uma volta da apreciação”, avalia. 

Quem corrobora a opinião de Bonfim é o investidor Vinícius Passos, que não acredita que a queda no preço da Bitcoin vá trazer graves prejuízo às transações das moedas virtuais no futuro. 

“Acredito que a queda da Bitcoin possa influenciar numa baixa das alticoins, mas a longo prazo não deve interferir muito, já que o potencial do mercado ainda é muito grande”, afirma. 

Segundo a Negocia Coins, agência que opera transações com criptomoedas, atualmente 44 empresas aceitam Bitcoins como forma de pagamento no Brasil.
 


Cuidados

Para quem deseja entrar no mercado de moedas virtuais, a indicação do mestre em administração e professor do Ibmec, Bruno Flávio Machado, é de que o valor investido não comprometa as finanças, em caso de prejuízo. 

“Se for investir nesse tipo de coisa, lembre-se que a perda pode ser integral. Então, não é algo para se aplicar quantias relevantes. Se investir quantias relevantes pode ter uma grande surpresa, o que seria ótimo, mas se perder tudo, vai doer muito, especialmente para um trabalhador que vive do salário. Não recomendaria que se fizesse isso”, avisa.

SAIBA MAIS

Apesar da grande valorização no último ano, os investidores de moedas virtuais estão tendo que conviver com diversos reveses acarretados por órgãos e lideranças contrárias às criptomoedas. Em novembro, o Banco Central emitiu um alerta sobre os riscos de transações nesse modelo. Na ocasião, o órgão afirmou que o risco era grande, já que, tais instrumentos não são emitidos e nem garantidos por qualquer autoridade monetária. Já o mega investidor norte-americano Warren Buffett, afirmou, na última semana, que jamais investiria em Bitcoins. Buffet afirmou que “Tenho quase certeza que isso terá um final ruim”.

na Coreia do Sul, o serviço financeiro também proibiu o ganho com qualquer operação que envolva moedas virtuais. A vizinha China também adotou modelo semelhante. A Coreia alega que esse tipo e transação teria que ser completamente regulamentada e monitorada, optando, desse modo, pela proibição. No Brasil, ainda tramita na Câmara um projeto de lei do deputado Expedito Netto (PSD-RO), que pretende disciplinar as moedas virtuais e os programas de milhagem no país. O projeto define moeda digital, moeda virtual ou criptomoeda como “representação digital de valor que funcione como meio de pagamento, ou unidade de conta, ou reserva de valor e que não tem curso legal no país ou no exterior”.

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