Democracia chegará a Cuba quando população deixar de ter medo, afirma blogueira

AFP
19/03/2013 às 19:26.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:03

WASHINGTON - A blogueira cubana Yoani Sánchez afirmou nesta terça-feira (19) em Washington que não tem "ilusões" ao advertir que a democratização de Cuba não chegará apenas com jornalistas independentes e novas tecnologias, mas quando os cubanos perderem o medo.

"Não tenho ilusões: sei que somente com um telefone celular, sei que somente com uma conta no Twitter, sei que somente com um blog não é possível democratizar um país", disse Sánchez na capital americana durante sua viagem por doze de países.

"O que mais falta é os cubanos perderem o medo. Não funciona se formos um pequeno grupo criticando, se formos um pequeno grupo tentando mudar as coisas", disse Sánchez em um evento no instituto ultraliberal Cato.

"Enquanto o oportunismo, as máscaras e os silêncios forem a atitude assumida pela grande maioria dos compatriotas diante da realidade cubana, enquanto isto continuar assim, nada vai mudar", afirmou a filóloga de 37 anos e autora do blog "Geração Y" (www.desdecuba.com/generaciony/), crítico do governo.

A blogueira, que conseguiu sair de Cuba em fevereiro após a reforma migratória aprovada em outubro, aproveitará em Washington para receber no Departamento de Estado um prêmio que o governo de Barack Obama lhe concedeu em sua ausência em 2011, confirmou à AFP um porta-voz de Estado.

Sánchez relembrou que esta semana completa o décimo aniversário da chamada "Primavera Negra", quando foram presos 75 ativistas e jornalistas na ilha, um fato que representou um "duro golpe" para a dissidência.

"Uma década depois o panorama é totalmente diferente do que esperávamos: uma verdadeira ebulição de críticas, de pessoas que querem se expressar, de dissidência dentro da ilha", graças em parte aos novos meios e às redes sociais, comentou a blogueira.

"Não tenho ilusões, a tecnologia sozinha não vai ajudar a democratizar Cuba, mas vai nos proteger para alcançá-la", argumentou Sánchez ao afirmar que a "visibilidade" que está conseguindo com esta viagem internacional lhe servirá de "escudo protetor" quando volte à Cuba.

A blogueira disse que Havana se enganou pensando que a deixando sair, não retornaria mais, ou que enfrentaria manifestações contrárias, como as que sofreu em algumas cidades por onde passou durante sua viagem, como no Brasil e no México.

"Mas se essa era a aposta que fizeram, já digo de antemão a esse governo: eles estão enganados. Não vou ficar em outro país, nem vou ficar aterrorizada com atos de ódio", garantiu.

Na capital americana, Sánchez também se encontrou com vários legisladores, entre eles cubano-americanos e críticos de Havana, como os republicanos Ileana Ros-Lehtinen e Mario Díaz-Balart.

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