(Flávio Tavares)
Após arcar com um aumento de 11,2% no preço da gasolina em apenas seis dias, o consumidor será surpreendido hoje com uma alta, desta vez, no preço do gás de cozinha. A Petrobras anunciou ontem um reajuste médio de 12,2% para o botijão de 13 quilos do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP).
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili, o preço do botijão de 13 quilos deve ter aumento médio de R$ 8 para o consumidor em Belo Horizonte. Segundo ele, além do reajuste autorizado pela Petrobras, haverá também um percentual relativo a acordos salariais dos empregados do setor, que será embutido no valor.
Dessa forma, como o preço médio do botijão hoje é de R$ 53,38, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o consumidor deve desembolsar mais de R$ 61 para adquirir o produto.
Gasolina
Na prática, o mês de agosto terminou com o preço médio do litro da gasolina a R$ 3,80. No entanto, ontem, na capital, em alguns postos o combustível já tinha ultrapassado a casa dos R$ 4,10.
Para encher um tanque de 40 litros, por exemplo, o consumidor tem que gastar R$ 12 a mais.
Nos últimos quatro anos, a alta dos combustíveis foi maior do que a inflação do período. Segundo levantamento feito pelo Hoje em Dia com dados da ANP, entre agosto de 2013 e o mesmo mês de 2017, a gasolina registrou uma alta de 39,27%. Mas com os últimos aumentos, esse valor pode ultrapassar 50%.
No caso do diesel, desde o dia 29 de agosto, a alta acumulada é de 8,49%. Entre agosto de 2013 e o mesmo mês neste ano, o reajuste foi de 31,62%. Para o etanol, a majoração nos preços foi de R$ 36,26% em igual período.
No entanto, entre agosto de 2003 e julho de 2017 – último mês divulgado –, o IPCA acumulado é de 30,31%.
Flávio Tavares Mesmo sem aplicar o novo reajuste, posto em BH já cobrava ontem R$ 4,099 pelo litro da gasolina comum
Medida positiva
O professor de finanças do Ibmec e diretor da Valorum Gestão Empresarial, Marcos Melo, explica que a alta dos combustíveis impacta diretamente a vida dos brasileiros, já que todos os bens comercializados têm que ser transportados.
“Para a população, chama a atenção quando sobe, mas ele irá cai em determinado momento. É difícil fazer qualquer previsão, pois, assim como tem ciclos de alta, também tem os de baixa. Recentemente tivemos valores mais baixos no mercado internacional, mas aqui foram mantidos mais altos para compensar as perdas da Petrobras quando os preços foram mantidos artificialmente baixos”, explica Melo.
Álcool pode ser uma boa alternativa para o consumidor
Uma saída para o consumidor tentar minimizar os efeitos do aumento do preço dos combustíveis é o uso do etanol, no caso dos veículos flex. Segundo economistas, a troca passa a ser vantajosa a partir do momento em que o valor do litro do etanol é igual ou inferior a 70% do preço cobrado pela gasolina. O fato de os postos serem obrigados a exibir a relação de preço entre os dois combustíveis auxilia na escolha do cliente.
Em diversos estabelecimentos de Belo Horizonte é perceptível a diferença nos preços.
Em um posto da região centro-sul da capital, o valor do litro da gasolina comum é de R$4,099 e o do etanol é de R$2,899, diferença de 70%, o que justificaria a opção pelo álcool.
Mesmo com a previsão de aumento no preço do etanol nos próximos dias, a tendência é que este ainda continue mais vantajoso para o consumidor.
O novo aumento no valor da gasolina é ainda mais sentido por quem usa o veículo como instrumento de trabalho.
É o caso do representante comercial Amilton dos Santos, que se mostra revoltado com a alta do valor do combustível.
“Eu acho um absurdo. A gente já vem sofrendo com tantos aumentos, agora o combustível não para de subir, isso vai acarretando em mais problemas para o brasileiro. Esse governo tem praticado um desgoverno com relação a esses aumentos no combustível”, afirma.
O representante comercial ainda destaca os impactos do aumento no seu dia a dia. “Quando o combustível aumenta, a gente tem que diminuir outras coisas básicas para as nossas necessidades. Faço uso constante do carro, preciso usá-lo, e isso cria uma situação difícil”, destaca.
A incerteza em relação a futuros aumentos é outro aspecto que vem gerando apreensão aos consumidores.
O motorista Fernando Coelho faz um desabafo sobre mais esse ônus ao bolso do cliente, fazendo questão de responsabilizar os governantes.
“O sentimento é de angústia. Esse aumento é um absurdo. Gera a indignação do povo, porque o governo rouba e quem paga a conta somos nós”.