Deus pediu dedicação à oração, afirma o Papa Bento XVI

AFP
24/02/2013 às 08:58.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:18
 (Alberto Pizzoli)

(Alberto Pizzoli)

CIDADE DO VATICANO, 24 Fev 2013 (AFP) - "Deus me pediu para dedicar-me à oração e à meditação", afirmou neste domingo (24) o Papa Bento XVI para milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para sua última oração do Angelus como pontífice, mas ele explicou que não abandonará a Igreja. "Neste momento de minha vida sinto que a palavra de Deus está dirigida a mim. O Senhor me chama a subir ao monte, a dedicar-me ainda mais à oração e à meditação", disse um emocionado pontífice diante de 100.000 pessoas, que o interromperam várias vezes com aplausos e gritos de "obrigado".   "Se Deus me pede isto é justamente para que possa continuar servindo à Igreja com a mesma dedicação e amor como qual tenho feito até agora, mas de uma maneira mais adequada a minha idade e a minhas forças", explicou o Papa alemão, que em abril completará 86 anos.   O Papa, que deixará o pontificado em 28 de fevereiro, um gesto inédito na história recente da Igreja, recebeu o carinho da multidão reunida na praça, que exibia cartazes e faixas, incluindo uma escrita em italiano: "Querido Papa, vai fazer falta".   Centenas de voluntários ajudaram os peregrinos e turistas que compareceram à audiência histórica, que também coincide com um dia de eleições legislativas vitais na Itália. "Vim para manifestar meu apoio e pedir a bênção", contou o seminarista brasileiro João Paulo, de 26 anos.   O Angelus foi pronunciado da sacada de seu aposento privado no palácio apostólico, como é comum nos meses de verão, pois no inverno costuma acontece na sala Paulo VI, que tem capacidade para 10.000 pessoas.   Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, mais de 100.000 pessoas compareceram à Praça de São Pedro, nada comparável com a multidão registrada por João Paulo II nos meses anteriores a sua morte em abril de 2005.   Como é habitual durante a saudação dominical, o Papa falou em vários idiomas para agradecer aos peregrinos, incluindo em português. "Estaremos sempre perto", concluiu o pontífice.   Na próxima quarta-feira (27), o pontífice presidirá a última audiência geral, que também acontecerá na Praça de São Pedro, um dia antes de sua renúncia.   Bento XVI partirá em 28 de fevereiro de helicóptero para Castelgandolfo, a 30 km de Roma, às 17 horas e às 20 horas (16 horasde Brasília) a renúncia ao papado será efetiva, explicou Lombardi. Todos os atos do Papa previstos para depois de 28 de fevereiro foram anulados.

Escândalos   Mas a despedida está sendo acidentada. Nos últimos dias, a imprensa italiana divulgou escândalos e comportamentos pouco éticos na Cúria Romana que abalaram os quase oito anos de pontificado de Bento XVI.   Segundo o jornal La Repubblica e a revista Panorama, o Papa decidiu renunciar depois de receber um relatório secreto de 300 páginas, elaborado por três cardeais veteranos e considerados inatacáveis.   No documento, eles descreve lutas internas pelo poder e o dinheiro, assim como o sistema de chantagens internas baseadas nas fraquezas sexuais, o chamado "lobby gay" do Vaticano.   Ao contrário do habitual, o Vaticano reagiu no sábado com firmeza e criticou as "informações falsas", "boatos" e "calúnias" publicadas pela imprensa. Também afirmou que esta é uma manobra para "condicionar" o Conclave que escolherá o novo Papa.   Segundo a imprensa, o relatório foi entregue ao Papa em dezembro e havia sido encomendado pelo chefe da Igreja Católica após a explosão do escândalo "Vatileaks", o vazamento de cartas e documentos confidenciais do pontífice e que acabou com a condenação do mordomo de Bento XVI, que acabou perdoado posteriormente pelo pontífice alemão.

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