'Apê’ sem aperto

Alheio à crise, mercado de imóveis de alto luxo oferece moradias de até R$ 20 milhões

Jader Xavier
@ojaderxavier
Publicado em 11/07/2022 às 09:30.
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Da cobertura de 500 m² no Rio, vendida por R$ 42 milhões, ao cubículo pouco maior que um banheiro, que custa R$ 200 mil, em São Paulo, o preço de apartamentos deu o que falar no país nos últimos dias. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, imóveis anunciados na capital mineira também chamam atenção pelo valor e pelas regalias que prometem: por nada menos que R$ 20 milhões, dá para comprar um de quatro suítes e cinco banheiros bem no coração de Belo Horizonte ou até morar em outro onde o elevador leva o carro do dono até o lar, luxuoso lar. 

Consideradas de altíssimo padrão, essa moradias chegam a custar R$ 30 mil por m² – e, não se engane, encontram na cidade um mercado aquecido. 

“Localização, raridade do terreno, infraestrutura de serviços e materiais mais nobres, como o piso e a fachada mais bem elaborada, são alguns dos principais motivos que fazem esses imóveis custarem tanto”, explica o advogado especialista em mercado imobiliário Kênio Pereira.

Além do amplo espaço, essas moradias oferecem, por exemplo, altas tecnologias que conectam um canto da casa ao outro e vagas de estacionamento para vários veículos. “Esses compradores procuram muito qualidade de vida”, resume Kênio.

E nenhum aperto, é claro. Um dos imóveis mais caros à venda atualmente em BH é justamente o de R$ 20 milhões citado no início desta matéria. A cobertura, de 311 m², fica à rua da Bahia. Na mesma região, mas na rua Santa Catarina, um imóvel com dez anos de uso pode ser comprado por “módicos” R$6,5 milhões.

O metro quadrado mais caro de BH está nos bairros Lourdes e Santo Agostinho, na região Centro-sul – R$ 30 mil. Outra região muito visada, mas famosa por condomínios, fica colada na capital.

Em Nova Lima, no Vila Castela, é possível encontrar casas à venda por R$20 milhões, com 1.900 m², sete quartos e nove banheiros.

Público-alvo

E quem compra esses imóveis milionários? Segundo Kênio Pereira, BH tem uma característica muito voltada à prestação de serviços. Por isso, quem reside na cidade são pessoas que trabalham nela. “Funcionários públicos do judiciário e bancos estatais. BH, além de capital, é setor de Estado. Por exemplo, os órgãos federais – que pagam melhor – estão todos aqui. Mas também tem empresários que residem nesses locais, donos de indústrias, médicos e até alguns advogados”.

Presidente da Netimó-veis Brasil, Ariano Cavalcanti de Paula afirma que entre os clientes dele há pessoas que buscam estar mais próximas da natureza e outras que querem morar junto aos centros urbanos. 

“Tem o que quer um condomínio mais afastado e o com perfil estritamente ligado a bairros como Funcionários e Lourdes, centros urbanos com maior comodidade”.

Vendas em alta

Apesar do preço, a venda de apartamentos na Grande BH no padrão super luxo (acima de R$ 3 milhões) está em alta. 

No primeiro trimestre de 2022, a comercialização desse padrão de moradia registrou um aumento de 2,9% em relação ao mesmo período de 2021, segundo pesquisa do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Já os lançamentos registraram alta de 24,3%.

Para o diretor da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato de Habitação em Minas Gerais (CMI/ Secovi-MG), Leonardo Matos, a justificativa para tal aquecimento é que esse público-alvo é menos impactado pela inflação. “Os imóveis encareceram e a taxa Selic subiu. Quando os juros aumentam, a pessoa precisa comprovar uma renda maior para poder comprar aquele apartamento. Se ela já tiver renda alta, continua com o mesmo poder de compra”.

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