Apesar do potencial, investimento em eólica em Minas ainda demora

Rafael Sânzio* - Do Hoje em Dia
07/02/2013 às 07:23.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:47
 (Renova/Divulgação)

(Renova/Divulgação)

SÃO PAULO - Ainda vai levar algum tempo para que os cataventos de geração eólica que começam a ser implantados no Brasil cheguem a Minas Gerais. A Renova Energia, empresa especializada em energia eólica que tem a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) – por meio da Light - no grupo de controle, iniciou estudos sobre o potencial dos ventos do Estado em meados do ano passado, mas os trabalhos só devem estar concluídos no segundo semestre de 2014.

Por enquanto, o foco da empresa está voltado para o sertão da Bahia, onde a capacidade de geração a baixo custo é tão promissora que a região é chamada de “mina de ouro” pelo diretor-presidente da Renova, Mathias Becker.

Minas tem ventos e potencial de geração eólica de 40 gigawatts (GW) a 100 metros do solo, conforme o Atlas Eólico elaborado pela Cemig e divulgado em 2011. Contudo, a Renova prefere trabalhar com um modelo próprio de avaliação, revela o diretor de Relações com Investidores da empresa, Pedro Pillege.


Bacias de ventos

No estágio atual de pesquisas em Minas, são rodados modelos computacionais climatológicos para identificar as chamadas bacias de ventos. Também foram instaladas torres para medir o potencial de geração, que depende de fatores como velocidade do vento, turbulência e duração.

Quanto mais duradouro o vento, maior a confiabilidade dos geradores. “Temos encontrado ventos bons em Minas Gerais, para qualquer padrão mundial”, salienta Pillege, que evita revelar onde foram instaladas as torres de prospecção com o argumento de que não quer despertar a atenção da concorrência.

Apesar de promissores, os ventos mineiros ainda não são mais competitivos do que os que sopram em outras unidades da federação, como na Bahia. Para Minas receber um parque eólico, a força dos ventos também deverá ser mais atraente do que a medida no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Sergipe, onde a Renova também desenvolve pesquisas.


Investimento

A atratividade do sertão da Bahia é tão grande, que ontem a Renova e a Alstom, multinacional francesa do ramo ferroviário e elétrico, anunciaram um acordo de 1 bilhão de euros para o fornecimento de cerca de 440 aerogeradores onshore (adequados para operação no interior) ao longo dos próximos quatro anos. O negócio vai alavancar a ampliação da planta da Alstom em Camaçari, naquele Estado, com a abertura do segundo turno de produção, onde os sócios pretendem desenvolver um cluster de produção de equipamentos.

A transação vai além do simples fornecimento de equipamentos projetados no exterior. Conforme Becker, a Alstom e a Renova adaptaram a tecnologia dos geradores ao perfil dos ventos do parque eólico do município baiano de Caetité, em um processo chamado de “caetitezação”. O esforço se justifica. A região permitiu que a Renova ofertasse energia eólica a R$ 90 por megawatt-hora, valor competitivo diante de outras fontes e um dos mais baixos do mundo.


(*) Viajou a convite da Renova Energia

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por