A moda mineira desfila pelas ruas do mundo. O setor encerrou o ano de 2022 com um crescimento de 64% nas exportações dos produtos de vestuário, calçados e acessórios. Foram 94 milhões de dólares em vendas a países estrangeiros. Um crescimento que foi planejado e ficou muito acima da média brasileira, de 40%, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O destaque ficou para o vestuário mineiro, que cresceu 124%, a maior parte para os Estados Unidos e países sul-americanos, vizinhos do Brasil. Segundo Luci Borges, consultora em negócios de moda, o diferencial que torna a moda mineira tão cobiçada é a singularidade e um caráter “quase artesanal” que fazem as peças serem únicas. “A moda mineira tem uma identidade única e exclusiva que os consumidores amam”, afirma.

Diferencial que conquista compradores como Sueli Lunardi, dona de uma loja que vende moda mineira em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. 

“A Lunardi está focada em sempre oferecer o melhor da moda. Para isso estamos direcionados na moda mineira, que é glamourosa, fina, fashionista e de excelente qualidade”, diz.

Entre os principais exportadores da moda mineira está a Skazi, com fábrica no Prado, em Belo Horizonte. Segundo Vander Martins, diretor executivo da marca, essa qualidade na mão de obra é a marca dos produtores mineiros. 

“Em nossa fábrica temos o mais moderno em tecnologia, mas não abrimos mão de um cuidado na manufatura. Esse toque artesanal, com os bordados, uma alfaiataria de qualidade, é o que diferencia a produção de Minas”, afirma. 

Ele avalia que a presença da moda mineira no exterior poderia ser maior. Porém, é necessário ao empresário saber que o sucesso não vem de primeira. “Para trilhar esse caminho é preciso persistência. Nunca é de primeira. É preciso insistir para conquistar credibilidade do comprador estrangeiro. Tem produtor que vai em uma ou duas feiras internacionais e desiste por não ter os resultados esperados. Mas o segredo é continuar, com planejamento, estratégia e atento às tendências”, diz.

Setor calçadista

Segundo a Fiemg, peças de vestuário e joias mineiras venderam 12 milhões de dólares, mas o principal produto de moda exportada pelos mineiros são os calçados. As vendas do produto chegou aos 81,5 milhões de dólares no ano passado. 

De acordo com a entidade, o crescimento no ramo calçadista chegou a 60% e vem na esteira de um enfraquecimento da China no setor, que permitiu o reaquecimento da indústria em outros países. 

No caso de Minas Gerais, o principal cliente é a Argentina, que compra 41% dos calçados produzidos no Estado.

Ronaldo Lacerda, presidente do Sindicato da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindnova), um dos principais polos de produção calçadista em Minas, conta que desde 2019 o setor tem acumulado bons resultados de exportação, passando de 12 milhões de dólares para um saldo de 36 milhões de dólares no último ano. 

“Durante a pandemia, os insumos aumentaram muito e as empresas tiveram que aumentar preços, mas para isso investiram em novos produtos com mais valor percebido – melhor design, melhor qualidade – e, com isso, tem conquistado mercado”, avalia o presidente.

Segundo ele, essa mudança de perfil nos calçados produzidos em Minas coincidiu com o momento em que o mercado buscava novos fornecedores, por causa das dificuldades de produção na China. E os mineiros souberam aproveitar o momento. Ronaldo avalia que 2023 deve manter os bons números do último ano.

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