Reequilíbrio

'Inflação do aluguel' desacelera, traz alívio para o bolso e reduz conflitos no setor de locação

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
28/07/2022 às 17:20.
Atualizado em 28/07/2022 às 19:10
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

A "inflação do aluguel" desacelerou em julho. Um alívio para os inquilinos que precisam renovar o contrato neste mês e têm o preço da locação corrigido. Utilizado como referência para a correção dos valores dos aluguéis, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou uma alta de 0,21% em julho - contra 0,59% em junho.

A variação no sétimo mês do ano fez o acumulado em 12 meses chegar a 10,08% - índice que deve ser usado nas correções de contratos que vencem neste mês. Abaixo da inflação (11,89% - IPCA) e da taxa Selic (13,25%).

O índice também está bem abaixo dos 33,83% registrados no ano passado, o que gera um refresco no orçamento dos inquilinos que precisam renegociar contratos e que viveram um verdadeiro pesadelo durante a pandemia.

Para o diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis, Kênio Pereira, além do alívio no bolso, a redução do índice traz mais segurança jurídica na hora da renegociação.

Ele ressalta que o cenário registrado em 2021, quando o IGP-M foi quase quatro vezes maior que o IPCA de 10,06%, índice oficial de inflação medido pelo IBGE, foi um “ponto fora da curva”, que resultou em muitas quebras de contrato e negociações diferentes do previsto.

Agora, segundo ele, as coisas devem voltar ao normal. “A queda no índice traz tranquilidade e segurança para o setor, que retorna a um cenário de normalidade. Já houve momentos em que os índices de preços davam resultados divergentes, mas nunca tão acentuados como no ano passado”, diz. 

Segundo Kênio Pereira, o setor de locações de imóveis determina preços de acordo com a demanda. Um imóvel com mais procura terá um preço mais elevado, e nos casos em que o reajuste pelo IGP-M colocou o valor do imóvel muito acima do preço do mercado, houve desistência dos locadores.

Causas

De acordo com André Braz, coordenador dos Índices de Preços na Fundação Getúlio Vargas, responsável pela elaboração do IGP-M, a desaceleração nos índices se deve, principalmente, a uma queda nos preços de commodities e pela redução do preço dos combustíveis, que acabaram se refletindo no índice de inflação.

“Preços de commodities importantes estão cedendo, refletindo os riscos de um cenário macroeconômico pouco animador. Segundo o índice ao produtor, ocorreram recuos importantes nos preços do minério de ferro, do milho e da soja. No âmbito do consumidor, a redução do ICMS da energia elétrica e da gasolina influenciaram destacadamente”, pontua o economista.

O IGP-M é medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a instituição, alguns  produtos que tiveram maior impacto para alta do índice foram o óleo diesel (12,68%), leite longa vida (21,83%), carnes (4,43%) e planos de saúde (1,17%).

Em compensação, os que contribuíram para a desaceleração foram minério de ferro (-11,98%), tomate (-18,26%), gasolina (-7,26%) e etanol (-9,41%).

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