Mercado nervoso

Prolongamento da guerra provoca turbulência nos investimentos em dólar e bitcoin

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
01/04/2022 às 06:30.
Atualizado em 01/04/2022 às 12:37

O prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia tem provocado grandes variações em alguns ativos do mercado financeiro e colocado investidores em alerta buscando formas de proteger seu dinheiro. Desde o início do conflito, em 24 de fevereiro, o dólar, geralmente utilizado pelos investidores para proteção de patrimônio, acumulou uma queda de 8%.

Já as criptomoedas, associadas a ativos de risco, terminaram o mês com valorização, como no caso das Bitcoins, com alta de 10,3%. “Essas moedas costumam subir em momentos de crise, pois muitos investidores buscam esses ativos como proteção de restrições institucionais aplicadas pelos bancos centrais e agências reguladoras dos Estados”, analisa o economista Eduardo Coutinho, coordenador do curso de Administração do Ibmec.

Para se ter uma ideia, o dólar estava cotado a R$ 5,16 no início da guerra e foi cotado a R$ 4,74 nesta quinta-feira (31). No outro lado da balança, o Bitcoin terminou o mês custando R$ 216,7 mil, cada, enquanto no dia 24 de fevereiro, a relação era de R$188,9 mil para cada Bitcoin.

Para o professor Carlos Lopes, assessor de investimentos da Aspen Investimentos, durante uma guerra, os países podem fazer emissão de moedas e provocar um processo inflacionário que desvaloriza as moedas nacionais. Segundo ele, essa é uma das razões que prejudicam o desempenho do dólar e favorecem os bitcoins e criptomoedas. “Esse tipo de ativo está desvinculado de bancos centrais e tem uma emissão independente dos governos, por isso é utilizado para proteger moedas em momentos de alta inflacionária”, disse.

O risco, segundo os especialistas, é que as criptomoedas não têm lastro. “Elas não tem lastro nem controle institucional, isso atrai um tipo de investidor, mas também não existe um controle sobre a oferta, esse é o maior risco”, afirma Eduardo Coutinho.

Carlos Lopes, da Aspen Investimentos, concorda. Segundo ele, “elas não são moedas oficiais. Esse é o risco. O momento de guerra é na realidade um grande teste para as criptomoedas. Não se sabe ainda como as criptomoedas irão reagir nesse momento. É um tipo de moeda que, até agora, sofre muito com questões especulativas e a guerra é um grande teste”, ressaltou.

Apesar disso, Lopes afirma que o dólar continua sendo uma boa forma de proteção. “Em momentos de conflitos, de insegurança, as pessoas buscam esta estabilidade, pois acreditam que estão investindo em uma moeda, em uma mercadoria, segura”, salientou.

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