Contrata-se

Supermercados têm vagas, mas não conseguem atrair os trabalhadores

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 19/10/2022 às 07:00.
Feira do setor supermercadista está sendo realizada no Expominas até esta quinta-feira (20), mostrando tendências e novidades (Maurício Vieira)

Feira do setor supermercadista está sendo realizada no Expominas até esta quinta-feira (20), mostrando tendências e novidades (Maurício Vieira)

O fim do ano chega com promessas de grandes vendas e geração de empregos no setor de supermercados. Natal, Ano Novo, Black Friday e Copa do Mundo devem aumentar a demanda dos consumidores e, pelas contas da Associação Mineira de Supermercados (Amis), vão gerar 5,1 mil empregos neste último trimestre.

 Vagas que se somam a outros 9,5 mil novos postos de trabalho criados pelo setor em 2022, que entre janeiro e agosto viu a demanda de serviços crescer 7,8%. Porém, apesar da abundância de vagas e dos números positivos, os supermercados mineiros não conseguem preencher todos os espaços disponíveis. “Se a gente está vendendo mais, a gente precisa de mais gente para trabalhar. Nós precisamos de muita mão de obra. Não é um setor automatizado, a gente depende de gente. As pessoas gostam dessa relação de afeto com pessoas, que fideliza. Mas estamos procurando gente para trabalhar e não achamos, mesmo para primeiro emprego”, afirma o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Poni.
 
“Eu tenho certeza, quem está precisando de trabalho pode procurar um supermercado que vai ter vaga”, diz. Os dados foram apresentados durante a Superminas, evento do setor varejista de alimentos que reúne as principais empresas e fornecedores supermercadistas. A Superminas começou nesta terça-feira (18) e segue até amanhã (20), no Expominas, em Belo Horizonte.

O presidente da Amis destaca que esse desafio vivido no Brasil já é enfrentado em outros países, como os Estados Unidos, onde, segundo Poni, existem supermercados com dificuldades para funcionar por falta de mão de obra. Ele ressalta que o Brasil não enfrenta qualquer risco de desabastecimento, mas que a dificuldade de encontrar mão de obra é real.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje no Brasil há 10,1 milhões de trabalhadores procurando emprego, o que corresponde a 9,3% da população brasileira em idade de trabalhar, ou seja, com 14 anos ou mais. 

Vagas e salários
Executivo de Recursos Humanos em uma grande rede varejista de supermercados, Wanderson Ferreira acompanha o setor há mais de 20 anos e diz que as vagas disponíveis são diversas e se dividem em dois grupos muito diferentes. 

Um tipo de vaga, que é a maioria, é composto por funções que não exigem qualificação prévia, como repositores e caixa. Outro grupo é composto por atividades que requerem uma formação técnica específica, como padeiros e açougueiros. 

No caso dos trabalhadores com menor qualificação técnica, as remunerações respeitam os acordos coletivos de trabalho e, geralmente, ficam próximas do salário mínimo (hoje em R$ 1.212). Nos casos de funções com exigência técnica, os salários variam de empresa para empresa e levam em consideração a média do mercado.

Questionado se os salários pagos no setor afastam os trabalhadores, Wanderson repete a opinião do presidente da Amis e nega. Segundo ele, é uma questão específica do momento, de uma época marcada por um grande pessimismo econômico, mas que deve se alterar à medida em que a oferta de vagas se tornar mais constante.

Na avaliação do executivo, muitos dos trabalhadores considerados desempregados acabam buscando algum tipo de atividade informal para pagar as contas e isso os afasta do mercado formal. 

Wanderson acredita, no entanto, que a retomada do crescimento econômico pode ser a chave para atrair os trabalhadores. “O setor de supermercados não pede experiência e qualifica seus funcionários, é o maior formador de mão de obra para outros setores, oferecendo oportunidades e treinamento. Trabalhar na formalidade significa ter direitos, ter acesso a benefícios, como planos de saúde, e à medida em que a disponibilidade de vagas se tornar mais constante, esses benefícios irão atrair a atenção dos trabalhadores”, avalia.

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