Eduardo Cunha garfava 80% da propina

Agências Folhapress e Estado
02/07/2016 às 09:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:08
 (Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

(Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

O ex-vice-presidente da Caixa Fabio Cleto afirmou em delação premiada que teve reuniões semanais com o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quatro anos para tratar de um esquema de propina envolvendo o FI-FGTS. Disse ainda que o parlamentar embolsou 80% dos recursos desviados. A delação deu origem à operação Sépsis, deflagrada ontem. 

Os encontros teriam ocorrido no apartamento funcional de Cunha em Brasília e depois na residência oficial da Presidência da Câmara, quando o peemedebista assumiu o comando da Casa, em fevereiro de 2015. 

Além dos dois, o esquema envolvia o corretor de valores Lucio Bolonha Funaro e seu assessor Alexandre Margotto. Segundo a Procuradoria-Geral da República, “do valor total da propina informada, a divisão era a seguinte: 80% para Eduardo Cunha, 12% para Funaro, 4% para Cleto e 4% para Margotto”. 

Cleto afirmou que cobrou vantagem indevida de uma série de empresas que apresentavam projetos no âmbito de sua vice-Presidência. 

“Nas reuniões, Cleto, violando dever de sigilo funcional, passava a Eduardo Cunha todos os projetos que estavam em tramitação dentro da área do FI-FGTS e da Carteira Administrada assim como o estágio em que se encontravam. Cleto tinha acesso às informações porque recebia a pauta do que seria levado a votação com duas semanas de antecedência à reunião. Tais fatos deveriam permanecer em sigilo”, escreveu o procurador-geral da República Rodrigo Janot. 

“Eduardo Cunha ou Funaro passavam a Fábio Cleto qual deveria ser a sua posição na votação de cada projeto, se favorável, contrária ou neutra no processo de aprovação. Por vezes, Eduardo Cunha respondia imediatamente, mas em outras situações pesquisava a empresa, entrava em contato com seus representantes e posteriormente dava a ordem a Cleto. Também ocorria de haver pedido de protelação do projeto, por exemplo com pedido de vista. De toda sorte, após aprovadas as operações, Eduardo Cunha ou Funaro confirmavam a Fábio Cleto se havia sido cobrada propina e qual valor. Além dos encontros semanais, Cleto conversava com Eduardo Cunha via Blackberry Messenger (BBM)”, completou.


Nova denúncia
A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu nova denúncia contra o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na “Lava Jato”, por suposto envolvimento em esquema de corrupção na Caixa. A acusação também tem como alvo o ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o corretor Lúcio Funaro, seu assessor, Alexandre Margotto, e o ex-vice-presidente da Caixa Econômica, Fábio Cleto. 

A informação consta de decisão do ministro Teori Zavascki, divulgada ontem na qual fundamenta a prisão de Funaro, amigo de Cunha. “Destaca-se, ainda que o requerido (Funaro) foi recentemente denunciado nesta Corte, juntamente com o deputado federal Eduardo Cunha e outros, pela suposta prática de crimes, em razão do envolvimento ‘na implantação e no funcionamento do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado à Caixa Econômica Federal, ao menos entre os anos de 2011 e 2015”, afirmou o magistrado. Esta é a terceira denúncia contra Cunha na Lava Jato.

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