Eleição hoje no Paraguai pode marcar fim da crise

Agência AFP
21/04/2013 às 12:55.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:00

Assunção - Os locais de votação abriram as portas no Paraguai neste domingo às 7h00 (8h00 de Brasília) para uma eleição que marca o fim da crise política desde a destituição do esquerdista Fernando Lugo há 10 meses. O milionário Horacio Cartes, de 56 anos, novato na política e que se apresenta como a renovação do Partido Colorado, que governou o país de 1947 a 2008, e o senador governista Efraín Alegre, de 50, que busca consolidar os liberais no poder, são os favoritos de acordo com as pesquisas, com entre 35 e 40% das intenções de voto.

No total, 3,5 milhões de paraguaios devem votar nas mais de 17.000 seções eleitorais do país, que permanecerão abertas até 16H00 (17H00 de Brasília). Os resultados preliminares devem ser divulgados às 20H00 (21H00 de Brasília).

A esquerda, dividida em dois grandes grupos desde a queda de Lugo, luta para ser a terceira força. O ex-presidente e ex-padre católico, destituído em junho de 2012 por um julgamento político sumário por "mau desempenho de suas funções", após um conflito de terras que deixou 17 mortos, é candidato ao Senado.

Mais de 300 observadores estrangeiros e 1.200 nacionais supervisionarão as eleições, incluindo representantes do Mercosul e da Unasul, fóruns regionais dos quais o Paraguai foi suspenso após a destituição de Lugo.

Com a eleição do sucessor de Federico Franco, que assumiu após o julgamento político que tirou Lugo do poder em junho passado, o Paraguai, quarto maior exportador de soja do mundo e décimo de carne, busca a normalização institucional depois de ter sido suspenso do Mercosul e a Unasul pelos aliados políticos do ex-mandatário.

Em um país amplamente marcado pela corrupção, pela pirataria e pela impunidade, e conhecido como o segundo maior produtor mundial de maconha e rota da cocaína boliviana, a campanha eleitoral foi marcada por uma intensa troca de insultos e por referências à "narcopolítica", assim como pelo desvia de recursos estatais.

Cartes, Conhecido por suas conquistas à frente de um grupo de 25 empresas e como presidente do clube de futebol Libertad, é um 'outsider' da política que se filiou ao Partido Colorado em 2009 e votou pela primeira vez em sua vida um ano depois.

O bem-sucedido empresário assegura que não só será capaz de levar os colorados de volta ao poder, do qual foram retirados em 2008 por Lugo depois de 61 anos ininterruptos, como é o mais bem preparado para captar investimentos e combater a pobreza, que, segundo a Cepal, aflige 49,5% da população.

"Se Deus me deu habilidades na vida empresarial, acredito ter condições para usar essas habilidades na política", disse em entrevista à AFP Cartes, um homem divorciado com três filhos que se apresenta como um pai para todos os jovens paraguaios.

Já Alegre, um advogado que se define como de centro-esquerda e que militou desde muito jovem contra a ditadura do general Stroessner (1954-1989), tem como principal bandeira o combate à pobreza, principalmente no campo, onde se concentra 85% da indigência. Para isso, ele promete criar cerca de 200.000 postos de trabalho por ano.

Apoiado por uma aliança com colorados dissidentes e com os seguidores do caudilho Lino Oviedo, falecido em fevereiro em um acidente de helicóptero durante sua campanha, Alegre, casado e pai de quatro filhos, disse representar o "Paraguai decente contra o Paraguai das máfias" e acusa seu rival de ligações com o narcotráfico.

Cartes "é a reafirmação do modelo do contrabando, da máfia, da pirataria", disse Alegre à AFP.

Entre os colorados, os liberais são chamados de "quadrilha de ladrões", responsáveis pelo desvio de cerca de 25 milhões de dólares, na época em que Alegre era ministro de Obras Públicas.

A esquerda, separada da aliança com os liberais que levou Lugo ao poder, se apresenta em dois grandes grupos: a Aliança País, uma união de formações democrata-cristãs e correntes marxistas históricas, e a Frente Guasú (FG, Frente Grande, em guarani), que reúne movimentos socialistas ruralistas liderados por Lugo.

O ex-presidente e ex-bispo católico de San Pedro, um dos departamentos mais pobres do país, foi destituído pelo Congresso no dia 22 de junho de 2012 por "mau desempenho de suas funções" após um conflito de terras em Curuguaty, 250 km a nordeste de Assunção, que deixou 17 mortos.

No momento, como primeiro candidato ao Senado pelo FG, Lugo, para quem o processo que o derrubou do poder foi um "golpe parlamentar" de liberais e colorados, acredita que a esquerda se consolidará como a terceira força parlamentar e chegará ao poder em 2018.

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