Após Gramado, protestos devem se acirrar no festival de Brasília, no fim do mês

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
05/09/2016 às 09:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:41
 (Edison Vara/ PressPhoto)

(Edison Vara/ PressPhoto)

GRAMADO – Mais associado ao glamour e às celebridades, o 44º Festival de Cinema de Gramado se tornou um grande ato político, encerrando a sua realização, na noite de sábado, na serra gaúcha, com a reunião de vários produtores, diretores, atores, jornalistas e técnicos de cinema no palco, lendo um manifesto e empunhando cartazes como “Diretas Já” e “Democracia”.

Curiosamente, o mesmo festival exibiu, na abertura e fora de competição, “Aquarius”, filme que, em Cannes, onde disputou a Palma de Ouro, causou frisson quando sua equipe exibiu cartazes atentando para o golpe na democracia do país. Essas manifestações devem se acirrar no Festival de Brasília, no fim do mês, que sempre teve um teor mais político.
 Cleiton Thiele/ PressPhoto

DESTAQUE - Mineira Andréia Horta ganhou o troféu Kikito de melhor atriz


Frases como “Fora Temer” foram comuns durante quase todas as sessões do festival. A mineira Andréia Horta, que ganhou o Kikito de melhor atriz pelo papel-título de “Elis”, citou a canção “Velha Roupa Colorida”, ao destacar que “no presente a mente, o corpo é diferente, e precisamos todos rejuvenescer. É tempo de luta, vamos juntos”.

Minas também subiu ao palco com o curta-metragem “Aqueles Cinco Segundos”, de Felipe Saleme, produção de Juiz de Fora que faturou os troféus de melhor direção e atriz, para Luciana Paes.

Grande vencedor entre os curtas, ganhando nas categorias melhor filme, roteiro, prêmio especial do júri para a atriz Maria Alice Vergueiro e prêmio Canal Brasil, “Rosinha” tem origens mineiras, como fonte de inspiração para a história de um triângulo amoroso formado por um casal de idosos e um amigo, numa cidade do interior.

Paulo Tiefenthaler foi uma das surpresas, ao ganhar o troféu de melhor ator por “O Roubo da Taça”, quando os favoritos eram Caio Blat (“Barata Ribeiro, 716”) e Leonardo Sbaraglia (“O Silêncio do Céu”).


Prestes a completar 80 anos, na próxima semana, o veterano diretor Domingos Oliveira fez a plateia contar com ele até 79, destacando em seguida que a vida não é curta, mas “curtíssima”. Com Mal de Parkinson e dificuldades para se locomover, sendo apoiado por atores como Caio Blat, seu alter ego em “Barata Ribeiro, 716”, Domingos ganhou pela primeira vez o Kikito de melhor filme.Edison Vara/ PressPhoto

MELHOR FILME - Equipe de "Barata Ribeiro, 716", entre eles o diretor Domingos Oliveira


Considerado uma espécie de Woody Allen brasileiro, Domingos também ganhou o prêmio de direção e trilha sonora, composta por ele. Em seu discurso, assinalou que não gosta do termo filme de arte, preferindo filme útil. Para o diretor, os filmes do tipo blockbuster são importantes apenas para sustentar o cinema útil.

Caio Blat era apontado como favorito para o prêmio de melhor ator, por causa sua “encarnação” de Domingos quando jovem – “Barata Ribeiro” firma, segundo o diretor, uma trilogia com “Todas as Mulheres do Mundo” e “Edu, Coração de Ouro”, seus dois primeiros filmes, lançadas na década de 60. Mas deve ter pesado na decisão do júri o fato de Caio já ter vencido outras duas vezes na serra gaúcha.

O ganhador da categoria, Paulo Tiefenthaler agradeceu a Antônio Abujamra, diretor e ator falecido no ano passado, que lhe aconselhou a não deixar a profissão, mesmo nos momentos de dificuldade. “Ele me disse para, se precisar, coma o taco do palco, mas que não era para desistir”, lembrou.

Protagonizado por Carolina Dieckman, “O Silêncio do Céu”, de Marcos Dutra, ficou com a “medalha de prata”, ao receber o Prêmio Especial do Júri, além de ser escolhido como o melhor filme pelo júri da crítica e levar a estatueta de melhor som.

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