Depois de um hiato de dez anos, ator Carl Schumacher está de volta a BH

Pedro Artur - Hoje em Dia
05/01/2015 às 09:10.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:33
 (Carlos Rhienck)

(Carlos Rhienck)

O ator e dramaturgo Carl Schumacher, 52 anos, está de volta a Belo Horizonte, de onde ficou afastado por dez anos. Nesse tempo, atuou em diversas novelas e minisséries de TV – SBT, Globo e Band. Mas, também, passou por um drama pessoal: a perda da mãe, Marlene, vitimada pelo Mal de Alzheimer e um câncer. Carl entrou em depressão, e se recuperou por meio do trabalho e da literatura. Além da peça “Abstinência: A Engraçada Greve da Indecência”, que fica em cartaz até o dia 15 de março, no Ideal Café Teatro, em Santa Tereza, ele está em fase final de escrita do romance “Aldebarã”, que pretende lançar ainda este ano.   Carlos virou Carl por conta, segundo ele, de sua madrinha no teatro, a diva Tônia Carrero. “Ela disse: ‘Assim não dá certo, Carlos é um nome latino, e Schumacher alemão. Então sugeriu para tirar o ‘o’ e virou Carl”, brinca o dramaturgo, com mais de 80 peças, entre as quais os sucessos “Amor de Vampira” e “Cama das Camélias”. Carl Schumacher estreou no teatro aos 15 anos com a peça “Maria Minhoca”, de Maria Clara Machado.    Sobrinho do ator famoso Carlos Kroeber (1934-1999), ele conta que não recebeu qualquer ajuda. O tio não dava colher de chá: ele teve que se virar. E se virou.    O que você fez nesses dez anos em que esteve afastado da cena teatral e cultural de BH?   Fui embora em 2004 para São Paulo, porque fui convidado pelo SBT para fazer a novela “Esmeralda”, que está sendo, inclusive, reprisada agora à tarde, pela terceira vez. É o maior sucesso do Sílvio Santos nesse setor de novelas. Depois, estava no SBT e fui convidado para ir para a Globo, direto. Lá fui fazer “Amazônia” (2007), estava dentro do Projac. O Carlos Manga me viu e disse que me queria na próxima novela das seis, que era “Eterna Magia” (2007). Ele estava procurando um ator com o meu típico físico. Depois, fiz “A Grande Família".   Então, depois disso, continuou na Globo. Ou preferiu fazer outra coisa?   Voltei para Belo Horizonte, porque minha mãe estava começando a ficar adoentada, vim ficar com ela. Daí pintou outro convite para ir para São Paulo, para fazer a novela “Água na Boca” (2008, na Band) que também foi muito legal. Saí da Band, voltei para BH, mas mal tinha chegado, a Globo me chamou de novo para fazer uma participação na novela “A Favorita” (2008/2009).   Aí você larga tudo e volta para Belo Horizonte para cuidar da mãe...   Descobrimos que ela estava com câncer. Foi um processo depressivo de cuidar dela, na fase final. Aí foram seis meses assim. Estava em Belo Horizonte, mas ninguém me via. Não saía do hospital não tinha cabeça para trabalhar. Quando ela faleceu, estava muito deprimido e muito cansado.   Como superou esse drama? Buscou algo no teatro, na literatura?   Fui para o interior do Rio Grande do Sul, para descansar, em uma cidadezinha chamada Tenente Portela. É uma colônia de suinocultores alemães e italianos. Mudei radicalmente. Lá comecei a escrever um romance, que está quase pronto. Na verdade, são três volumes, acabei dois, falta o terceiro. De lá fui para Porto Alegre para trabalhar numa produtora de vídeo, para desenvolver dois programas para a TV a cabo. Um para adulto, inspirado em minha peça “Amor de Vampira”, e outro infantil “Salamaleque”, um universo mais mágico.   Como foi essa experiência de trabalho. E o que dá para aplicar em BH?   Eu até tentei de forma prática. Quis fazer um curso de TV para atores locais. Achei que as pessoas estariam interessadas, porque hoje o grande mercado para o ator é a televisão. Abri um curso, mas curiosamente não houve interessados. A não ser gente muito leiga, e não era o caso. Acabei desistindo, as pessoas que apareceram eram meio deslumbradas, o sonho era encontrar a Xuxa no Projac.   Agora você está com a peça “Abstinência: A Engraçada Greve da Indecência”. Como tem sido a recepção do público?   A montagem é inspirada em "Lisístrata", de Aristófanes, mas mudei muito o texto. Troquei, inclusive, a personagem principal, a Lisístrata, por um semideus hermafrodita. Estreei com a protagonista original, mas não repercutiu muito bem, não. Era uma viúva que perdeu o marido na guerra. As pessoas não queriam ver isso. Acho que agora ficou mais divertido.   Além da peça, que outros planos tem para este ano?   Pretendo terminar o livro. Isso está até me causando problema de coluna, porque fico 14 horas sentado à frente do computador. Eu sou daqueles que, apesar de usar notebook, não consigo levá-lo para aonde vou. Coloco na escrivaninha e fico ali, sentado. E quando estou escrevendo, esqueço até de comer e, às vezes, quando o telefone toca, levo um susto, porque volto para meu universo "careta". A série (o livro) se chama “Aldebarã”.    Do que o livro trata?   Nasceu de uma peça teatral que escrevi para meus alunos, na minha escola, a Gesto, em 1994. Tinha personagens demais, figurinos demais, ficou cara e nunca montei. Comecei adaptar para filme, mas descobri que dava muito mais. Estava no Sul, no mato, comecei a fazer o romance, na linha do “Senhor dos Anéis”. Sem querer ser pretensioso, pois não tenho essa capacidade. Mas é um outro universo, onde os seres têm patas de bodes, têm chifres, mas têm ações e reações humanas.

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