Grupo mineiro de punk/hardcore disponibiliza EP “O Ovo da Serpente”, disco conceitual com forte teor político-social e letras de teor subversivo, a partir desta sexta-feira (25) (Credito: Felipe Prado/Divulgação)
Há mais de 20 anos destilando punk rock visceral e vociferando letras ácidas, questionadoras e subversivas, o DOPS Banda de Protesto lança em 25 de novembro mais um EP, que faz jus à sua tradição.
Intitulado “O Ovo da Serpente”, a produção do quarteto belo-horizontino traz quatro faixas conectadas entre si e que se complementam como capítulos de um livro.
Grande parte das ideias inseridas no conteúdo lírico presente no álbum é inspirada em fatos político-sociais ocorridos no Brasil de 2013 a 2020.
A pandemia acabou atrasando os planos de Silva Dops (vocal), Tefo HC (bateria), Cahue (baixo) e Victor Terror (guitarra), mas em novembro de 2021 eles se “enfurnaram” no estúdio Engenho, do premiado André Cabelo, guitarrista da clássica banda de thrash metal Chakal, para as gravações do novo play.
Mixado e masterizado entre janeiro e março de 2022 e com arte de capa assinada pelo cartunista Francisco Marcatti, o disco enfim chega às plataformas digitais.
O vocalista Silva ressalta que “as letras abordam as sementes de uma polarização política no Brasil, que vem crescendo desde as manifestações da Copa das Confederações no Brasil em 2013”.
E aproveita a deixa para explicar a conexão do título do álbum com suas quatro faixas. “De lá para cá começou a se chocar um ovo de uma serpente, que tem crescido no ventre da sociedade, onde o discurso de ódio, a truculência, a desigualdade e o autoritarismo estão cada vez mais sendo usados por parte considerável da população. Sementes da guerra social de um país que dança no abismo do caos social”, diz.
A faixa-título, inclusive, faz referência à obra de mesmo nome do icônico diretor sueco Ingmar Bergman (1918-2007), lançada em 1977. “Porém, a letra aborda a ascensão política da extrema direita no Brasil, que agiu de forma agressiva, ofensiva e antidemocrática para se alçar ao poder”, enfatiza Silva.
As outras faixas são intituladas “Auschwitzel”, “20 Centavos”, contando com arranjos de guitarra elaborados por Giovanni Amorim, da banda mineira de punk Offensor, e “Sementes da Guerra”, todas com viés questionador e donas de um som ríspido com o selo de qualidade “DOPS”.
20 anos da DOPS Banda de Protesto
Tudo começou em 2001, com o propósito de tocar mais alto e veloz possível, tendo como principais influências as bandas de punk rock e hardcore do Brasil, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos.
Segundo o grupo, as temáticas das letras do DOPS tinham como fonte a "realidade caótica brasileira e da América do Sul, com seus esqueletos autoritários, ditadores de pijama e charlatões da fé". Livros, filmes e documentários ajudaram na construção.
“O Ovo da Serpente” é o quinto lançamento do grupo. Antes, o DOPS havia lançado a demo “Pau-de-Arara” (2002), a compilação “BH Caos” (2013), o primeiro full-length, “Banda de Protesto” (2014), e o EP “Tocando Hardcore” (2020).
Esses trabalhos e a atitude insana nos shows renderam ao grupo a possibilidade de dividir palco com importantes bandas do cenário nacional e internacional do punk e metal, como CJ Ramone, Ratos de Porão, Cólera, The Exploited, The Varukers, Olho Seco e Pacto Social, entre outros grandes nomes, em várias cidades do Brasil.
Em 2019, fez sua primeira turnê pela Europa, tocando no Rebellion Festival, o maior evento punk do planeta, e, em seguida, emplacou outros shows pela Inglaterra, República Tcheca, Áustria, Alemanha e Holanda. Em 2023, a banda prepara mais uma turnê pela Europa, e um disco cheio, também gravado e produzido por André Cabelo.
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