CINEMA

Em alto e bom som: mineira Fernanda Starling consolida carreira em Hollywood

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
20/06/2022 às 07:02.
Atualizado em 20/06/2022 às 16:37
Fernanda está há 12 anos em Los Angeles trabalhando como técnica de som direto, assistente de mixagem e editora de áudio (Arquivo Pessoal)

Fernanda está há 12 anos em Los Angeles trabalhando como técnica de som direto, assistente de mixagem e editora de áudio (Arquivo Pessoal)

No palco do Dolby Theatre, uma das canções indicadas ao Oscar é apresentada. Lá fora, num caminhão com equipamentos tecnológicos de última geração, uma mineira está entre as responsáveis para que, à frente de um sistema chamado Pro Tools, nada dê errado na transmissão do áudio da performance.

“No começo, morria de medo de o equipamento travar”, diverte-se Fernanda Starling, uma das profissionais mais requisitadas em Los Angeles para trabalhos como técnica de som direto, assistente de mixagem e editora de áudio. Tanto é assim que, no status de seu WhatsApp, ela escreveu: “Tô e não tô”.

A expressão tipicamente mineira é um dos resquícios de sua origem – nascida em Itabira, ela morou no bairro Serra, em Belo Horizonte, até que, em 2010, deu um novo rumo à sua vida, ao se mudar para a meca do cinema. Passados 12 anos, ela já tropeça nas palavras em português nesta entrevista ao Hoje em Dia.

Antes de embarcar para os Estados Unidos, onde iniciou um curso na Universidade da Califórnia (UCLA), ela trabalhou no estúdio de André Cabelo, um dos principais técnicos de som de BH. Baixista de bandas de rock  e  jornalista, Fernanda até então nunca tinha percebido o áudio como uma possibilidade de desenvolver carreira.

“Cabelo me explicou que iria me ensinar e que, se eu me dedicasse full time, poderia, em determinado momento, realizar trabalhos sem depender dele. Não receberia nada de início. Seria como um investimento. Por sorte, sempre fui de guardar dinheiro”, lembra Fernanda, já indicando o caminho das pedras para chegar a Hollywood.

“Sempre estive  disponível para estar nos lugares, para assistir ao trabalho de outros profissionais e aproveitar as oportunidades que apareciam”, registra. Foi assim que, após um dia de aula na UCLA, ela perguntou ao professor Pablo Munguia, ganhador de sete prêmios Emmy, se podia acompanhar um dia de trabalho dele.

“Munguia é um engenheiro especializado em playback, fazendo todas os ‘award shows’ (cerimônias de premiação) daqui. Eu pedi, ele topou e, em pouco tempo, comecei a trabalhar como assistente. As pessoas me viam montando o equipamento de Pablo e, quando alguém não estava disponível, meu nome era sugerido”, assinala.

Outra mantra de Fernanda é “estar na hora e lugares certos, algo que acontece com frequência por aqui”. Em 2013, ela percebeu uma demanda para profissionais de som direto e investiu na aquisição de um equipamento próprio. Um mundo se abriu para ela, com participações em comerciais e documentários.

Um de seus trabalhos mais recentes é “Strip Down, Rise Up” (2021), feito para a Netflix, sobre o universo da pole dance. O mesmo tema, coincidentemente, aparece em “Zola”. Depois de muito tempo em Los Angeles, o filme marcou a primeira vez em que teve uma mulher num cargo acima do dela no departamento de áudio.

Um dos sonhos atuais de Fernanda é retomar o seu envolvimento com a música de Minas Gerais. “Gostaria de restabelecer meus contatos com os artistas de Belo Horizonte e apresentar uma proposta mais nova, remixando as músicas para um som imersivo. Vejo agora uma abertura de demanda para novos conteúdos”, adianta. 

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