Ex-integrantes do Uakti, Paulo Santos e Artur Andrés estão com novos projetos

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
16/09/2016 às 19:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52
 (Alexandre Nunis / Divulgação)

(Alexandre Nunis / Divulgação)

Há quase um ano, o público se deparava com a notícia do fim do Uakti. O grupo, que ao longo de 37 anos impressionou por realizar uma música inventiva a partir de instrumentos inusitados, deixaria de realizar shows e discos. De lá para cá, os ex-integrantes do grupo têm buscado novos caminhos musicais. Caso do percussionista Paulo Sérgio Santos, que acaba de lançar um disco com a banda de rock instrumental Hurtmold. Lançado pelo Selo Sesc, “Curado” traz a inventividade do músico mineiro, que assume instrumentos diferentes, como flauta de PVC, flauta de bambu, violão com arco e kalimba elétrica. 

“São instrumentos que ganhei ao longo da minha carreira no Uakti. Sempre ganho instrumentos inusitados em minhas viagens. Tem, por exemplo, um erhu, um instrumento chinês de duas cordas que andei praticando e se encaixou com a música e um garrafão de água que ganhei de um americano e tem uma sonoridade linda”, conta Paulo. 

A parceria entre o percussionista e o Hurtmold nasceu há oito anos, quando o sexteto paulista o convidou para uma participação em show. Houve química e várias outras participações aconteceram. “O disco foi inevitável. O show estava muito bem casado e o encontro meu com a banda estava cada vez dando mais certo. Foi um caminho natural que terminou em um CD muito interessante, com uma força muito grande”, conta Paulo, que tem tido mais tempo para atender aos convites dos amigos para trabalhos – como a apresentação que faz no próximo sábado, às 21h, no Tambor Mineiro (rua Ituiutaba, 339, Prado). Paulo também pretende dar início à carreira solo com o show “Pílulas Sonoras”, com direção do videomaker Éder Santos e poesias de Vera Casanova. 

Interesse

Guilherme Granado, tecladista do Hurtmold, acredita que muita gente do público da banda passou a se interessar pelo Uakti depois de ter visto Paulo Santos no palco. “As pessoas ficam impressionadas porque os instrumentos são inusitados e o som é muito bonito”, conta o músico, reforçando que espera ter outros registros com Paulo. Sylvio Coutinho / Divulgação Em família – Futuro grupo de Artur Andrés (à direita) vai contar com sua esposa, a pianista Regina Amaral, e seu filho, o flautista Alexandre Andrés

 Artista apresenta composições inéditas no grupo Ensemble
O flautista Artur Andrés Ribeiro também se prepara para uma nova empreitada. Ele tem reunido instrumentos diferentes para montar um grupo com músicos importantes da cena instrumental de Belo Horizonte, como Felipe José e Rafael Martini. 

Sua esposa, a pianista Regina Amaral, e seu filho, o flautista Alexandre Andrés, também fazem parte do projeto que terá o nome de Ensemble – que significa “juntos” ou “grupo”, em francês. No repertório, músicas que Artur vem compondo nos últimos meses. “Estou vivendo uma fase nova. Quando você pertence a um grupo, você concentra sua atenção nele. Este tem sido um momento interessante por poder fazer coisas que antes não tinha tempo para fazer”, conta Artur.

A estrutura do grupo ainda está sendo pensada, mas deve contar com seis ou sete integrantes. “Estou reunindo instrumentos para usar nas gravações. Vou aproveitar uma conferência em Nova York para trazer um vibrafone dos Estados Unidos”, diz Artur. “Não podemos viver a nostalgia do que o Uakti poderia ter sido, mas viver o que está acontecendo aqui”.

Documentário
Marco Antônio Guimarães, o criador dos instrumentos inusitados do Uakti e principal compositor do grupo, será tema de documentário. Há quatro anos, a fotógrafa e artista plástica Julia Baumfeld vem registrando imagens do músico que serão compiladas em um curta-metragem – que está em fase de montagem. Ali estão algumas imagens do processo de criação do artista e trechos de entrevistas com Marco Antônio, que sempre foi reservado e deixou de se apresentar com o grupo no fim da década passada – Décio Ramos deixou o grupo em 2015 e as últimas gravações foram feitas no ano passado, a partir de composições de Paulo e Artur. 

Ainda sem nome, o filme de Julia foi contemplado na Lei Municipal de Incentivo à Cultura e ela está em busca de patrocinador. “O filme está sendo construído agora, na montagem”, diz a artista.Julia baumfeld / Divulgação  Autor e obra – Marco Antônio Guimarães ao lado de uma de suas esculturas sonoras; rodas de bicicleta inspiraram diversos instrumentos

 À espera
Quando anunciou o fim do Uakti, Marco Antônio revelou ainda que o grande conjunto de instrumentos criados por ele e usados pelo grupo estava à venda. Quase um ano depois, os materiais ainda não foram vendidos. “O acervo tem um valor artístico alto, mas um valor de mercado meio baixo. Diferente de artes plásticas, onde pinturas como o quadro da Beatriz Milhazes que foi vendido há pouco tempo por R$ 20 milhões, li isso em algum lugar. Tem uma pessoa cuidando disso pra mim, mas não está fácil”, desabafa o compositor. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por