ÚLTIMO OTELO

Filme 'Katharsys' esperou 32 anos para ser lançado

Paulo Henrique Silva
phenriqu@hojeemdia.com.br
04/07/2022 às 10:58.
Atualizado em 04/07/2022 às 10:58
 (Divulgação)

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Roberto Moura “quase se esqueceu” de “Katharsys”, um longa-metragem concluído em 1990 e protagonizado por Grande Otelo, que esperou 32 anos para estrear nas salas de exibição, durante a programação da 17ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), na semana passada.

“Eu fui rodando em vários impulsos, a partir da metade da década de 1980, e finalizei em 1990, exatamente no ano em que o Collor entrou no poder e acabou com a Embrafilme e com a legislação que garantia um espaço no mercado de exibição”, lamenta o realizador, em entrevista ao Hoje em Dia.

“Eu parti para outras aventuras. Fiz concurso e me tornei professor de história do cinema brasileiro na Universidade Federal Fluminense, onde trabalhei 20 anos. Durante esse tempo, o filme ficou de certa forma esquecido na minha cabeça, mas ele começou a me chamar recentemente”, registra.

Intolerância

Esse “chamamento” tem a ver com o “momento de intolerância à cultura do país” e o respeito às pessoas que trabalharam com ele na produção, entre eles o ator Breno Moroni, presente à exibição na CineOP. O longa é, provavelmente, o último em que Otelo, falecido em 1993, atuou.

“Comecei a juntar vários recursos, plantando várias bananeiras, para fazer a passagem da película para o digital. Noventa por cento das decisões criativas foram feitas lá, mas agora realizei algumas alterações, cortando cenas e acrescentando partes musicais”, afirma o cineasta.

Para ele, passadas três décadas, “Katharsys” não perdeu a validade. Um dos temas centrais é o próprio cinema, propondo uma formato diferente às estruturas hegemônicas “em que o diretor é uma espécie de ditador”, optando por um funcionamento mais fraterno e colaborativo. 

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