O documentário “Janis: Little Girl Blue” começa e termina em torno de um mesmo tema, fechando um arco sobre o sentimento de deslocamento de uma das maiores cantoras do rock. Tudo o que acontece nesse meio tempo, entre o surgimento no cenário musical, nos primeiros anos da década de 60, e a morte, em 1970, surge como resposta à sociedade.

Com estreia hoje nos cinemas, o filme de Amy Berg não é exatamente sobre rock e blues, mas a música está presente na medida que foram escritas por Janis Joplin – e interpretadas com a sua característica voz forte – como termômetro do que estava sentindo, já estampando o caos psicológico que vivia e que a sociedade da época fingia não enxergar.

“Feia”, segundo os padrões de beleza vigentes, e vítima de bullying da escola à faculdade, onde foi eleita “o homem mais feio do campus”, a garota que bebia e criava badernas deixa bem claro, principalmente nas cartas endereçadas aos pais, que a fama era a forma de ser querida e se enquadrar, mas como não podia sustentar essa máscara social, bebia e se drogava.

Um companheiro de banda lembra que, no palco, a cantora brilhava e se exibia feliz, mas um show não dura mais do que uma hora e, de volta para casa, ela se sentia solitária, não entendendo como os integrantes homens saiam acompanhados dos locais e só ela não tinha para buscá-la, o que a fez mergulhar ainda mais na heroína, sua droga preferida.

Foi no Brasil que teve seus momentos mais felizes, encontrando o seu grande amor David, que a ajudou a se livrar do vício. Mas ele não suportou muito tempo e foi para a África, aumentando a depressão de Janis. Quando foi encontrada morta num quarto de hotel, um telegrama de David a aguardava na recepção. Falava de uma volta que ela tanto esperava.

Compartilhar