arte contemporânea

Maior museu a céu aberto do mundo, Inhotim é opção de lazer e cultura para o Dia das Mães

Iracema Barreto (*)
@iracema.barreto
Publicado em 07/05/2022 às 08:33.
Inhotim precisa e pode ser visto e apreciado como algo muito maior do que um dos mais belos destinos turísticos próximos à capital mineira (Iracema Barreto)

Inhotim precisa e pode ser visto e apreciado como algo muito maior do que um dos mais belos destinos turísticos próximos à capital mineira (Iracema Barreto)

Endereço de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e apontado como o maior museu a céu aberto do mundo, Inhotim precisa e pode ser visto e apreciado como algo muito maior do que um dos mais belos destinos turísticos próximos à capital mineira. Certamente, o espaço de 140 hectares de área verde na vizinha Brumadinho merece também esse título, mas bom é ressaltar que o museu congrega as mais diversas histórias, sonhos, exóticas belezas naturais, obras de arte, sabores, manifestos. Tudo é um convite constante à visitação, o que neste fim de semana do Dia das Mães é uma excelente opção.

Em cada canto de Inhotim, cada árvore ali nascida ou plantada, cada peça concebida e talhada pela genialidade de artistas como Tunga, Adriana Varejão, Claudia Andujar, Doug Aitken e tantos outros expoentes da arte contemporânea, vida, muita vida. Ainda que uma ou outra criação escancare para nós a dor da morte. Das diversas formas de morte. 

Impossível não circular pela galeria com exposição de Adriana Varejão. Uma, duas, tantas vezes. No “edifício cego” (assim batizado pelo criador, o arquiteto Rodrigo Cerviño),  uma imensa caixa de concreto suspensa sobre um espelho d’água, ela ergueu, por exemplo, uma parede destruída cujo reboco é a simulação das vísceras de corpos ou carnes de gado. Linda do Rosário é uma referência ao desabamento do hotel de mesmo nome no Rio de Janeiro, em 2002, e ao mistério romântico projetado sobre dois hóspedes, possível casal de amantes que teria escolhido morrer ali, juntinho, mesmo tendo sido avisados sobre a iminente tragédia. 

E o que dizer sobre a experiência de ouvir o som da terra? Há quem não acredite, avisa o guia Júnio César, figura carismática, “cria” de Inhotim, com pleno domínio do conhecimento que compartilha sobre o museu e sobre tudo que nele há, e cuja trajetória se mistura à do próprio Instituto. Impossível não prestar atenção quando Júnio explica em detalhes, de forma apaixonada, as nuances do lugar. 

De vidro e aço revestido de película plástica, o Sonic Pavillion tem um poço tubular de 202 metros de profundidade, microfones e equipamentos de amplificação sonora. No lugar, o som vibra, provoca e, curiosamente, instiga o silêncio. É resultado de muita pesquisa a partir da concepção do americano Doug Aitken. Júnio tem razão: vale muito à pena conferir apreciando também a paisagem ao redor! 

Naturalizada brasileira, a fotógrafa e ativista suíça Claudia Andujar tem também uma galeria exclusiva. Nela, impossível não se emocionar com exposição do portfólio icônico de imagens sobre a convivência dela com os Yanomâmi, em Roraima. A luta dela em defesa da comunidade indígena que agora pede mais socorro do que nunca, começou ainda nos anos 1970. Os Yanomâmis estão ameaçados de extinção.

Seja na conveniência de um carrinho de golfe ou a pé por entre milhares de exemplares da flora mundial, o deslocamento entre uma galeria e outra pede uma parada para reabastecer. No Café das Flores, logo na entrada do museu, já tem o tempero da chef Dailde, pequena em estatura, gigante no talento.

(Iracema Barreto)

(Iracema Barreto)

De sorriso largo, espontâneo, flor de fuxico vermelho cuidadosamente afixada em seu toque blanche, característico chapéu de cozinheiro, chef Dailde é facilmente encontrada por ali. Diz que a receita do famoso pão de queijo do lugar vem de família e vem sendo aprimorada sempre. Para ela, um pão de queijo que se preze tem que ter muito sabor de queijo. Não por menos, a chef não economiza a iguaria no preparo. São 5 tipos diferentes, entre eles o Canastra, patrimônio imaterial brasileiro. Para o fim da tarde, após o passeio, a chef dá outra dica imperdível: se deliciar com uma generosa fatia de seu bolo de chocolate, que chega à mesa mergulhado numa calda de lamber os dedos. 

Chef Dailde, responsável também pelas delícias no cardápio do Tamboril, outro ponto gastronômico dos mais relevantes no museu, revela com orgulho que sua história estará também contada na próxima fase da série documental sobre Inhotim na Netflix. “Vão me ver lá, gente!”. Na TV é legal, mas ao vivo a experiência é melhor ainda.

Saiba mais
Como surgiu Inhotim? Sir Timothy, um minerador britânico, era o dono das terras décadas atrás naquela serra encravada no meio de Minas, perto de Belo Horizonte. Moradores  locais o apelidaram de Nhô (o “senhor”, no bom mineirês da época). Era o Nhô Tim e vem daí o nome do famoso Instituto, hoje uma fazenda-galeria de 140 hectares com belo paisagismo de Luiz Carlos Orsini e duas dezenas de galerias de renomados artistas.

Serviço
O Museu do Inhotim funciona de quarta a domingo. Os ingressos (variam de R$ 22 a R$ 106),, dependendo do número de dias de visitação comprados) podem ser adquiridos antecipadamente, pela internet em https://www.inhotim.org.br/visite/ingressos/. Mesmo vale para o aluguel dos carrinhos elétricos que permitem percorrer maior extensão com mais facilidade e conforto.

(*) Viajou a convite do e-mundi, Encontro Mundial da Imprensa, que reuniu, de 29/04 a 01/05 jornalistas de diferentes Estados do Brasil

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