Maria Lúcia Dahl recorda o tempo de musa do cinema

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
28/08/2016 às 19:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:35
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

“Mesmo morta, acabaria olhando para o Brando. Não resistiria”, diverte-se Maria Lúcia Dahl, que quase foi a mulher morta de um dos maiores atores de todos os tempos, Marlon Brando, como gosta de contar. O filme era “O Último Tango em Paris”, dirigido por Bernardo Bertolucci, que a queria para o papel. “Ele me achou muito bonita, mas como deixei Roma para morar em Paris, acabei perdendo”, recorda.

Casos como esse deverão pautar a conversa que uma das musas do cinema nacional nas décadas de 1960 e 70 terá com o público nesta segunda-feira (29), no Cine Humberto Mauro, após a sessão do filme “Mulher Objeto”, de Silvio de Abreu, que encerra o projeto “Curta Circuito”. Aos 75 aos, ela estará acompanhada do produtor Aníbal Massaini. Com tantos filmes no currículo, Maria Lúcia já não guarda detalhes da produção de 1981.

“Que vergonha!”, afirma, entre risos, depois de confessar não lembrar o nome da personagem (Maruska). Nada contra as pornochanchadas, gênero que apostava na malícia e corpos bonitos, quesitos que muitas atrizes passaram a rejeitar depois. “Não tinha sexo explícito. Você ficava nua, tinha umas partes cobertas e não fazia nada. Muito diferente do que a gente vê hoje, em que se tem os detalhes de tudo”.

Presa pela polícia
A entrada no cinema se deve ao primeiro marido, Gustavo Dahl, que a apresentou a realizadores do Cinema Novo, como Walter Lima Jr. e Joaquim Pedro de Andrade. Mas o lado militante veio com o líder estudantil Marcos Medeiros, com quem teve que se exilar, na década de 70, após escapar da polícia. “A polícia cercou o teatro e começamos a improvisar para alongar a peça. Alguns atores não entendiam nada”.

Presa, ouviu do delegado que só seria libertada se ela o levasse a uma oficina na Barra, para buscar seu carro. “O nome dele era Paixão. Disse que jamais esqueceria o seu nome e realmente lembro até hoje. Fiquei apavorada, porque lá era cheio de motéis. Assim que ele saltou do carro, dei marcha a ré e, no dia seguinte, já estava em Paris”, relata. Apesar dessa perseguição, ela tem saudade da época “que as pessoas lutavam por coisas interessantes”.

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