Aristóteles Drummond*
O eleitor vem amadurecendo ao longo do tempo e vai ficando vacinado contra o radicalismo e o coronelismo, dupla que tem dado ao Brasil uma boa safra de políticos que não honram o voto popular. A reforma política que entrará na pauta precisa aperfeiçoar pelo lado institucional o nosso sistema, evitando candidaturas impostas e menos oportunidades para candidatos nanicos.
Alguns pontos parecem decididos, como a cláusula de barreira, para impedir essa vergonhosa proliferação de legendas, que o Judiciário, em momento infeliz, anulou, e a maioria para evitar segundo turno cair de 50 para 40 por cento dos votos válidos.
A disputa onde houve segundo turno, especialmente no Rio, mostrou um eleitorado amadurecido, que fez a opção mais prudente, afastando os riscos de uma escolha perigosa pelas posições mais à esquerda e mais irresponsáveis. O senador Crivella venceu uma campanha de baixo nível contra ele, procurando explorar parentes e apoiadores pouco recomendáveis, desde que nada de substancial pode ser apontado diretamente contra ele. Por onde passou nessa campanha, angariou simpatias e confiança.
Recebeu a adesão dos três candidatos do centro democrático.
Outras cidades importantes, como Juiz de Fora, em Minas, Blumenau, em Santa Catarina, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Petrópolis, no Rio, e todo ABC em SP, além de Ribeirão Preto fizeram a opção centrista.
O momento é de trabalho, de união e de objetividade. Para vencer a crise, vamos precisar disciplinar manifestações e coibir atos irresponsáveis de invasão de bens públicos. Os eleitos têm um compromisso com a responsabilidade.
O brasileiro sempre foi ordeiro e cordial. Apesar das recentes tentativas de se jogar pobres contra ricos, negros contra brancos, prevalece a boa índole do povo.
O recado popular foi dado. Cabe ao presidente Temer ter consciência de que, para sair da crise, temos de ousar, com segurança, respeito e ambiente voltado para o investimento e o emprego. Não é necessário aumentar impostos, mas incluir a economia informal por meio de maior uso de controles eletrônicos, orientar e não intimidar o contribuinte.
(*) Jornalista e escritor