'O Silêncio do Céu' fascina e perturba

Agência Estado
Hoje em Dia - Belo Horizonte
30/08/2016 às 14:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:37
 (Reprodução)

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O Silêncio do Céu, de Marco Dutra.

Carol! Todo mundo sabe que a vida é injusta e Carolina Dieckmann, por um tempo, sofreu a síndrome que atinge as mulheres muito belas. Como assim ela é talentosa? Pode ser injusto, sim. Além de bela tão talentosa. O Silêncio do Céu é outra prova, após Entre Nós, de Paulo e Pedro Morelli. O filme já começa difícil para a atriz, para qualquer atriz. A personagem está sendo estuprada na própria casa. Cena dura, brutal. Corte para a rua.

Chega um homem, o marido (Leonardo Sbaraglia). Ele ouve o barulho dentro da casa, espia pela janela, vê o que ocorre e... Recua. Covarde! Esperem, as coisas são um pouco mais complexas. Mário, é seu nome, sofre de fobias. Tem medo de tudo. Diana, a mulher, faz uma longa lista de todos os medos do marido. Na verdade, talvez exista um só medo, o da mulher.

O Silêncio do Céu não nasceu como um projeto autoral de Marco Dutra. chegou às mãos do produtor.

Por um tempo, o projeto emperrou. Foi adiante quando Teixeira chamou Dutra para dirigir e ele incorporou o roteirista Caetano Gotardo. estupradores.

O repórter confessa que não ficou imediatamente impactado por O Silêncio do Céu. É um filme que não se entrega facilmente, mas cresce muito. Possui camadas, é muito bem feito. Marco Dutra dialoga com os gêneros - sempre.

Aqui, o thriller. Há uma cena - o violador estaciona seu carro diante da loja/ateliê em que a mulher é estilista. Tudo o que ocorre nessa cena é muito forte e ela age como divisor de águas do filme, e da obra do diretor. Alfred Hitchcock, sim, Brian De Palma, pode ser - a violência de gênero, contra as mulheres. Mas, ao repórter, o filme fez lembrar um velho Claude Chabrol, de 1974, que Dutra nem conhece. Les Noces Rouges, Amantes Inseparáveis, com Stephane Audran e Michel Piccoli. Essa questão das referências é complicada, reflete o diretor. Muitas vezes não é nada consciente, mas algo muito arraigado no imaginário do cineasta (ou do crítico), quando cinéfilos. O filme estreia dia 22. O Roubo da Taça, antes, até, no dia 8. Aquarius, agora. E Elis em novembro. Não é frequente que os filmes de um festival cheguem tão rapidamente ao público. Mas é bom porque daqui a pouco essa conversa será sua, para compartilhar, também.

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