Peças baseadas na obra de Plínio Marcos chegam ao CCBB-BH

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
03/06/2016 às 07:11.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:43
 (Laza Vasconcelos/Divulgação)

(Laza Vasconcelos/Divulgação)

“Autopsia é um grito revoltado, mas por amor. É um grito por delicadeza e lirismo”. A afeição do diretor Jonathan Andrade pelas obras do autor Plínio Marcos (1935-1999) é quase tangível. O motivo é que Andrade encontrou a própria identidade nos textos do escritor paulista.

Tanto significado se materializou nos espetáculos “Autópsia I – Quando as Máquinas Param, Navalha e Querô” e “Autópsia II – Abajur Lilás e Dois Perdidos Numa Noite Suja”, aos quais o diretor se refere no início desta reportagem. Do Grupo Sutil Ato, as peças estarão em cartaz durante este mês de junho no CCBB-BH.

Andrade conta que os espetáculos surgiram quando dava aula na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (Brasília), em 2011. Estimulado por ele, os seus então alunos se debruçaram nas obras de Plínio Marcos para o projeto de conclusão de curso. Desde 2014, quando estreou para o grande público, mais de 6 mil pessoas assistiram às peças. O trabalho foi ainda escolhido o melhor pelo crítico Diego Ponce de Leon no Festival Cena Contemporânea 2014 e também pelos leitores do jornal Correio Braziliense naquele mesmo ano.

Para Andrade, o sucesso está no diálogo “forte”. “O texto é nu, cru, não tem o que esconder, é tudo muito exposto; é como o grito latente (que está hoje) na garganta do brasileiro”.

“Vim do subúrbio do Rio, de uma família que lutou para existir, comer, ter emprego. Sou um diretor negro e gay e fui pobre. Então, esse DNA, vivo nas obras de Plínio, me interessa”, Jonathan Andrade, diretor e ator

No palco, a ideia é justamente repassar aos espectadores a contundência do trabalho do autor homenageado. “Trata-se de um mergulho numa realidade extremamente desigual, com muitas camadas inferiorizadas, negligenciadas e marginalizadas”.

O diretor explica ainda que, por dar voz “à uma sociedade esquecida”, as obras do escritor chegaram a ser censuradas. “Falar de prostituição, de menino de rua, de gays, naquela época (de 1960 a 1980), não era qualquer coisa”.



Adaptações de “Quando as Máquinas Param”, “Navalha” e “Querô” – presentes em “Autopsia I...” – e “Abajur Lilás” e “Dois Perdidos Numa Noite Suja” – encenadas em “Autopsia II...” –, Andrade garante que a autenticidade dos textos de Plínio foram mantidas. “O que fizemos foi agregar elementos da atualidade, a partir de depoimentos dos atores e das notícias e realidades do nosso país”, frisa.

Aprovados pelo filho do escritor, Ricardo Barros, o trabalho do Grupo Sutil Ato deverá ser ampliado. Até o início de 2017, estão previstas para estrear “Autópsia III” e “Autópsia IV”, que serão adaptações de “Barrela”, “A Mancha Roxa”, “Balada de Um Palhaço”, “Homens de Papel” e “Oração de Um Pé-de-Chinelo”, do mesmo autor.

SERVIÇO:

“Autópsia I”, sexta-feira (3), domingo (5) e nos dias 10 e 12/6. “Autópsia II”, sábado (4) e nos dias 6, 11 e 13/6, sempre às 20h, no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450). Classificação: 18 anos. Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia). Venda: ingressorapido.com.br/ccbb

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