Produtora integra filme que venceu ‘Aquarius’ para representar o país no Oscar

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
26/09/2016 às 18:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:59
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

A produtora executiva Samantha Capdeville não conseguia, assim como os colegas de equipe, segurar o choro no set de “Pequeno Segredo”, filme escolhido para representar o Brasil na busca de uma indicação ao Oscar de melhor produção em língua estrangeira, em 2017.

“A equipe estava muito unida, integrada. Não era uma história qualquer, pois tratava de algo que tinha acontecido com a irmã do diretor que estava do nosso lado. Por isso sempre nos emocionávamos. Foi um dos melhores trabalhos que fiz”, avisa o rosto mineiro do filme.

É justamente essa abordagem emotiva que a faz vislumbrar um lugar para o brasileiro entre os cinco finalistas. “O filme traz uma história muito forte de amor e tolerância, necessária sobretudo nesse momento. Como pôde aquela família, àquela época, abrir mão de seus medos para dar a volta ao mundo num barco pequeno com uma criança soropositiva ao lado de mais dois filhos, também crianças?”, indaga.

A trama de “Pequeno Segredo”, com estreia nacional em 10 de novembro, acompanha a aventura da primeira família brasileira a dar a volta ao mundo num veleiro, entre eles o diretor David Schurmann. E também a dor pela doença da filha adotiva, que garantirá muitas lágrimas. 

“Para ser produtora executiva, é preciso ter muita visão do filme. Não é simplesmente dizer tem (dinheiro para fazer) ou não tem. Na ausência dele, é necessário encontrar outras soluções para que o resultado seja bom, não perdendo a qualidade”

À frente da produtora mineira Filmegraph, ao lado de Rafael Conde, Samantha já conhecia o projeto antes de ser convidada oficialmente, por intermédio do produtor João Roni e do roteirista Marcos Bernstein, com quem trabalhou em “Meu Pé de Laranja Lima”. Após entrar no projeto, teve que se mudar para Florianópolis por quatro meses.

“A equipe veio de vários lugares. Tinha gente de Santa Catarina, Rio, Pará e até Argentina. Todos se envolveram profissional e afetivamente”, lembra Samantha, que se formou em Jornalismo, pela PUC, onde participou do curso de cinema do professor Paulo Pereira, falecido nesse ano.

Lugar só para um

“Fiquei apaixonada pelo cinema e queria fazer qualquer coisa nessa área. A produtora Intervalo me contratou depois de me perguntarem o que sabia fazer e eu responder ‘nada, mas que aprenderia imediatamente’. Aí não parei mais e fiquei dez anos em BH”, recorda.

A mudança para o Rio foi motivada pelo filme “A Festa da Menina Morta” (2008), à conivte da Bananeira Filmes, quando passou a se envolver mais efetivamente na produção. Pela Filmegraph, realizou o documentário “Campo de Jogo”, que rodou o mundo. Com “Pequeno Segredo”, ela espera chegar ao Oscar.

Sobre o Oscar e a polêmica com “Aquarius” – considerado a melhor opção para representar o Brasil e que teria sofrido retaliação do governo após, em Cannes, a equipe levantar cartazes sobre a realização de um golpe no país –, Samantha diz adorar o cinema de Kléber Mendonça Filho. 

“Infelizmente, só tinha lugar para um. Não posso negar a alegria que fiquei, mas lamento por ter se dado nesse momento político, criando uma polaridade. Nosso filme tem todas as qualidades para ser selecionado. E a escolha em nada diminui ‘Aquarius’”, salienta. 

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