CINEMA

Público ouropretano canta músicas de Belchior durante exibição de documentário na CineOP

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
26/06/2022 às 14:10.
Atualizado em 26/06/2022 às 14:11
É o próprio Belchior quem narra a sua história, a partir de entrevistas concedidas ao longo da vida (Divulgação)

É o próprio Belchior quem narra a sua história, a partir de entrevistas concedidas ao longo da vida (Divulgação)

O público da Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) cantou junto com Belchior, na noite de sábado (25), com a exibição do documentário "Belchior - Apenas um Coração Selvagem" na sala improvisada na Praça Tiradentes, armada em frente ao Museu da Inconfidência.

"A plateia reagiu muito, com gente de todas as idades. Um casal de adolescentes saiu cantando da sessão e lá atrás tinham duas senhoras, provavelmente mãe e filha, de mãos dadas", comemorou Natália Dias, diretora do filme ao lado do mineiro Camilo Cavalcanti.

"Para mim, essa exibição atravessa outros lugares. Nasci em Nova Lima e fui criado em Belo Horizonte. Meus pais sempre foram apaixonados pela cidade. Aqui tivemos uma sessão muito diferente de todas que o filme já teve, que foram em cinemas fechados", registra Cavalcanti.

Natália registra que a dupla resolveu fazer o documentário quando o cantor e compositor cearense ainda estava vivo. "Mergulhamos em tudo que a gente podia encontrar, não só na internet, mas muitas pesquisas acadêmicas a respeito do trabalho do Belchior", destaca.

"Quando ele veio a falecer, em abril de 2017, ainda se sentiu mais responsável por fazer esse filme e celebrar o artista. Por meio dessa pesquisa, entendemos que seria possível contar essa história em primeira pessoa, mostrando todas as camadas dele", assinala a realizadora.

Cavalcanti observa que "foram guiados pelo próprio Belchior" ao optarem por fazer um filme em primeira pessoa. "A partir das pesquisas, entendemos que as entrevistas e a formo ele constrói a própria palavra tem uma narrativa muito pronta de sua história e do personagem que cria sobre si".

O cineasta sublinha que, no documentário, Belchior já começa como personagem, apresentando-se como Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. "Esse não é o nome dele. Muitas vezes a gente se deparou com contradições, em que ele brinca com esse próprio personagem".

Um dos elementos que mais transparece é o humor muito sarcástico. "Não é um humor rasgado, mas sempre um cutucada que ele dá. Dos personagens todos que Belchior pode ser, esse é o mais claro que a gente identificou e trouxe para o filme", afirma.

Natália completa ao dizer que não buscaram "caracterizá-lo ou colocá-lo num escaninho, revelando essa multiplicidade de Belchior que existe num ser só. Nosso desejo sempre foi de não colocar rótulo nele e na obra dele", reitera a cineasta.

Após a sua morte, Belchior foi "descoberto" pelo público mais jovem, principalmente pelas músicas que contestavam comportamentos da década de 1970. Trechos de "Sujeito de Sorte" entraram na música "Hoje Cedo", de Emicida, com participações de Pabllo Vittar e Majur.

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