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Série criminal brasileira estreia no cardápio da Amazon Prime Video

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 16/04/2022 às 10:52.
Camila Morgado vive uma advogada criminalista que defende acusada de assassinato (Amazon Prime Video/Divulgação)

Camila Morgado vive uma advogada criminalista que defende acusada de assassinato (Amazon Prime Video/Divulgação)

Com uma narrativa que surge como “um soco desde o seu início, prendendo o espectador com várias tramas”, Malu Miranda chegou a ficar em dúvida sobre qual seria a reação do público de “A Sentença”, nova série brasileira da Amazon Prime Video que acaba de ser disponibilizada na plataforma.

“Ela vai estabelecendo todos esses núcleos familiares e profissionais ao mesmo tempo, (o que gerou) uma preocupação grande nossa de que se a audiência iria gostar ou rejeitar. Seria demais? Será que é muita coisa ao mesmo tempo?”, registra a diretora de Originais da Amazon no Brasil.

“A Sentença” se distingue de outras séries criminais ao exibir um primeiro episódio (são seis, ao todo) que não se restringe a apresentar os personagens e o que podemos esperar deles. “Para a gente que faz muitas séries por ano, o sempre o primeiro episódio é um grande desafio”, assinala.

A ousadia narrativa tem nome: Paula Knudsen, criadora da série e responsável pelo roteiro. “Com todas essas tramas, esse texto super denso e, ao mesmo tempo, coloquial, ela mostra como é um tribunal dentro do Brasil. É uma coisa que não se vê (em outras séries)”, afirma Malu Miranda.

Na história, Heloísa (Camila Morgado) é uma advogada criminalista que acredita que todos têm direito à defesa, por pior que tenha sido o crime cometido. Ao ter como cliente uma suposta assassina, ela se vê envolvida com um líder de facção criminosa e pessoas misteriosas que o querem morto.

“São muitos temas delicados sendo colocados ao mesmo tempo, costurados de forma investigativa como um quebra-cabeça, com o espectador tendo que montar junto com os personagens. São muitos movimentos simultâneos”, destaca Marina Meliande, que assina a direção ao lado da argentina Anahí Berneri.

Camila Morgado se diz grata à personagem por ter se aprofundado num tema que tinha pouco conhecimento. “Estamos falando de desigualdade social, problemas estruturais de nosso país, como racismo e classismo. O que vendem par nós é que a segurança é mais importante”, analisa.

“Se começarmos a pensar o porquê de os presídios estarem superlotados, onde há quase um sistema de tortura, degradante, em que o ser humano que chega ali dentro sai pior, vemos  um universo extremamente violento.  Temos que pensar na sociedade como todo e trazer isso para reflexão”, sugere.

Diante de um sistema que “não restaura essas pessoas”, Camila defende que é preciso “pensar em novas formas de segurança pública”, como a descriminalização das drogas. “Não estou falando que a gente deve (fazer), mas que deveríamos refletir sobre esses temas”.

No papel de promotor, Fernando Alves Pinto salienta que a série nos faz pensar sobre o que queremos enquanto sociedade, “principalmente num momento tão difícil que estamos atravessando. Tudo o que a gente vê dentro daquela presido é muito próximo da realidade. É importante que seja visto”.

Mulheres assumem funções principais na produção e no elenco

 A série tem uma grande participação de mulheres, de postos-chave como roteiro, produção e direção, ao elenco. A atriz angolana e naturalizada brasileira Heloísa Jorge, que passou a infância e adolescência em Montes Claros, destaca que “todas as personagens têm uma natureza feminina muito forte”.

No papel de Moira, mulher de um traficante preso,  ela salienta que várias delas são mães. “Só esse plus que você coloca, além de todos os outras  questões psicológicas que essas personagens têm, já as deixam menos maniqueístas, mais interessantes, contraditórias, tridimensionais e complexas”, analisa.

Essa riqueza de nuanças tem a ver, segundo Heloísa, Acho que isso tem a ver com o fato de “A Sentença” ter sido escrito por uma mulher. “Esse projeto foi sonhado pela (produtora) Carla Ponte durante oito anos. Já nasce com o desejo de uma mulher de abordar os assuntos que estamos tratando nesta série”.

Lena Roque, que dá vida a uma suspeita de assassinato defendida pela advogada de Camila Morgado, afirma que é de máxima importância que as mulheres estejam à frente dos projetos, assim como os homens estiveram por tanto tempo. “Não é trocar um pelo outro. É mostrar a nossa capacidade indiscutível de gestar não somente filhos, mas também projetos. Isto está mais do que provado”.

As diretoras Anahí Berneri e Marina Meliande se valeram de um método de trabalho muito diferente. “Geralmente cada diretor dirige um episódio diferente. No nosso caso, fizemos a escolha de dirigir e assinar todos juntas, o que é mais um desafio”, revela Marina.

“Chegamos a dirigir uma cena juntas no set, mas no geral a gente dividia o set por núcleo ou por diárias. Depois tivemos unidades diferentes que filmavam simultaneamente, mas sempre buscando essa sinergia e diálogo para não se ter duas partes diferentes, para que a série ficasse homogênea”, registra.

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