Imagens do Inconsciente

Últimos dias para ver a mostra que homenageia médica que revolucionou o tratamento psiquiátrico

Luciane Amaral
lamaral@hojeemdia.com.br
26/03/2022 às 23:13.
Atualizado em 26/03/2022 às 23:13
Mostra no Centro Cultural Banco do Brasil mostra como a arte revolucionou o tratamento psiquiátrico no país (CCBB-BH / Divulgação)

Mostra no Centro Cultural Banco do Brasil mostra como a arte revolucionou o tratamento psiquiátrico no país (CCBB-BH / Divulgação)

Médica e revolucionária, Nise da Silveira tinha uma personagem fascinante, que despertou a curiosidade de um dos maiores nomes no estudo da psique humana, Carl  Jung, nos anos de 1950. Mas como o nome da única mulher que se formou em medicina entre outros 157 homens, em 1931, na Bahia, foi parar em uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil? 

Não parece ser uma resposta fácil, mas é só dar uma volta pelos corredores do CCCB para entender a alma inquieta e compreensiva de Nilze. Simpatizante do comunismo, foi denunciada por uma funcionária do hospital psiquiátrico em que trabalhava no Rio de Janeiro, o que lhe proporcionou uma convivência no cárcere com o escritor Graciliano Ramos e a militante Olga Benário.

Ao sair da prisão, nada de camisas de força ou tratamento de choque nos pacientes.  Em vez disso, pincéis e tintas se tornaram ferramentas de trabalho para o tratamento de doentes mentais que criavam trabalhos impressionantes. As obras deram origem ao Museu de Imagens do Inconsciente. E algumas peças foram parar na Suíça em um congresso de psiquiatria, o que fez com que o museu rapidamente ganhasse projeção internacional.

Agora, parte do acervo pode ser vista só até a próxima segunda-feira, no CCBB-BH, na mostra “Nise da Silveira - A Revolução pelo Afeto”, ao lado de trabalhos assinados por grandes expoentes das artes plásticas brasileiras, como Lygia Clark, Abraham Palatinik, Zé Carlos Garcia, Leon Hirzsman e Carlos Vergara.

O mote da montagem foram os 22 anos da morte de Nise da Silveira (1905-1999). Além disso, 22 é um número associado à loucura no imaginário popular, tema abordado de forma revolucionária pela psiquiatra. 

Ao buscar formas de acessar as camadas do inconsciente e criar um diálogo, por meio da arte e com aplicações científicas, entre o inconsciente e a sua potente expressão em imagens, Nise reposicionou o entendimento de loucura na história da humanidade.

O universo interior

Localizado no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Museu de Imagens do Inconsciente foi criado por Nise em 1952, com a finalidade de reunir os trabalhos produzidos pelos seus clientes nos estúdios de modelagem e pintura – verdadeiros documentos para ajudar na compreensão mais profunda do que se passava no universo interior deles.

Serviço

Exposição “Nise da Silveira - A Revolução pelo afeto”
Até 28 de março de 2022
Centro Cultural Banco do Brasil - (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Dias e Horários de visitação: de quarta à segunda, das 10h às 22h
Entrada Gratuita 

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