Protagonista de polêmicas e escândalos, Quaresma tumultua julgamento de "Bola"

Thaís Mota - Hoje em Dia
25/04/2013 às 22:11.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:10

Acusado de tentar tumultuar as investigações sobre a morte de Eliza Samudio e protagonista de inúmeros escândalos enquanto esteve atuando na defesa dos réus, o advogado Ércio Quaresma volta a chamar a atenção durante o julgamento de Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", acusado de matar e ocultar o corpo da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. Com o objetivo de estender o julgamento, Quaresma pediu na noite desta quinta-feira (25) a leitura de oito laudos que constam no processo sobre a morte de Eliza Samudio e que podem durar até dois dias. Questionado pela juíza Marixa Fabiane sobre a necessidade da leitura dos documentos, o advogado respondeu que não abre mão, uma vez que o tempo destinado à defesa do réu, em sua visão, seria insuficiente.   Além disso, Quaresma fez longos e desrespeitosos interrogatórios às testemunhas arroladas para o julgamento de "Bola" e se aproveitou do momento destinado à perguntas para adiantar aos jurados argumentos da defesa que só deveriam ser apresentados durante a fase de debates. Por causa de sua conduta com o delegado Edson Moreira, o advogado teve sua palavra cassada pela magistrada que preside o julgamento e o interrogatório precisou ser realizado pelo também defensor Fernando Magalhães.
  Antes da magistrada chegar a tal ponto, Quaresma teve a atenção chamada por inúmeras vezes pela forma como tratou o detento Jaílson Alves de Oliveira, arrolado como testemunha de acusação. O advogado chegou a chamar o ex-colega de cela de "Bola" de "imbecil" e "deliquente" e a juíza Marixa Fabiane pediu mais respeito por parte do defensor, uma vez que ele estava em plenário na condição de testemunha e não de réu.   Apesar de se recusar a falar com a imprensa, Ércio Quaresma mandou recado aos jornalistas que trabalhavam na cobertura do julgamento na última quarta-feira (24) afirmando que tinha a expectativa que o júri se estendesse até o próximo domingo (28) e que a absolvição de seu cliente fosse noticiada ao vivo no programa "Fantástico".    Dois dias antes, o defensor também avisou aos repórteres que trouxessem "barracas" para acamparem na porta do Fórum porque o julgamento se estenderia por dez dias. "Serão 24 horas de perguntas para a doutora Ana Maria, 20 horas para o Jailson e pelo menos 36 para o delegado Edson Moreira", afirmou Quaresma.    Abandono do júri   Em novembro do ano passado, em uma manobra da defesa para adiar o julgamento de "Bola", marcado para acontecer juntamente com o do goleiro Bruno Fernandes d Souza e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", o advogado Ércio Quaresma abandonou o júri do Fórum de Contagem, deixando seu cliente sem defesa.   Diante da situação, a juíza Marixa Fabiane questinou se o réu aceitava ser representado por um defensor público, mas "Bola" recusou e teve o julgamento desmembrado e agendado para abril deste ano. No entanto, em janeiro Quaresma conseguiu retornar à causa e passou a defender o ex-policial civil novamente.    Intervenção nas investigações    O advogado Ércio Quaresma chegou a defender quase todos os réus envolvidos no caso da morte de Eliza Samudio e, na tentativa de livrar seus clientes das acusações, utilizou das mais absurdas e inadmissíveis artimanhas. Conforme depoimento do delegado Edson Moreira, o advogado interferiu nas investigações sobre o crime e tentou tumultuar os trabalhos da Polícia Civil na época dos fatos.   Ainda de acordo com o delegado, Quaresma teria tentado omitir a passagem da ex-modelo por Minas Gerais e orientava que o goleiro Bruno Fernandes se recusasse a fazer o exame de DNA - pedido feito pela polícia e que comprovaria que Bruno Samudio era seu filho com a ex-modelo.   Além disso, Quaresma protagonizou outras intervenções no caso. O advogado teria orientado a ex-mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues, a redigir uma carta em que afirmava ter sido obrigada pela advogada Ana Maria dos Santos a mentir sobre os fatos, o que motivou uma ação de denunciação caluniosa contra a ré.   O advogado também teria recomendado que outros três acusados, Flávio Araújo, Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Souza, se ocultassem em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), para não serem presos durante as diligências feitas no sítio do goleiro em Esmeraldas, também na Grande BH.    Protagonista de polêmicas   Ainda segundo o depoimento do delegado Edson Moreira, Quaresma teria ameaçado a noiva do goleiro Bruno Fernandes, Ingrid Calheiros, e os advogados que acompanhavam o depoimento de Dayanne Rodrigues no Departamento de Investigações (DI), em Belo Horizonte. Além disso, o defensor teria ameaçado um dos jurados que participou do julgamento do goleiro Bruno.   Quaresma também foi acusado de dormir durante as sessões com a juíza Marixa Fabiane, invadir salas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para interromper entrevistas do delegado Edson Moreira e colocar apelidos pejorativos nos delegados que investigavam o caso. O advogado também teria fornecido remédios para que o goleiro Bruno passasse mal durante as audiências na Justiça.    Em novembro de 2010, um vídeo divulgado na internet e tramitido por alguns canais de televisão mostrou o advogado fumando crack em uma boca de fumo de Belo Horizonte. Após as imagens, Quaresma foi afastado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e foi à imprensa admitir ser viciado na droga.

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