Aumenta procura pelas exóticas jiboias como animais de extimação

Hoje em Dia
28/03/2015 às 14:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:25
 (Thiago Ricci )

(Thiago Ricci )

Esqueça os cãezinhos fofinhos, os esbeltos gatinhos, os cantantes passarinhos ou mesmo os coloridos peixinhos. O pet da vez para fazer companhia a crianças, adultos e idosos é a jiboia. Isso mesmo, as espécies de cobra que podem chegar até a 3 metros de comprimento são a bola da vez do mercado de estimação – a estatística de quem cria os répteis é de que, todos os dias, cinco pessoas diferentes procuram uma jiboia para viver junto.   Com expectativa de vida entre 20 e 30 anos, as jiboias podem chegar a pesar mais de 20 kg. Mas se engana quem acha que as cobras podem ser agressivas, venenosas ou mesmo onerosas para criar. “Tenho uma jiboia arco-íris (um dos dois tipos de jiboias comercializadas no Brasil – a outra é conhecida como comum) desde o fim de 2011. Ela tem 88 centímetros e é extremamente sociável e dócil. Se dá super bem com crianças. Estou planejando adquirir mais uma até o ano que vem”, relata o professor de Geografia, Iran Alencar Carvalho.   Referendado   No Brasil, apenas dois criatórios têm a permissão para comercializar jiboias. Desde 2002, é proibida a abertura de novos criadouros em terras brasileiras. Um desses legalizados fica justamente na Grande BH, na zona rural de Esmeraldas. Jiboias Brasil, do grupo Vale Verde, responsável pela famosa cachaça homônima, foi criada em 2002 e tem um plantel de 400 cobras. Com a demanda cada vez mais crescente, o objetivo da empresa é produzir 2 mil filhotes por ano.   “Pretendemos atingir essa meta daqui a três anos. Temos um galpão de 200 metros quadrados, subdivididos por espécies (tanto a jiboia comum quanto a jiboia arco-íris contam com mais de uma espécie). Em dezembro passado, vendi 10 cobras em 4 minutos. Neste ano, em fevereiro, foram 13 em 15 minutos”, conta o diretor da Jiboias Brasil, Tiago Lima.   Características   Como qualquer mercado de pets, o preço e a demanda variam de acordo com a raridade das características do animalzinho. No caso das jiboias, as manchas e a cor ditam o valor do réptil. Há casos, por exemplo, em que o padrão é vermelho e nascem cobras laranjas. Os preços variam de R$ 1,5 mil até R$ 6 mil, mas o valor atualmente gira em torno de R$ 2,8 mil. “Esse mercado não é uma matemática exata. Ano passado começamos a vender espécies a R$ 1,5 mil. No fim do ano, fiz o cruzamento de 15 cobras e nenhuma ficou prenha por causa da onda de calor. Aí o preço subiu para R$ 2,8 mil como só nasceram duas ninhadas”, explica Lima.   Baixo custo   Apesar do relativo alto valor inicial, as jiboias são pets baratos de criar. Quando filhotes, se alimentam de 10 em 10 dias, depois a periodicidade aumenta para 15, 20, podendo chegar a dois meses. “Além disso, não tem vacina porque evolutivamente o réptil está muito distante dos seres humanos, não existe nenhuma zoonose específica”, afirma o diretor da empresa.   O recinto não precisa ser mais sofisticado do que um aquário seco– que pode até ser uma caixa plástica –, com água limpa e uma fonte de calor. “Gastei R$ 120 com o recinto mais R$ 70 com a placa térmica”, conta Iran Carvalho.     Todo animal reflete o tratamento que recebe do dono   A principal preocupação dos criadores de jiboias com a proibição brasileira de legalizar novos criatórios é com o tráfico de animais. A expectativa do setor é de que 95% dos répteis comercializados são ilegais.   Sem a criação e o manejo adequados, a cobra pode sim ficar agressiva. “Todo animal é reflexo do manejo. Igual o cachorro: tem pitbull que brinca com todo mundo e pitbull que é uma fera. Toda espécie que criamos tem altíssimo potencial para animal de estimação”, diz Lima.   Além da preocupante interferência no temperamento do pet, a falta de concorrência e alternativas de mercado deixa a criação mais cara e, consequentemente, o animal mais caro. Nos Estados Unidos, por exemplo, é possível encontrar uma jiboia a 100 dólares. “Mas lá o governo incentiva a concorrência, tem tecnologia barata. Tem empresa lá com 30 mil cobras e apenas 10 funcionários por causa da tecnologia. Aqui, são seis funcionários para 400. Nosso sistema de aquecimento é todo importado”, diz o diretor.

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