10 fatos que unem Fred e Robinho no 10º aniversário do gol contra a Austrália na Copa

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
18/06/2016 às 16:01.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:57
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

"Tocou no meio, para o Fred. Limpou o lance, vai o Fred. Tentou a enfiada de bola. Ainda ele, abriu para Robinho. Bate para o gol, Robinho, bate para o gol, Robinho. Bateu para o gol! Na trave! Olha o gol! Gooooooooooooooool! Éééééééééééé do Brasiiiiiiiiiiiiiil".

A narração de Galvão Buenos, que rodou os grupos de Whatsapp de torcedores do Atlético durante a semana passada, é do primeiro gol de Fred pela Seleção Brasileira, contra a Austrália, na Copa do Mundo de 2006. Há exatos 10 anos, em 18 de junho de 2006, os atacantes Fred e Robinho saiam do banco para recarregar as energias do quarteto fantástico e dar números finais na vitória de 2 a 0. 

Uma década depois, a tabelinha entre Fred e Robinho volta a ser repetida no Atlético. Da mesma geração, os dois craques trilharam caminhos distintos, mas tiveram curiosidades e coincidências que uniram o destino traçado. Desde os primeiros brilhos por Santos e América que imortalizaram a dupla, passando pelo futebol europeu e Seleção Brasileira, até chegar no Galo.

Neste domingo, por exemplo, Robinho e Fred voltam à campo diante da Ponte Preta. Com a pressão por vencer no Campeonato Brasileiro, diante de uma Macaca que foi castigada pela dupla quando os dois ainda eram jovens de 20 anos. Vendidos praticamente juntos para Real Madrid e Lyon, ambos retornaram ao futebol brasileiro após não terem o sucesso pretendido no Velho Continente. Já não são mais figuras para se contar no time canarinho. Mas juntam forças para liderar o Atlético na fuga da zona de rebaixamento.Bruno Cantini/Atlético

1º) Segundos para a história
Em dezembro de 2002, Robinho pedalou para cima do lateral Rogério. Driblou o marcador e sofreu pênalti. O converteu e abriu o caminho para o primeiro título do Santos no Campeonato Brasileiro (desde 1971). Foram seis pedaladas, em quatro segundos, que marcaram para sempre a vida do driblador e da vítima.

Menos de um mês depois, já em 2003, um jovem atacante de 19 anos, que quase havia sido expulso do América, também entrou para a história por questão de segundos. Fred, pela Copa São Paulo de Futebol Júnior, marcou o gol mais rápido da história do futebol. Feito registrado no Guinnes Book. O atacante chutou a bola direto para o gol no ponta pé inicial. 3,17 segundos. Recorde que perdurou até 2009.

2º) Emerson Leão: presença importante para Robinho, ausência determinante para Fred
O técnico Emerson Leão, afastado da profissão, teve papel determinante no começo da carreira de Robinho e Fred. No Santos, Leão assumiu o comando de um time desacreditado, em 2002. Apostou na categoria de base da equipe e fez brilhar Robinho e Diego no Campeonato Brasileiro.

Leão acabou saindo do Santos dois anos depois. Foi demitido em maio de 2004. Mas não ficou muito tempo no estaleiro, como agora. Assumiu o Cruzeiro, que tinha brigado com Vanderlei Luxemburgo (Luxa foi para o Santos, em um troca-troca desintencional). Porém, a estadia de Leão na Toca da Raposa II foi relâmpaga e acabou beneficiando Fred. Depois de 13 jogos, o treinador foi demitido com o acúmulo de três derrotas seguidas.

Contratado durante a dirigência de Leão, Fred ficou preterido até o chefe ir embora. Bastou a queda do rígido comandante para que o jogador fizesse a estreia, dois jogos depois da derrota para o Corinthians, que culminou na despedida de Leão.

3º) Dois gols para cada no show de Cruzeiro 4 x 4 Santos
No sétimo jogo de Fred pelo Cruzeiro, o atual campeão nacional iria receber o líder do torneio no Mineirão. E foi um dos maiores jogos daquele Brasileirão de 2004. Oito gols, em um empate de 4 a 4 cunhado por dois protagonistas: o atacante celeste e Robinho. Cada um marcou dois gols. 

Robinho abriu o placar e ampliou para o Santos com 20 minutos de jogo. Fred descontou. O Peixe marcou mais dois e já considerava a vitória garantida. Mas Fred voltou a diminuir a desvantagem e impulsionou mais dois gols da Raposa, que chegou à igualdade faltando três minutos para acabar o jogo.

4º) Massacre contra a Ponte Preta
O adversário do Atlético neste domingo (19) já sofreu nas mãos de Robinho e Fred, no Campeonato Brasileiro de 2004. O camisa 7 santista, que seria bicampeão naquele ano, foi o primeiro a enfrentar a Macaca. Em julho, o Santos visitou os campinenses no Moisés Lucarelli. Robinho deixou a marca na goleada de 4 a 0.

Três meses depois daquele massacre, foi a vez de Fred aproveitar a fragilidade da equipe paulista. E ele foi além. Marcou o primeiro hat-trick pela Raposa no Mineirão, na goleada de 5 a 0. 

5º) Estreia de Fred na Seleção, substituindo Robinho, na despedida de Romário
A CBF resolveu fazer um jogo de despedida de Romário da Seleção Brasileira. Contra a Guatemala, no Pacaembu, o eterno camisa 11 do Brasil deu adeus ao time canarinho. Formou dupla de ataque com o jovem Robinho, já no auge pelo Santos. Vitória fácil de 3 a 0. O jogo também marcou a estreia de Fred pelo time nacional. A então promessa do Cruzeiro entrou justamente no lugar de Robinho e jogou bem a ponto de convencer Carlos Alberto Parreira a pensar em levá-lo para a Copa do Mundo na Alemanha, no ano seguinte. Fato que se concretizou.

6º) Vendidos na mesma rodada 
Em 2005, dois jogadores brasileiros eram os principais ad safra jovem. Robinho e Fred. Pelo Santos, o primeiro já havia vencido duas vezes o Campeonato Brasileiro e foi vice da Libertadores em 2003. Seria impossível ao Santos segurá-lo. O interesse do Real Madrid se concretizou em uma oferta de 24,5 milhões de euros. Era a segunda maior venda brasileira na época (perdia só para Denilson - São Paulo/Bétis).

O curioso é que Fred também foi negociado. Para aumentar ainda mais a ligação, o atacante se despediu do Cruzeiro na mesma rodada em que Robinho dava "até logo" ao Santos. Em uma quarta-feira, 24 de agosto, pela 22ª rodada, Fred atuou no 0 a 0 contra o Flamengo e fez as malas para o Lyon. Já o "pedalada" se despediu contra o Paysandu, vitória por 3 x 2, no Pará. O atacante celeste foi bem vendido. Apenas três meses mais velho que o companheiro, Fred foi jogar no futebol francês por 15,6 milhões de euros.

7º) Rivais em dois anos seguidos na Uefa Champions League
Vendidos praticamente de forma sumiltânea para o futebol europeu, Robinho e Fred se encontrariam no Velho Continente, mesmo jogando em países distintos. Nas duas primeiras Liga dos Campeões da carreira da dupla, Lyon e Real Madrid se enfrentaram na fase de grupos.

Foram quatro duelos empolgantes, com os franceses, que dominavam o cenário doméstico, levando a melhor diante dos poderosos espanhóis, com duas vitórias e dois empates. Em 2005/2006 e 2006/2007 o Lyon foi líder do grupo. No total, quatro jogos, com a participação de Fred em três partidas, com direito e um golaço de cobertura em Casillas. Já Robinho atuou em todos, sem grande destaque.

Os duelos
13/9/2005 - Lyon 3 x 0 Real Madrid - Detalhes do jogo
23/11/2005 - Real Madrid 1 x 1 Lyon - Detalhes do jogo
13/9/2006 - Lyon 2 x 0 Real Madrid - Detalhes do jogo 
21/11/2006 - Real Madrid 2 x 2 Lyon - Detalhes do jogo

Confira o golaço de Fred em 2006:


2006 (September 13) Olympique Lyonnais (France... por sp1873

8º) O gol contra a Austrália na Copa do Mundo
Há exatos 10 anos o Brasil enfrentava a Austrália pela Copa do Mundo de 2016, na Alemanha. O time de Carlos Alberto Parreira abriu o placar com Adriano. Mas não conseguiu dominar a partida e levou sufoco no segundo tempo. Para energizar o time, o treinador colocou Fred e Robinho no ataque. Perto dos 45 minutos do segundo tempo, os dois construiram a jogada do segundo gol brasileiro, que decretou a classificação para as oitavas de final. Foi o primeiro gol de Fred pela Seleção. Na comemoração, ele estava visivelmente exaltado pelo feito. Cético de que aquilo havia acontecido.

9º) Mudança de numeração no Real Madrid e no Lyon 
Passados no cobre por Santos e Cruzeiro, a dupla Robinho e Fred chegou com pompa em Real Madrid e Lyon. Nos merengues, aquele que era esperado para se tornar o melhor jogador do mundo recebeu o número de camisa condizende com tal ambição (que acabou não se concretizando): a 10. 

Já Fred, que se juntaria à uma legião de brasileiros na França vestiu a camisa 11. No Santos, Robinho era o número 7. Já Fred sempre gostou de vestir a 9. No Atlético, Robinho segue a tradição da carreira. Já o centroavante chegou tarde e o 9 está ocupado. O jogador até pensou em duplicar o número do amigo e vestir a 77. Mas, de última hora, se apegou à história e escolheu o 99.

10ª) Briga com gigantes (nike x adidas)Divulgação

Fred em comercial da Adidas para a Copa do Mundo e Robinho durante evento da Nike


Aos 18 anos, Robinho virou o dono do Brasil. Craque de um time jovem, campeão brasileiro pelo Santos pela primeira vez desde a era Pelé (contando a unificação dos títulos pela CBF). Chamado de sucessor do Rei, o atacante assinou contrato de patrocínio com a gigante Nike. Porém, este vínculo não existe mais e é motivo de uma briga judicial que se arrasta desde 2011. Robinho e Nike brigam por conta de uma renovação automática que os advogados do jogador acusam de ser ilegal.

O jogador deixou de utilizar produtos da empresa norte-americana no Atlético. Ele até chegou a usar chuteiras Nike mesmo tendo entrado em litígio com a empresa. Mas no Atlético, também por conta da participação da Dryworld na chegada do atleta, Robinho passou a pintar as chuteiras Nike de preto, para evitar a publicidade.

Fred, por sua vez, também entrou em conflito com uma gigante do ramo. A maior concorrente da Nike, Adidas, resolveu patrocinar o jogador na época do Fluminense. Aproveitando a fase do atacante na Seleção Brasileira, eles fecharam novamente um acordo de patrocínio em 2013, nas vésperas da Copa das Confederações. O contrato tinha validade de quatro anos, mas as partes entraram em rota de colisão. A empresa alemã quis rescindir o contrato amigavelmente com o jogador, após a Copa do Mundo que presenteou o Brasil com os 7 a 1 contra a Alemanha, curiosamente. 

O jogador não aceitou a quebra de contrato e a Adidas suspendeu o pagamento, alegando que Fred havia faltado à compromissos da empresa e não tinha utilizado o modelo combinado durante o Mundial. Para evitar qualquer tipo de problema maior, o camisa 9 passou a não jogar mais com chuteiras com a marca exposta. Contra o Internacional, curiosamente, ele acabou por adotar um calçado Adidas com a imagem da marca visível. Na estreia pelo Atlético, porém, o artilheiro usou chuteiras da Mizuno pintadas de preto, como costumava usar no Fluminense.

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