'A prioridade sempre será do Atlético', diz atacante Diego Tardelli em entrevista exclusiva

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
28/05/2016 às 20:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:38
 (Bruno Cantini)

(Bruno Cantini)

Em duas passagens pelo Atlético, Diego Tardelli disputou 219 jogos e fez 110 gols. Protagonista nos títulos mais importantes da história recente do clube (Libertadores, em 2013, Recopa e Copa do Brasil, em 2014), o atacante entrou para um seleto grupo de ídolos da massa alvinegra.

Há um ano e meio na China atuando pelo Shandong Luneng, o camisa 9 usa as redes sociais para se comunicar com atleticanos e demonstrar o desejo de representá-los novamente.

Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o ex-jogador da Seleção Brasileira fala sobre a vida no Oriente, avalia a ausência entre os convocados desde a Copa América do ano passado e revela quando pretende voltar ao Brasil.

Como tem sido a vida na China? Se adaptou à cultura? Como os seus filhos fazem para estudar?
O primeiro ano é normalmente o mais complicado. Acho que, por ser uma novidade, é sempre mais difícil de se adaptar ao jeito de jogar, à cultura, etc. E ainda mais para mim, que tive uma lesão, fiquei muito tempo parado e não consegui jogar em alto nível no começo. Mas o maior obstáculo, na verdade, é a língua. Tirando isso, gosto muito da minha vida na China. Tenho a oportunidade de ficar em casa com os meus filhos e com a minha esposa, assistindo seriados... Quando tem folga, viajamos e conhecemos lugares maravilhosos e países incríveis. Minha filha e meu filho estudam em uma escola norte-americana, então estão tendo a oportunidade de aprender chinês e inglês, o que, com certeza, será muito bom para a formação deles.

Você já passou por algum aperto no Oriente? Tem alguma história curiosa que te marcou?
Felizmente, o clube me deu todo o suporte necessário e não tive nenhuma dificuldade. Como saímos pouco, não tenho nenhuma história especial. Mas uma curiosidade é que, quando saímos em família, muita gente nos aborda para tirar foto, não somente comigo, por ser jogador, mas também com eles (família), principalmente porque somos alguns dos poucos ocidentais que vivem aqui na cidade, e isso desperta o interesse dos chineses.

O futebol chinês evoluiu de dois anos pra cá ou ainda é muito inferior ao brasileiro?
Com certeza, o futebol chinês vem evoluindo muito. Honestamente, acredito que ainda não esteja no nível do Brasil e das ligas europeias. Mas, quem vê de fora, tem a impressão errada de que o campeonato é fácil e que todos vão se dar bem por aqui, o que não é verdade. É um futebol que, além da técnica, exige muita força e parte física.News.cn/ Shandong

 
Você já alcançou status de ídolo por aí? Como é o relacionamento com o torcedor do Shandong?
Tenho a felicidade de ser muito respeitado aqui. Aliás, acredito que isso acontece com a maioria dos jogadores estrangeiros. A análise na China, muitas vezes, é diferente dos demais países. Se você faz um gol, é sempre o melhor para eles. Para os chineses, os estrangeiros têm que fazer a diferença e decidir todos os jogos. A minha relação com os torcedores é ótima, eles me respeitam muito, e procuro sempre dar o máximo para retribuir esse carinho e confiança.

Você nunca escondeu o carinho que sente pelo Atlético nem o desejo de retornar ao clube. Fica emocionado com o feedback da torcida, mesmo de longe?
O carinho e o respeito pelo Atlético serão para sempre. Com muito trabalho e dedicação, consegui escrever meu nome na história do clube e, por isso, os torcedores pedem tanto a minha volta. Essa identificação é muito legal, me deixa muito feliz e, obviamente, com saudade por tudo de especial que vivi no Galo.

Você é muito amigo do Junior Urso. Numa entrevista que nos deu, ele disse que você queria voltar logo para o Atlético. Podemos ver o Tardelli em BH ainda em 2016?
Além de excelente jogador, o Urso é um dos grandes amigos que tenho no futebol. Ele sempre me pede para voltar ao Atlético, para que possamos jogar juntos novamente. A gente conversava sobre isso quando ele ainda estava aqui na China. Falei que gostaria de um dia ver ele atuando pelo Galo e, felizmente, deu certo. Mas ainda não consigo te responder sobre o futuro. Tenho mais dois anos de contrato aqui no Shandong, estou feliz, e acho difícil voltar para o Brasil agora. Acredito que o mais provável seria retornar ao país em 2017 ou 2018.

Existe a possibilidade de você atuar em outro clube brasileiro? Ou a intenção é voltar para o Galo?
Obviamente, pelo carinho e respeito que tenho pelo clube, a prioridade vai ser sempre do Atlético.

Se o Cruzeiro te fizesse uma proposta, por exemplo, igualando o salário que você ganha na China, e o Atlético te oferecesse menos? Toparia ir para a Toca da Raposa?
Isso nunca vai acontecer, porque eu tenho uma história no Atlético. Assim como ninguém via a possibilidade de o Rogério Ceni ir para o Corinthians, ou de o próprio Fábio jogar no Atlético, eu respeito o clube, mas jamais defenderei o Cruzeiro.

Ficou frustrado por ter sido esquecido pelo Dunga, mesmo depois de grandes atuações com a amarelinha?
Frustração, jamais. Sempre tive uma excelente relação com o Dunga, ele sempre me prestigiou, e não é porque não venho sendo chamado que vou mudar isso. Tive minhas oportunidades, procurei aproveitar da melhor maneira possível, mas, infelizmente, não fomos bem na Copa América. Agora, cabe a mim trabalhar em dobro para ganhar uma nova chance.

Na China, você pôde conhecer melhor e se tornar amigo de Montillo e do Ricardo Goulart, ex-rivais aqui no Brasil. Vocês falam muito sobre Atlético e Cruzeiro?
Com o Ricardo Goulart eu não tenho tanto contato. Falei com ele apenas uma vez, por telefone. Com o Montillo, sim, tenho mais amizade. E, pela proximidade, estamos sempre nos falando. Às vezes brincamos quando tem clássico, mas nada além disso.

Que mensagem você gostaria de enviar aos torcedores atleticanos?
A única mensagem que posso passar é de agradecimento. Os torcedores sempre foram maravilhosos comigo. Adorava ouvir a massa atleticana gritando meu nome. Quero também dizer obrigado pelas mensagens de respeito e carinho que continuo recebendo.Rafael Ribeiro/CBF

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