(CHRISTOF STACHE)
Um forte choque de realidade abalou o futebol mundial na última semana. Tratada como “patinho feio” dos grandes centros europeus e rotulada de maneira irônica por ingleses e espanhóis como dona do “campeonato dos comuns”, por não ter tantas estrelas desfilando por seus gramados, a Alemanha mostrou que está pronta para conquistar mais uma vez o Velho Continente.
Não houve quem não se surpreendesse com a goleada, por 4 a 0, do Bayern de Munique sobre o badalado Barcelona, na terça-feira passada, na partida de ida das semifinais da Liga dos Campeões. Um dia depois, foi a vez de o Borussia Dortmund arrasar com outro gigante espanhol. Com um futebol impecável, a “Muralha Amarela” aplicou incontestáveis 4 a 1 sobre o Real Madrid e também ficou muito perto da decisão do torneio de clubes mais importante do planeta.
Amanhã, a partir das 15h45 (de Brasília), os merengues tentarão uma virada histórica diante do Borussia para evitar mais uma eliminação nas semifinais da Champions. Mas a missão não será fácil. Em 26 participações em torneios europeus, o time de Dortmund foi derrotado por três ou mais gols de diferença em apenas três ocasiões, a última delas há dez anos.
No dia seguinte, no mesmo horário, será a vez de o Barça provar que sua dinastia no futebol não está encerrada. Mas, para isso, terá de vencer por cinco gols de diferença uma equipe que chegou à decisão da Liga dos Campeões por duas vezes nos últimos três anos.
Trabalho
Apesar dos seis títulos e 14 finais de Champions, os alemães sempre sofreram com o rótulo de ter um futebol truculento, que privilegia os chutões e deixa de lado o talento. Personagem importante na última conquista europeia de uma equipe do país, pelo Bayern, em 2001, o ex-atacante brasileiro Élber credita ao trabalho sério dos clubes o atual sucesso germânico.
“Claro que os placares dos jogos da última semana surpreenderam, mas o que estamos vendo nas semifinais da Liga dos Campeões é resultado de muito trabalho, disciplina e inteligência”, defende o ex-jogador do Cruzeiro, que atuou por mais de dez anos na Alemanha.
Para Élber, o momento atual não representa necessariamente um novo ciclo hegemônico no futebol europeu. Mas é uma demonstração clara de que os clubes alemães estarão sempre brigando por títulos internacionais.
“Equipes como Barcelona e Real Madrid, por exemplo, continuarão sendo gigantes, mesmo que eventualmente passem por períodos de baixa. A principal mensagem do momento que estamos assistindo é a de que, indiscutivelmente, o futebol alemão chegou ao nível das grandes potências do planeta”, completa.