Alexandre Kalil diz que Primeira Liga sai do papel e nega atritos com Gilvan

Henrique André- Hoje em Dia
11/12/2015 às 12:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:17
 (Henrique André/Hoje em Dia)

(Henrique André/Hoje em Dia)

Alexandre Kalil está surpreso com a saída do Cruzeiro da Primeira Liga, anunciada nesta quinta-feira (10). De acordo com o Diretor-Executivo da competição, a atitude do presidente da Raposa, Gilvan de Pinho, não era esperada pelos membros, mas pode ser contornada.

Em entrevista ao Hoje em Dia e à Rádio Itatiaia, Kalil desmente que foi o responsável pela criação de uma reunião para a escolha de um novo presidente da Liga, nega qualquer problema pessoal com o mandatário celeste e explica o processo que elegeu Petraglia, cartola do Atlético-PR, como novo presidente da Sul-Minas-Rio.

Segundo o ex-presidente do Atlético, caso a decisão de Gilvan seja mantida, o Cruzeiro estará dando força para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), investigada por corrupção pelo  FBI.

"É ajudar os investigados. É ir contra quem quer mudar o futebol brasileiro. É trabalhar a favor de quem tem denúncias graves", diz o CEO da Liga.

 

Como você recebeu a saída do Cruzeiro da Primeira Liga?
Olha, fico surpreso. Quando eu fui naquela reunião no Cruzeiro, para me demitir, porque agrediram a minha família e eu não queria me meter nisso, profissionalmente, e tomar agressão da minha família, ele (Gilvan de Pinho) foi o primeiro, não me deixou sentar na sede do Cruzeiro. Ele me puxou para dizer que tínhamos um compromisso com o futebol brasileiro e que eu não poderia sair de jeito nenhum enquanto não tivesse o primeiro torneio.

Então, acho que realmente ficou um mal entendido da última reunião, pois houve um lado que trabalhou uma eleição, convocada uma semana antes, porque isso é dever e ofício da diretoria executiva. Os clubes sabiam, porque todos foram trabalhados pelo presidente do Atlético-PR. A mim ele não avisou. Este foi o verdadeiro motivo e ele (Gilvan) ficou magoado com razão; eu evitei que ele saísse e pedi que não deixasse a presidência e continuasse no cargo. Ele pode comprovar isso.

Li que o presidente do Fluminense e do Flamengo tentaram demovê-lo, mas ele não quis. Eu entendo perfeitamente, mas não tenho nada com isso. Eu nem voto. Prepararam uma eleição e ele estava despreparado. Falou que leu o edital um dia antes, mas foi mandado uma semana antes. Ele foi surpreendido com o edital.

Mas o mandato dele acaba agora no dia 31 de dezembro, estatutariamente. Era a última reunião que a gente tinha. Como foi a última. Agora devemos convocar uma de emergência. Mas é um direito do presidente do Cruzeiro. Isso aí eu não entro no mérito. Defendi lá que não tivesse, que colocasse para o ano que vem ou para 2040, porque não era da minha conta, mas eu tenho o dever por regimento e pelo estatuto da Liga de comandar e puxar isso. Só fiz o que a lei mandou. Cada clube sabe o que faz e fico triste, porque é uma coisa menor que o futebol brasileiro.

É possível que o presidente da Liga não seja presidente de clube? Petraglia pode deixar a cadeira no Atlético-PR na próxima semana.
Não é possível. O Petraglia está disputando uma eleição na segunda-feira (no Atlético-PR). Se ele perder, estatutariamente perde o cargo (na Liga).

Há tempo do presidente do Cruzeiro pensar e repensar. O cargo não é tão importante assim. Muito mais importante é ser presidente do Cruzeiro do que de uma Liga sem atuação executiva. Isso tudo pode ser revisto.

Temos que ver agora se os grandes clubes querem, porque existem outros querendo entrar. Esse negócio de entrar e sair é uma coisa que tem que se ver o prejuízo que trouxe para  todos. Mas não tenho como opinar. Não votei e não volto. Até propous que fosse suspensa, mas deveria ter sido feito pela assembleia. Não tenho autoridade para prorrogar o mandato de presidente por mais um dia.

Só estranhei porque ele disse para eu não sair porque era uma coisa maior que era o futebol brasileiro. Não pretendo ficar muito tempo. Quero colocá-la para rodar e embora. Queremos escrever um pouquinho do nome na história do futebol brasileiro.

Pretende ligar para o Gilvan?
Liguei para ele (há alguns dias) e ele foi muito gentil comigo. Estava apertado na festa dos funcionários do Cruzeiro. Vou ligar (de novo) sem problema, mas acho que a posição dele tem que ser colocada para os presidentes dos clubes. Tenho certeza que se eu trouxé-lo de volta para a Liga, terei o apoio de todo mundo. Mas não tenho autoridade para isso. Estou num cargo muito confortável. Não tem briga política comigo. Tem que cumprir o estatuto, porque sou o responsável. A Liga é uma entidade comercial, que tem responsabilidade comercial, de lei. Ela é privada e tem CNPJ. Tem sede e conta e banco.

Esta falta de costuma de seguir ritos é um problema.Vejo com tristeza, porque foi o cara que um mês atrás eu tinha que relevar a agressão a meu filho, que era por uma causa maior no futebol brasileiro. Poderia ter sido colocado aquilo na hora, que seria resolvido com todos sentados na mesa.

Qual o tamanho da perda da Liga com a saída do Cruzeiro?
É dar força para quem está enquadrado pelo FBI como quadrilha. É ajudar os investigados. É ir contra quem quer mudar o futebol brasileiro. É trabalhar a favor de quem tem denúncias graves.

A Liga sai?
Acho que sai. Ela está pronta. Está sendo viabilizada comercialmente. Temos propostas, estamos estudando e temos que ver o que vai acontecer. O motivo da saída foi falado aqui, agora se ele tem razão ou não é um problema íntimo. Não existe cargo mais importante do que ser presidente de um clube. Ser presidente de Liga é uma porcaria, não vale nada. Na minha opinião. O presidente da Liga não tem nem função.

Um membro da Liga, ligado ao Coritiba, disse que houve a criação de uma votação para presidente na hora. Procede?
A desinformação é um negócio de louco. Eu não criei nada, cheguei lá com a pauta pronta. Era a última eleição. Um grupo falou que teria que ter eleição e estava se articulando. Nem lá o presidente do Coritiba estava. Ninguém pediu voto para mim, porque eu não voto. Eu tenho a convocação para mostrar. Não é fantasma. Foi mandada por e-mail. Como tudo na Liga.

A legaldiade é comigo mesmo. Fiquei seis anos no Atlético e não tem ato ilegal meu. Sou o pai da legalidade.

Gilvan foi destituído ou o cargo foi dividido com Petraglia?
Não deixei o Gilvan sair. Pedi a palavra. Eu fiz. Para que tirar um e deixar o outro se os dois querem ficar? O presidente do Atlético-PR não se importou. O Gilvan já tinha retirado a candidatura. Ele me disse que ia sair da Liga naquele momento e conversamos. A maioria queria a eleição. Quem não quis foi voto vencido.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por