Amigos há quase dez anos, Alisson e Elber curtem melhor fase no Cruzeiro

Cristiano Martins e Clarissa Carvalhaes
csmartins@hojeemdia.com.br / ccarvalhaes@hojeemdia.com.br
13/04/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:55
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Três anos já haviam se passado desde as últimas partidas juntos pelo Cruzeiro. Emprestados a outros clubes entre 2013 e 2015, os meias Alisson e Elber voltariam a vestir o mesmo uniforme em janeiro. O primeiro abraço, no entanto, aconteceu bem longe da Toca da Raposa II, em Orlando (Estados Unidos), durante as férias.

 O encontro, desta vez, foi só uma coincidência. Mas transcorreu no mesmo clima das antigas folgas em Rio Pomba, cidade natal do mais novo. Afinal, já são quase dez temporadas de amizade dentro e fora dos gramados. Agora, esse entrosamento é a principal arma do técnico Deivid para a reta final do Campeonato Mineiro. O time azul inicia as semifinais contra o América neste sábado, às 16h20, no Independência.

+ VÍDEO: Elber e Alisson lembram trajetória no Cruzeiro

 Formados nas categorias de base do clube, os dois já somam 6 gols e 4 assistências na temporada e admitem jamais ter vivido, simultaneamente, um momento tão feliz na equipe. A descontração, inclusive, dá o tom da entrevista exclusiva concedida ao Hoje em Dia no Centro de Treinamento.

 “Estávamos subindo ali para vir encontrar vocês, e o Alisson já falou: ‘vê se não vai gaguejar, hein?’. Ele é chato demais. Mas dentro de campo, não tem nenhum defeito”, brinca Elber, arrancando risadas do colega.

 “Ele gosta de encher muito a paciência, gosta de zoar demais (risos). Mas é um grande parceiro, um cara em que eu confio muito e posso contar para o resto da vida. E, como jogador, é um craque, muito inteligente”, responde Alisson.

 Trajetória na Toca da Raposa

 Hoje "xodós" da torcida, os dois viveram altos e baixos na base, desde 2007, antes de chegar ao time principal. O primeiro grande título foi o do Campeonato Brasileiro Sub-20, em 2010. Mas o troféu, por muito pouco, não ficou com o Palmeiras, como lembra Alisson.

 “Eu tinha subido naquele ano para o time júnior. O Élber já era titular, era o nosso 10, o cara que decidia os jogos para a gente. Eu errei um pênalti na final, e quase que a gente perde o título (risos)”, conta o atual camisa 11.

 “Ele era um ano mais novo, tinha acabado de subir do juvenil. Poucos jogadores tiveram essa oportunidade, porque era uma equipe muito forte (tinha ainda Lucas Silva e Mayke, por exemplo). Isso mostra, desde aquela época, a qualidade dele”, ameniza o 23.

  

Ao contrário das intrigas, de alguns que tentam colocar a gente um contra o outro, por sermos da mesma posição, nós sempre procuramos nos ajudar"

Devido à diferença de idade, os dois voltaram a jogar juntos em 2012. E, no ano seguinte, repetiram a conquista em nível nacional, desta vez pelo time profissional. Agora, sob o comando de Deivid, eles têm se firmado a cada partida como protagonistas do ataque cruzeirense.

 "Sempre jogamos bem na maioria dos campeonatos e passamos por bons momentos (na base), mas essa coincidência da boa fase no Cruzeiro é pela primeira vez. Nós somos muito amigos fora do clube, nossas famílias convivem, e isso também é importante para o resultado no campo", acredita Elber.

 “Ao contrário das intrigas, de alguns que tentam colocar a gente um contra o outro (imprensa) por sermos da mesma posição, sempre procuramos nos ajudar", garante Alisson. "Independentemente de quem estiver jogando, sempre torcemos um pelo outro. Se um estiver feliz, o outro também vai estar. Podem ter certeza”, acrescenta Elber.Editoria de Arte

  

Empréstimos e volta ao clube

 Passado o receio natural de estarem fora dos planos do Cruzeiro, as recentes passagens por Vasco, Coritiba e Sport, por empréstimo, serviram para aumentar a maturidade e a confiança da dupla de armadores. Alisson teve papel importante na conquista do bicampeonato celeste em 2014, e Elber vem de um bom Brasileirão pelo Leão no ano passado.

 “Foi um susto (ida para o Vasco), porque vivi muito tempo no Cruzeiro, tinha me adaptado à cidade e feito amizades aqui, foi onde cresci e amadureci. Depois, conversei com calma com a minha esposa e a minha família. Com o tempo, percebi que aquilo foi o melhor, porque, se acontecer de novo (saída), minha cabeça precisa estar tranquila”, diz o camisa 11, titular da Raposa desde o ano passado.

 Para Elber, o período longe da Toca foi maior, assim como a espera por uma nova chance no time após o retorno a Minas Gerais. “O empréstimo foi um baque na época. Toda mudança como essa é bastante difícil. Mas também agradeço ao Coritiba e a Sport, porque foi uma experiência muito importante, pelo amadurecimento, tanto em campo, como fora”, avalia o camisa 23.

 Apesar de algumas boas atuações saindo do banco, a reestreia como titular aconteceu só em março, na vitória sobre o Atlético-PR, por 2 a 1, com a Raposa já eliminada da Copa Sul-Minas-Rio, quando Deivid escalou uma formação reserva.

 A primeira grande oportunidade surgiu justamente no clássico contra o Atlético ,valendo a liderança do Estadual. Sem Alisson e Arrascaeta, convocados, coube a ele comandar a criação da equipe na vitória por 1 a 0. A atuação no Independência rendeu elogios do técnico e a permanência no time.

 Provocações e rivalidade no basquete

 Durante as folgas, a parceria vitoriosa em campo dá lugar à rivalidade diante do videogame. É quando os “baixinhos” de 1,74 m e 1,70 m, respectivamente, deixam o futebol de lado para disputar cestas e enterradas em partidas de basquete.

 “Quando é futebol, o Alisson ganha. Mas estou levando ele para esse mundo do basquete. Eu gosto, acompanho o esporte, e nós até já fomos ver alguns jogos, quando viajamos para os Estados Unidos”, revela o “viciado”, como é classificado pelo colega.

 Como em toda boa amizade, os dois também não deixam de trocar provocações, em meio a muitas risadas. Chamado também de “bagunceiro”, Elber não deixa barato. “O Alisson é elétrico! Esse cara não fica quieto! Você fala uma coisa, e ele já está com a cabeça em outra”, revela.

 Sobre os apelidos, ele prefere manter o sigilo. “Tem até uns aí, mas são uns nomes meio ruins, não é bom falar não”, conclui, aos risos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por