Amor, esperança e o nome Bernard: o 'Eu Acredito' na vida de um casal de atleticanos

Henrique André
hcarmo@hojeemdia.com.br
21/03/2018 às 16:53.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:58
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Constituir família sempre foi o sonho do casal Marcelo e Andrea Alves. Atleticanos e moradores do bairro Califórnia, onde será construída a Arena do Galo, eles se conheceram no extinto Orkut e não tinham noção de que o "Eu Acredito", que marcou era nas arquibancadas, os acompanharia tanto.

Casados desde 2010, hoje eles aguardam ansiosamente pela chegada dos filhos gêmeos, que estarão em casa pela primeira vez neste fim de semana, coincidentemente, no aniversário de 110 anos do alvinegro - comemorado no domingo (25). Mas a história vai muito além disso.

Foram cinco tentativas mal sucedidas de ter filhos biológicos - três faleceram durante a gestação. Os outros dois, batizados de Bernard e Luan (nomes escolhidos em homenagem a dois dos protagonistas da conquista da Libertadores), nasceram prematuros e, com complicações, morreram quatro dias após o parto, em 2014 e 2015, respectivamente.

"O Luan é um guerreiro, assim como nosso filho, que lutou até o último minuto para estar com a gente. Já o Bernard, o "Bambino de Ouro", foi importante naquele título e é um nome que achamos bonito", conta Marcelo.

 Diante desta situação, que colocava em risco a vida de Andrea, de 38 anos, o casal seguiu sonhando em ver a casa cheia e resolveu entrar na fila de adoção. Um processo que começou em agosto de 2015. 

"O famoso ‘eu acredito’ do Galo fez e vai fazer parte das nossas vidas sempre. Por mais que a gente sofra, a recompensa vem. Essa é a vida do atleticano",  comenta o supervisor de sites, de 35. 

Alegria e esperança

Depois de dois anos e meio de espera, Marcelo e Andrea finalmente reacenderam o sonho de ter os herdeiros. Além disso, tiveram uma grande surpresa, que se transformou em lágrimas de felicidade, ao conhecer a história das crianças.

"Queríamos crianças de 2 até 6 anos. Uma menina, na verdade. Porém, deixamos claro que, se ela tivesse um irmão ou uma irmã, aceitaríamos os dois. A Vara (da Infância e Juventude) nos ligou depois de 2 anos e alguns meses, informando que era para comparecermos para ouvir a história de um casal de gêmeos. Escutamos tudo e, ansiosos, imploramos para vê-los no mesmo dia. Fomos liberados", conta o pai.

"Na hora que a psicóloga e a assistente social falaram os nomes dos dois, um olhou para o outro. Tomamos um susto quando soubemos que o menino também se chamava Bernard. Foi um susto muito grande, com uma mescla de alegria, de agradecimento e gratidão. Deus estava colocando as crianças certas no nosso caminho. Perdi um Bernard e agora vem um outro para a nossa vida", acrescenta, emocionado.Arquivo Pessoal 

Marcelo guarda com ansiedade o primeiro presente que dará a Bernard e Bianca

Adaptação

Pela idade das crianças (5 anos), Marcelo e Andrea ainda precisarão passar por um processo de adaptação com os dois. Com isso, visitas diárias ao abrigo que se encontram são necessárias e, só após um período, que conta com a aprovação dos gêmeos, poderão, de fato, levá-los em definitivo para casa.

Apesar de ainda terem um longo caminho até poderem registrar os gêmeos com os respectivos sobrenomes, Marcelo e Andrea já sentem o gostinho de poder amá-los. Já o "Eu Acredito", que os acompanha antes mesmo de ser usado pelos atleticanos, parece ter se transformado num mantra da casa.

"Sofremos muito, choramos muito, chegamos a perder a fé, mas conseguimos retomá-la. A recompensa já chegou com Bianca e Bernard", finaliza o ansioso papai.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por