Aos 21 anos, destaque do Minas sonha com Olimpíada após primeira convocação

Cristiano Martins
csmartins@hojeemdia.com.br
08/04/2016 às 23:39.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52
 (Orlando Bento/Divulgação)

(Orlando Bento/Divulgação)

Quando chegou ao Minas, em 2014, a tímida Naiane não esperava sequer ser titular do time na Superliga. Apenas duas temporadas depois, ainda aos 21 anos, a levantadora desembarca nesta segunda-feira (11) no Rio de Janeiro para se apresentar ao técnico da Seleção Brasileira, José Roberto Guimarães. Mas a confiança e a ambição, agora, são bem maiores. Mesmo correndo por fora, a caçulinha da convocação sonha integrar a lista final das 12 jogadoras que representarão o país bicampeão olímpico nos Jogos Rio-2016.

Destaque nas categorias de base da equipe nacional, a jovem natural de Belém (PA) já tem no currículo o ouro no Mundial Sub-23 e nos Sul-Americanos Sub-20 e Sub-18 – estes dois últimos com o prêmio individual de melhor levantadora. A experiência com a amarelinha, contudo, não aplacou a ansiedade pela primeira chamada para a Seleção adulta, na semana passada.

"Quando saiu a convocação, eu estava no Minas, malhando. Fui para a academia tentar extravasar um pouco, porque estava nervosa, não vou mentir (risos). Não estava tranquila, mas esperei sair a lista oficial mesmo. A sensação foi a melhor possível. Meu pai me ligou na hora, minha família começou a mandar mensagem, e tudo isso me deixou mais feliz ainda”, conta a minastenista (leia a entrevista abaixo).

Promovida a titular ainda em 2014 pelo então técnico Marco Queiroga, com quem já havia trabalhado na base, Naiane se destacou novamente na Superliga Feminina 2015/16, ajudando a reconduzir o Minas às semifinais da competição, desta vez sob o comando de Paulo Coco, assistente e braço-direito de Guimarães.

Agora, ela terá dois amistosos em maio, além do Grand Prix, entre junho e julho, para mostrar a mesma maturidade na Seleção principal. No quadro atual, a minastenista é a quarta opção, atrás de Dani Lins, de 31 anos (Osasco), Fabíola, 33 (sem clube) e Roberta, 25 (Rio de Janeiro).

A grande dúvida é em relação à suplente imediata, que está grávida e dará à luz em maio. “A novidade é realmente a Naiane. A gente reza para que tudo ocorra bem com a Fabíola, mas ficar só com a Roberta na reserva da Dani é arriscado”, havia justificado o técnico durante a convocação.

Para a jovem minastenista, a chance de estar na Rio-2016 é real. “A possibilidade existe, ainda mais com essa situação da Fabíola. Preciso estar preparada para tudo. Vou estar lá, e acho que esse é o meu momento de crescer dentro da Seleção. Vou dar o meu melhor, e aí o tempo irá dizer”, ameniza a jogadora, ainda sem contrato assinado para a próxima temporada.

 Apoio da família, rivalidade superada e ascensão meteórica

Incentivada pelo pai, ex-jogador amador de vôlei, “Nane” começou no esporte ainda aos 6 anos de idade, em Belém. Destaque nas categorias infantis, foi disputada por todos os clubes da capital paraense e superou a torcida pelo Papão da Curuzu para defender as cores do arquirrival Remo e da Tuna Luso.

"O nosso time do coração no futebol, de toda a família, é o Paysandu. Mas não teve problema nenhum em ela vestir a camisa do Remo, porque o nosso coração é Paysandu, mas a nossa torcida é toda para ela", afirma a mãe da jogadora, Márcia Otero.

Com presença constante nas seleções estadual e nacional de base, Naiane deixou o Pará em 2010, aos 16, para iniciar a carreira profissional no Macaé-RJ. Na temporada 2011/12, foi contratada pelo Pinheiros-SP, onde ficou na reserva por três anos, antes de brilhar pelo Minas na Superliga.

“Ela é uma menina calma, reservada e tímida, mas com bastante personalidade”, resume Márcia. "Viver longe é difícil, mas respeito e apoio cada decisão nesse sentido, porque sei do potencial dela", declara a orgulhosa mãe.CBV/Divulgação

SELEÇÕES DE BASE - Currículo tem ouros no Mundial Sub-23 e nos Sul-Americanos Sub-20 e Sub-18

 ENTREVISTA COM NAIANE, 21, LEVANTADORA DO MINAS E DA SELEÇÃO

Quando se deu conta de que poderia seguir essa carreira e ter sucesso como profissional?

"Eu comecei muito nova no vôlei, com 6 anos. Até ser convocada para a seleção (de base) pela primeira vez, eu levava isso mais como um esporte, uma brincadeira mesmo. Em 2010 foi que eu realmente comecei a perceber que era isso que eu queria para a minha vida e que as coisas poderiam, sim, dar muito certo. Eu tinha uns 15 anos, eu acho, quando rolou a minha primeira convocação".

Em uma de suas primeiras entrevistas no Minas, você disse que nem esperava ser titular. Agora, apenas na segunda temporada, termina como um dos destaques da Superliga e, mais ainda, como jogadora de Seleção. Como explica essa evolução rápida?

"Acho que o fato de ter me tornado a levantadora titular do time foi uma coisa bem natural. O grupo todo sempre me ajudou muito desde a minha primeira temporada no Minas. Todas as meninas me ajudaram bastante, e os técnicos também. Deve-se muito a isso, pois sempre confiaram em mim. A oportunidade surgiu, eu acho que consegui agarrar, e espero continuar mantendo essa regularidade".

Te surpreendeu a convocação para a Seleção principal em tão pouco tempo? Onde você estava quando recebeu a notícia, e qual foi a sua reação?

"Me surpreendeu, sim. Por mais que algumas pessoas chegassem para mim e já dessem certeza disso, eu preferi não criar expectativa. Quando saiu, eu estava no Minas, estava malhando. Era de manhã, na segunda-feira, e eu fui para a academia extravasar um pouco, porque eu estava um pouco nervosa, não vou mentir (risos). Não estava tranquila, mas esperei sair a convocação oficial mesmo. A sensação foi a melhor possível. Meu pai me ligou na hora, minha família começou a mandar mensagens, e tudo isso me deixou mais feliz ainda. Foi muito bacana mesmo".

Com o número limitado de jogadoras inscritas, quais são as possibilidades reais de estar na lista da Rio-2016? Acha que pode aumentar as suas chances nesse período com o José Roberto Guimarães?

"A possibilidade existe, sim, ainda mais com essa situação da Fabíola, por estar grávida e tudo mais. Mas acho que preciso estar preparada para tudo. Vou estar lá, e acho que esse é o meu momento de crescer dentro da Seleção. Vou dar o meu melhor ali enquanto eu estiver lá, e isso aí só o tempo irá dizer".

Você já jogou com algumas atletas de Seleção no Minas. Ainda dá uma de "tiete" com algumas jogadoras mais experientes que admira em especial?

"Tem muitas jogadoras que eu admiro. Uma delas é a Carol Gattaz, que é minha companheira de clube. É uma pessoa sensacional dentro e fora de quadra, que me ajuda muito. A Jaque (Sesi) também, no ano que eu joguei com ela no Minas, foi uma pessoa sensacional comigo, fundamental no meu crescimento durante a temporada. E, enquanto levantadora, com certeza a Fofão e a Fernanda Venturini. Fiz questão de tirar foto com elas quando as conheci, porque realmente são lendárias dentro do mundo do vôlei e eu as admiro demais".

Você fica no Minas para a próxima temporada?

"As conversas estão adiantadas. Faltam alguns detalhes".

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