'Apelões' da Rio 2016: relembre quem perdeu a postura e o espírito olímpico durante os Jogos

Clarissa Carvalhaes
esportes@hojeemdia.com.br
25/08/2016 às 18:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:33
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Hope Solo: entre zika e covardes 

A goleira norte-americana Hope Solo conseguiu fazer feio antes mesmo dos Jogos começarem (ao polemizar sobre a zika no Brasil) e logo após a Seleção feminina de futebol dos EUA ser eliminada pela Suécia nas quartas de final. Na ocasião, a atleta disse que o time estadunidense tinha feito um belo jogo, ao contrário das oponentes.

"Acho que nós fizemos um jogo corajoso, mas jogamos contra um bando de covardes. O melhor time não ganhou hoje". Por causa desse depoimento, a direção da U.S. Soccer anunicou nesta quinta-feira (25) que a jogadora ficará suspensa por seis meses.

"O comentário da Hope Solo após o jogo contra a Suécia na Rio-2016 é inaceitável e não está de acordo com os padrões de conduta requeridos para as jogadoras da nossa seleção. Levando em consideração os incidentes recentes envolvendo a Hope, assim como as conversas privadas que tivemos, exigindo que ela tivesse uma conduta apropriada para um membro da seleção, a U.S. Soccer determina que essa é a ação disciplinar apropriada", disse o presidente da U.S.Soccer, Sunil Gulat. Hope só poderá voltar a atuar pela seleção em fevereiro de 2017AFP/Johannes EISELE / N/A

Renaud Lavillenie: apelou e perdeu

Favorito absoluto ao bi, francês Renaud Lavillenie foi surpreendido pelo brasileiro Thiago Braz e terminou com a prata no salto com vara masculino.

A derrota, e a forma como ela aconteceu, irritaram o francês, que saiu reclamando da torcida e comparou o público aos alemães nazistas que vaiaram Jesse Owens, um negro americano, na Olimpíada de 1936, em Berlim. No pódio, o atleta foi novamente vaiado e chorou. Comovido, Thiago pediu ao público que respeitasse o francês.

Nesta quinta (25), Lavillenie voltou a competir e terminou a disputa da etapa da Diamond League na Suíça na segunda colocação. Aliás, ele saltou menos do que no Rio, ficando em 5,72m. Dessa vez, no entanto, não pode culpar as vaias pelo desempenho ruim.

Nacif Elias: judoca perde e se recusa a deixar o tatameAFP/JACK GUEZ / N/A

Nascido no Brasil mas naturalizado libanês para competir no judô pelo país asiático, Nacif Elias foi um dos protagonistas de uma manhã olímpica nem tanto pelo seu combate com o argentino Emmanuel Lucenti, mas sim por sua reação temperamental ao ser eliminado pela arbitragem por um golpe ilegal.

Com uma punição para cada lado e o combate empatado, Nacif Elias, a pouco mais de um minuto e meio de combate, tentou aplicar um golpe no braço de Lucenti, que caiu acusando dores. A arbitragem entendeu que ação do libanês foi proposital para machucar o adversário e, por isso, o desclassificou.

Revoltado com a decisão dos juízes, Nacif simplesmente se recusou a deixar o tatame, esbravejando contra todos a seu redor e pedindo o apoio da torcida, que tomou as dores do brasileiro naturalizado. Somente quando um dirigente da Federação Internacional de Judô apareceu, ele tirou a faixa e, ainda bastante irritado, saiu de cena.

"Sou sempre prejudicado no circuito mundial por competir pelo Líbano", disparou em entrevista ao SporTV após a derrota. "Esperei muito. Mas a arbitragem internacional é uma vergonha, sempre me prejudica. Treinei muito para estar aqui, abdiquei da minha vida. Agora, ele (Lucenti) vem lutar na catimba... É por causa do Líbano. É uma vergonha. Talvez tome suspensão de dois anos por isso, mas agradeço o apoio de todo mundo. Agradeço ao brasileiro."

Cerca de meia hora depois, o libanês voltou ao tatame. Não para lutar, mas para fazer os cumprimentos obrigatórios e se desculpar com a arbitragem. Voltou a ser ovacionado. E dessa vez, foi mais contido nas reclamações.

Bruno Fratus: tristeza e patadas

O nadador de 27 anos, Bruno Fratus protagonizou um dos momentos pós-competição que mais repercutiram na Rio-2016.

O nadador tinha acabado de obter a 6ª posição nos 50 m livre, prova em que era cotado ao pódio.

Quando saiu da piscina, o atleta foi questionado por uma repórter do Sportv se estava chateado. "Não, eu estou felizão, né? Pô fiquei em sexto...", respondeu. Mais tarde, o atleta voltou à área de competições do Estádio Aquático Olímpico para se desculpar. 

Mongólia: sem medalha e sem roupa

Dois técnicos da Mongólia invadiram a área de combate e tiraram a roupa para demonstrar a indignação com a derrota do atleta do país, Mandakhnaran Ganzorig, na disputa pela medalha de bronze na categoria 65kg. Os árbitros deram um ponto a Ilkhativor Navruzov, do Uzbequistão, por falta de combatividade do adversário.

Um dos treinadores tentou inicialmente reclamar com o árbitro e depois tirou a camisa. Quando as atenções se voltaram para ele, o outro apareceu ao lado, tirou a camisa, a calça e ficou de cueca, ajoelhado.Toshifumi Kitamura/AFP / N/A

Ganzorig, da Mongólia, vencia por 7 a 6 faltando cinco segundos para o término da luta. Confiante de que a medalha estava assegurada, começou a comemorar levantando os braços e tentando fugir do oponente.

A luta acabou e os técnicos do atleta uzbeque protestaram por falta de combatividade. A revisão foi acatada e o duelo ficou empatado em 7 a 7. E o primeiro critério de desempate na luta olímpica garante a vitória ao último que tiver pontuado. Por isso toda a confusão.

Brasil X Cuba: luta no ringue e bate-boca fora dele

Após perder para o brasileiro Robson Conceição, o cubano Lázaro Jorge Álvarez e sua comissão se desentenderam com os oponentes e trocaram ofensas. "Eu fui cumprimentá-lo e ele me ignorou", disse o boxeador brasileiro. "Mas ele é muito marrento, ao contrário dos outros, e teve o que merecia".

Álvarez, ao passar pelos jornalistas gritou em protesto contra a pontuação dos juízes. Os apelos ecoaram entre repórteres cubanos, também inconformados com o resultado.

Robert Bauer: derrota amarga após 7 a 1Reprodução/Instagram / N/A

Na derrota para a Seleção na final olímpica do futebol, o volante alemão Robert Bauer não perdeu tempo e, com as mãos, fez uma referência ao 7 a 1.

A provocação não pegou bem com a torcida brasileira e, pouco tempo depois o jogador do Ingolstadt vestiu a camisa da Seleção e se retratou com uma mensagem no Instagram.

"Durante o jogo eu agi de forma emocional. Se eu tiver ofendido alguém com essa ação, peço mil desculpas. Foi um prazer enorme poder jogar futebol nesse país tão receptivo e com um povo tão alegre. Parabenizo todo povo brasileiro pela medalha de ouro", postou em mensagem escrita em português.

Neymar: autocontrole zero

O atacante Neymar perdeu o controle após ganhar a inédita medalha de ouro olímpica para o futebol brasileiro e discutiu com torcedores no Maracanã (assista o vídeo abaixo). Nele, o atacante bate-boca com a torcida e é contido por segurança.

Segundo o ESPN.com.br o destempero do camisa 10 se deu com torcedores brasileiros que estavam com a bandeira da Alemanha.

No relato ao canal, uma fonte não identificada disse que o pessoal que estava com a bandeira da Alemanha teria xingado o atleta durante toda a partida.

"Filho da p..., viado, e por aí vai. O jogo inteiro. Não só ele como outros atletas brasileiros", explicou a fonte da emissora.

Neymar xingando muito o torcedor e tendo que ser contido. Calma Neymar, você não fez mais que a sua obrigação. pic.twitter.com/P2i5a21eZB— Ricardo (@ricardoagalvao) 21 de agosto de 2016
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